Don't Go.

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  — Você não pode me obrigar a ficar com um cara — falei.

  Eu estava novamente na balada com Jasmim. Eu nunca saio com ela para festa em três dias consecutivos, mas parece que agora ela me domina, é impossível dizer não a ela. Sempre que me chama para algum lugar ou me pede alguma coisa, sai automaticamente da minha boca, "sim". Sinto vontade de estar com ela, não importa onde for, o tempo todo. Gosto de observá-la desenhar o delineador e pintar sua boca. Sempre que me pega encarando-a, pergunta, "o que foi?" e eu já devo ter ouvido isso umas mil vezes. Queria reponder, "o que foi que estou apaixonada".

  — Charl, você não beija ninguém — riu. — Você precisa se divertir.

  — Não quero beijar ninguém. Minha boca e eu estamos bem. Obrigada.

  — Hoje a noite você vai ficar com um garoto. Por favor, por favor — implorou.

  O jeito que ela estava me jogando para outros garotos parecia até uma forma de se livrar de mim. Talvez já estivesse nítido que eu gosto dela mais do que como amiga. Talvez ela já saiba de tudo e queira realmente se livrar de mim, me empurrando para uma pessoa qualquer do sexo oposto. De qualquer forma, prefiro que isso seja só paranóia minha.

  — Vou pensar no teu caso.

  Ela comemorou e foi com as mãos para cima, balançando seu quadril, até a pista de dança. Ela já havia beijado dois caras, e eu não senti tanto ciúmes como senti vendo as fotos dela com Lauren no instagram.
  Virei meu copo com vodca na boca e me preparei psicologicamente para beijar a boca de um qualquer para satisfazer Jas.

  — Charl, você se lembra dele? — perguntou Jas, me cutucando.

  Me virei. Olhei bem nos olhos do garoto e depois minha visão parou no sorriso com aparelho, aquele que saiu correndo com meu celular, quando havia chegado uma mensagem do Oliver.

  — Ah, lembro, infelizmente.

  Ele riu.

  — Não seja rude, Charl. Está tudo resolvido, até que foi divertido aquela noite — riu. — Bom, vou deixar vocês conversarem. Aposto que têm muito assunto.

  — Não. Não temos — falei.

  Ela saiu mesmo assim.

  — E ai, qual teu nome? — perguntou.

  — Charlotte.

  — O meu é Andrew.

  — Ah tá.

  — Você é muito bonita.

  — Valeu — olhei para Jas e ela estava fazendo sinal para mim ir em frente. Revirei os olhos. — Olha, vamos se beijar logo para satisfazer a vontade do amor da minha vida, e eu, finalmente, cair fora daqui.

  Ele fez cara de confuso, e eu fui em frente e o beijei. No começo, estava até bom, mas aí o beijo de Jas começou a vir na minha cabeça. E, de repente, aquela boca ficou difícil de suportar. Eu não sentia nada com aquele beijo, não sabia nem distinguir se era bom ou ruim. E então me flagrei de olhos abertos, e me distanciei rapidamente.

  — O que foi? — perguntou.

  — Não estou passando bem, okay? Vou sair. Tchau.

  Andei ligeiro até Jasmim, limpando os meus lábios com as costas de minha mão.

  — O que foi? — ela perguntou.

  — Não quero mais beijá-lo.

  — Tudo bem. A gente acha outro.

  — Não! Eu não quero! — eu estava tremendo de nervosismo.

  — Por que? — ela estava frustrada.

  — Porque.. Porque, oras. Porque sou apaixonada por você Jasmim.

  Ela me olhou assustada.

  — Desde quando?

  — Isso não importa... agora.

  — Charl...

  — Não precisa dizer nada. Já sei o que irá dizer — a interrompi.

  Saí andando do estabelecimento. Meus olhos estavam cheios, minhas mãos tremiam. Quando me peguei chorando de amor pela minha melhor amiga, me senti uma tola. Tola, era tudo que eu era.

  Quando eu já estava em minha cama, pensando em tudo que aconteceu, e em como foi acontecer, me xingando por ter deixado acontecer, chegou uma mensagem de Jas.

  Como aconteceu? Isso é sério?

  Encarei a mensagem.
  Não conseguia pensar numa resposta. Nem eu sabia qual era a resposta. Ela viu que eu visualizei e não falei nada, e me mandou outra:

  Não posso te corresponder, Charl. Desculpa.

  A tela do meu celular estava como se estivesse sido enfiada embaixo do chuveiro.

Diga-me que precisa de mim porque eu te amo tanto. Diga que você nunca vai me deixar porque eu preciso tanto de você.. Escrevi.

  Ela não respondeu. E na mistura de desespero, raiva e paixão, gritei por mensagem minha música favorita.

  DON'T GO

  Ela visualizou e não respondeu. E, de repente, me senti sufocada por um grito de frustração.
  Foi como se eu tivesse levado um tiro a queima roupa bem próximo a meu peito.

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