Capítulo 3

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Capítulo 3

Novembro de 2011

Eduarda

O dia estava frio e meio nublado, o sol da primavera tinha se escondido esta manhã. Talvez fosse um sinal de mau presságio. Salas de espera em hospitais sempre me deram nos nervos. Quando a doutora Moreno havia me ligado alguns dias atrás, avisando que meus exames já estavam prontos, marquei rapidamente a consulta, a doutora me acompanhava desde que descobri que estava grávida da Isa, ela era uma excelente médica. Em nossa última consulta ela havia solicitado uma bateria completa de exames, há algumas semanas não vinha me sentindo muito bem, tinha dificuldade para respirar, me cansava com facilidade, constantemente com febre e perdendo peso com uma rapidez assustadora. Demorei mais do que deveria para procurá-la, só que ser mãe, esposa, dona de casa e ainda trabalhar fora ocupa muito meu tempo, apenas alguns dias atrás consegui respirar um pouco para vir procurar minha médica.

— Senhora Bianucci! — Desperto dos meus pensamentos, ao ouvir meu nome.

— Sou eu! — Falo ficando de pé.

— Por favor, me acompanhe, a doutora Moreno irá atendê-la. – Sigo a recepcionista pelo corredor até a sala da doutora, ela bate e abre aporta para que eu entre. Agradeço por sua gentileza, ela sorri e tranca a porta. Assim que me viro, dou de cara com um olhar atento da minha médica. Nunca perguntei sua idade, mas acreditava que ela tinha por volta de 40 a 50 anos.

— Como vai, Eduarda? — Pergunta já de pé vindo em minha direção para me cumprimentar.

— Bem, na medida do possível. Esta semana tive uns enjoos e a febre voltou mais forte também. — ela assente, contorna sua mesa e se senta de frente para mim, e pede para que eu me acomode. — A senhora já sabe o que eu tenho, doutora? Já viu meus exames? — pergunto assim que me sento na cadeira.

— Avaliei seus exames, mas antes de explicar qualquer coisa, temos que esperar uma pessoa chegar, um colega médico que trabalha aqui.

— Outro médico? Mas por quê? Não estou entendendo... — antes que pudesse perguntar mais alguma coisa, somos interrompidas pela batida da porta.

— Pode entrar!

— Com licença, Patrícia, desculpe a demora, tive que finalizar o último atendimento antes de vir — um homem de aproximadamente 30 ou 40 anos fala ao entrar, provavelmente era ele o médico que a doutora estava esperando. — Bom dia, senhora Bianucci! — Me cumprimenta.

— Bom dia, doutor! — Volto a encarar minha médica sem conseguir entender o que estava acontecendo e começando a ficar assustada.

— Não tem problema, Gabriel, Eduarda acabou de entrar em minha sala.

— Doutora, a senhora poderia me esclarecer o que está acontecendo? Estou começando a imaginar coisas! — Enquanto questiono minha médica, o doutor Gabriel pega uma cadeira e se acomoda ao lado da doutora Moreno.

— Esse é o doutor Gabriel Wagner, ele é oncologista. Vamos esclarecer tudo...

— Como assim oncologista? — falo antes que ela pudesse continuar.

— Senhora Bianucci...

— Doutor, o senhor poderia me chamar de Eduarda ou Duda, já estou ansiosa o bastante, toda essa formalidade me deixa ainda mais tensa.

— Claro. Eduarda, como ia dizendo a doutora Patrícia me procurou há alguns dias para que eu avaliasse seus exames... — mais uma vez o interrompo.

— E para que exatamente o senhor teria que avaliar meus exames? — Queria que eles fossem mais objetivos e que não divagassem tanto para me contar o que diabos tinha de errado comigo.

Perdas e Ganhos (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora