Capítulo 5 - Uma amizade perdida e um amor iniciado

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Yusuke entrou apressado pelas portas que ocultavam a entrada da boate nas sombras da rua. Apesar de ir até aquele lugar todas as noites já há muito tempo, sempre era pego de surpresa pela escuridão interior do lugar que o cegava momentaneamente, antes de conseguir se acostumar e voltar a enxergar o que crescia a sua volta.

Subiu as escadas em espiral que levava ao outro andar, pulando alguns degraus para chegar mais rápido. Mal colocou o pé no andar, sentiu um corpo se atirar em seus braços e ele retribuiu o abraço passando os braços pela cintura esguia que se colava ao seu peito com a mesma intensidade que os braços que envolviam o seu pescoço com carinho.

– Por que foi que você não me esperou hoje para nós dois virmos juntos pra cá, dona Marina? – o rapaz sussurrou no ouvido da loira num tom de voz ligeiramente magoado, mordeu o lóbulo da orelha dela em seguida e a garota gemeu, se apertando mais contra ele.

– Desculpe – ela disse chorosa e puxou o moreno pelo braço para se sentarem em seu sofá habitual.

A hostess retirou o paletó do namorado e abriu-lhe dois dos botões de sua camisa lentamente, como que para aproveitar o momento de contato. O moreno se sentou no sofá meio virado de lado para que ela pudesse se aconchegar em seus braços, debruçada sobre seu peito. Marina ficou brincando com os dedos das mãos dele fechados em seu ventre enquanto Yusuke afundava o rosto nos cheirosos fios dourados e ondulados dela.

– A Selina que te pediu pra chegar mais cedo de novo? – ele perguntou depois de um longo tempo de silêncio em que os dois ficaram apenas desfrutando da companhia e do calor um do outro. A garota sacudiu a cabeça negativamente ainda em silêncio e virou o rosto lentamente para encará-lo.

– Vim falar com a Mari-chan... – ela respondeu num sussurro doce e entristecido, assentindo ao que dissera com a cabeça minimamente. – Ela conheceu a mãe do Aki hoje, sabia? – a loira contou e o moreno fechou os olhos e gemeu.

– Ai... Ele tinha me dito alguma coisa sobre isso. E como foi? – ele perguntou preocupado. Ele conhecia bem a mãe do amigo, sabia que ela nunca fora uma pessoa fácil de lidar e, depois do acidente de carro que o pai dele sofrera no ano anterior, ela se tornara ainda mais amarga e incompreensível.

– Foi péssimo! – ela escondeu o rosto no peito dele, lamentando-se. – Nunca tinha visto Marissa com uma cara tão triste. Estava completamente arrasada. Disse que a mulher falou coisas horrorosas a respeito dela. Como alguém pode encontrar alguma coisa ruim nela? Qualquer um pode dizer que não há ninguém melhor no mundo!

– Eu sei... Eu sei... – ele confortou-a afagando seus cabelos e olhou de esguelha para o balcão onde estava a hostess preparadora de bebidas maravilhosas. Ela parecia um pouco melhor agora, não estava com uma expressão tão devastada quanto poderia estar no relato de Marina. Mas o moreno ia naquele lugar há tempo demais pra saber que todas aquelas garotas sabiam esconder bem seus sentimentos.

– Não imagina o que ela me disse – a loira ergueu o rosto para o namorado e disse num tom de voz baixo como quem confidencia um segredo muito obscuro. Yusuke aproximou o rosto para poder escutá–la melhor. – Disse que acha que a mãe do Aki pode estar certa, que talvez eles não devessem mesmo estar juntos. Que ela não é boa o bastante pra estar com ele. Eu não vou aguentar outro dos nossos amigos acreditando numa coisa dessas, Yusu–chan!

– Tem visto a Mila? – ele perguntou pegando a deixa do assunto. A garota assentiu. – Como ela está lidando com a... Separação? – ele diminuiu o volume da voz como se fosse alguma palavra proibida.

A Casa das Hostesses SOLIDÃO [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now