Capítulo 5

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Enquanto eu fazia força para digerir aquela informação, Paola apenas me encarava com o mesmo semblante frio com que dissera ser uma prostituta. Percebi que ela não se referia a si mesma como uma garota de programa, ou uma acompanhante de luxo. Não que isso fosse mudar o que ela fazia, mas aos meus ouvidos soaria menos vulgar do que eu gostaria de ter escutado.

Forcei-me a acreditar que aquilo não fazia a menor diferença para mim. Mesmo que a percepção de que ela dormiria com Juan aquela noite ou com qualquer outro homem, o que pagasse mais talvez, tivesse me causado um estranho mal estar. Era agoniante descobrir que ela tinha aquele tipo de vida e mais ainda perceber que aquilo me incomodava, pois não era para ter importância, a final de contas eu a conhecia a pouco mais de vinte e quatro horas, ela era apenas mais uma mulher por quem eu havia sentido uma poderosa atração, a qual precisava ter em minha cama logo, apenas para apagar o desejo que sentia e depois cada um iria para um lado. Ao me dar conta de que o fato de ela ser uma prostituta apenas facilitaria a tarefa de dispensa-la no dia seguinte, sem precisar dizer mentiras como, eu te ligo ou vamos marcar outro dia, senti-me exultante.

Nunca havia precisado pagar para ter uma mulher então jamais havia procurado por uma que prestasse esse tipo de serviço. Paola foi apenas uma brincadeira do destino, o qual me pregou uma peça. Lembrei-me de Juan e constatei o fato de que meu amigo que sempre se gabara de ter qualquer mulher que desejasse, àquela noite iria pagar para ter uma em sua cama, aquilo me divertiu um pouco e me aliviou também, pois depois que eu tivesse Paola, ele também poderia ter, com a diferença de que eu teria aproveitado primeiro.

— Vai ficar aí parado sem dizer nada? — Ela indaga de repente, fazendo-me acordar e deixar os pensamentos de lado. Resolvi ser pratico, sem enrolações.

— Qual o seu preço? — Meu rosto muito sério. Ela apenas me encara muda por alguns segundos, parecia ponderar sobre minha pergunta, mas por fim reponde.

— Cinco mil dólares.

— Por quanto do seu tempo?

— Juan pagaria pela noite toda.

— Eu pago o dobro. — Encarei-a de modo intenso. Secretamente eu sentia raiva por estar sendo obrigado àquele tipo de negociação. — Mas amanhã você só vai embora quando eu disser que pode.

Ergueu o queixo, o ar petulante não saía dela, aquilo me irritava e ao mesmo tempo me excitava. Eu estava louco para arrancar dela aquela aura de frieza e arrogância, doido para fazê-la se curvar diante de mim e implorar para fode-la e eu faria isso. Ah se faria.

— Tudo bem. — Diz erguendo as sobrancelhas com ironia.

Abro um sorriso de canto e me aproximo dela novamente. Instantaneamente as palavras de Richard Gere em “Uma linda mulher” me vêm à mente e não resisto. Olho-a de cima novamente e acaricio-lhe um lado da face.

— O que você faz? — Pergunto fitando diretamente seu olhos.

— Tudo. — Ela parecia ter lembrado do filme também, então aguardo que ela complete a frase e como não diz nada eu mesmo continuo e indago cinicamente.

Salve-meOnde as histórias ganham vida. Descobre agora