Made in Italy

Vinícius Ricardo Santiago ou simplesmente Santi.

Foi muito, muito, muito constrangedor.

-Você fica tão preocupado com os sentimentos dos outros, quando é muito mais fácil que eu saia magoada.

- Lana para de graça, todo mundo sabe que você não tem coração e seu único amor é você mesma.

- Eiiii - elevo umas oitavas, fingindo uma falsa indignação - eu também amo você, seu mal agradecido que vai me trocar por um trabalho em uma colônia de férias com minis capirotos.

- Lana - Santi me adverti como estivesse muito cansando daquilo, convivendo no meu corpitcho maravilho durante dezesseis anos, vejo que sou difícil de lidar e talvez ele realmente esteja cansado - nós já conversamos sobre isso. Preciso trabalhar, assim dá para aguentar as pontas durante o ano, não sou como certas pessoas que têm dinheiro pra esbanjar.

Ele diz frisando o esbanjar e me encarando. Não é como eu fosse pobre. Eu tenho, não, não, corrigindo minha família tem dinheiro, BASTANTE dinheiro.

Não é como eles me dessem ou deixassem dinheiro pra eu ficar enfiando no cú.

Eu tinha que dar meus pulos. Manicure, assistente de cabeleireiro, babá, cortadora de grama, fazer lição pra gente burra, dar aulas de italiano e outras línguas ( Sou fluente em espanhol, italiano, inglês e arranho no francês, obrigada Henrie), às vezes luto em competições de muay thai,já modelei, peguei bicos em comercias de TV pequenos, sou capataz do Gabriel - espera aí  a situação é ao contrário-, as vezes quando a coisa tá feia eu peço discretamente dinheiro pra abuela Nana  ou em casos realmente desesperantes tinha que extorquir Vicente Sputnelli ou Gabriel. Eu sou uma verdadeira faz tudo. Lana mil e uma funções e utilidades.

- Eles não me dão dinheiro pra ficar esbanjando.

- Ah desculpe esqueci que essa era a função do Sputnelli.

Santiago está destilando sarcasmo.

- Eu nunca o obriguei a fazer nada, tudo o que ele faz é por livre e espontânea vontade.

Vicente Sputnelli, tem um estranha obsessão por mim. Ele é bonito, alto e forte, tem um sorriso faceiro e sabe o que está fazendo. Eu não queria nada sério com ele, no máximo uns amassos atrás do ginásio. Mas não é como se eu não me aproveitasse.

A vida é dos espertos meu amigo.

Ele bufa, digamos que Santi não vai muito com a cara do nosso querido Sput. Melhor mudar de assunto.

- Na onde você vai passar as festas de fim de ano ?

Vejo que ele já relaxou com a mudança repentina de assunto.

- Com meu tio Carlos e o primo Zé. Agora que meu tio se mudou de apartamento por causa do divórcio, eu posso ficar mais tranquilo sem me sentir culpado de estar atrapalhado.

- Não acho que você atrapalha alguém, Santi.

Ele me lança um sorriso compreensivo. No meio da conversa o nosso sorvete já tinha acabado, faz tempo.

- É você, Lana ?

- Ainda não sei.Provavelmente na  Itália como sempre. O que você vai querer que traga pra você ?