Sob o jugo das más escolhas.

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Hermione ficou dois meses na estrada em busca de algo declarado perdido pelo próprio Professor Dumbledore. Harry e Rony disputavam o espaço de Macho Alfa na barraca, e todos conviviam como se aquele fosse o último dia de vida deles.

Dentre os maiores questionamentos existenciais do ser humano, Hermione ia além das habituais perguntas: “Quem somos?, “De onde viemos? e “Para onde vamos?” Ela se estendia para: Quais as reais motivações de Malfoy? Porque ele agia de forma piedosa, inexcrupulosa e, em seguida, duvidosa?

Ele a salvara. Era incontestável, não podia se abster da sua observação tipicamente racional. Draco Malfoy, ainda que indiretamente, e por razões nem um pouco altruístas, salvara a sangue ruim, sabe- tudo que ele, embora alcoolizado, discreta e inocentemente beijara no ombro.

Ele tinha algo de bom, e Hermione Granger notou isso quando leu medo em seus olhos, ou quando sentiu em seu corpo coberto a pureza dos lábios que já haviam proferido insultos imperdoáveis à sua pessoa.

Se ele não havia perdido sua alma para o lado sombrio, talvez houvesse esperança. Mas, a nova pergunta que ecoava com insistência em sua mente era: seria justo haver esperança para Malfoy?

Ela lutava pela justiça, muito mais pela igualdade. A maturidade fê-la enxergar que não poderia separar os indivíduos entre bons e maus exclusivamente, mas não acreditava, ainda assim, que os maus eram as vítimas; todos têm uma escolha, ainda que esta não lhes tenha sido devidamente apresentada ou delineada.

Sirius havia sido o exemplo de uma criança que teve todos os motivos para acreditar no discurso, ridículo, de pureza que sua família tanto prezava .Ele tivera tudo — e mais um pouco — para optar pelo mal, mas não o fez.

A mente da bruxa mais inteligente que a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts conheceu funcionava logicamente. Não costumava justificar os erros dos outros se baseando em histórias tristes de crianças que foram condicionadas a venerar uma crença devido a sua criação. Não tinha pena. Não achava justo que alguém, em algum lugar do mundo bruxo, tivesse lutado, desvencilhando-se de sua família, desgarrando-se de tudo o que lhe era suposto acreditar, possuísse o mesmo valor que um garoto mimado e covarde, cujo a possibilidade de olhar para o caminho do bem nunca passara pela cabeça. E justiça era o forte de Hermione Granger.

O ser humano é uma tábula rasa. Era o que o filósofo Trouxa dizia. Todos os indivíduos nascem tal qual uma folha em branco. São fruto das experiências adquiridas ao longo do caminho.

Mas isso poderia muito bem ser uma desculpa esfarrapada para justificar as maldades do mundo sem aceitar que algumas pessoas simplesmente não querem escolher o lado certo. Porque no final ele optou por cair nos braços de Voldemort quando o último sino da redenção tocou.

E Hermione assistiu a caminhada incerta do rapaz que havia crescido desde a última vez. Ele suava, tremia e seus dedos tamborilavam em sua coxa.

Malfoy sofria de ansiedade, como um ser humano normal. Tinha manias e tiques, como uma parcela grande da população. Era um ser humano, e o que o diferenciava dos outros eram as vozes de Lucius e Narcissa implorando para que ele fizesse as escolha certa, porque assim deveria ser.

Tabula Rasa - DramioneWhere stories live. Discover now