SOBRE O FUTURO (EVEN)

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"Se você me ama, não me deixe ir. Segure, agarre-me. Porque eu sou um pouco instável"


SEXTA-FEIRA/ 15:35

O movimento no café àquela tarde era menor do que o de costume. Poucas pessoas acomodavam-se nas mesas à meia luz, comunicando-se em conversas sussurradas e risinhos que não se excediam. Motivo pelo qual o pensamento de Even ia longe. Atrás do balcão, de pé, ele observava a rua do lado de fora através das amplas vidraças das janelas do lugar, e, embora pessoas subissem e descessem do lado de fora, ele não as olhava em específico. Eram apenas borrões disformes captados por seus olhos.

Na verdade, pensava em como sua vida havia mudado tanto nos últimos tempos. De certo que gostava de ser dono do seu próprio destino, e disso nunca abriu mão. No entanto, quando se detinha a refletir a respeito de tudo pelo que tinha passado, era inevitável não se sentir um pouco assustado. Conhecia Isak há muito pouco tempo, no entanto, estavam morando juntos, e compartilhavam uma vida de casal, com os problemas cotidianos pelos quais passava qualquer outro casal em situação parecida. Não tinha dúvidas do seu amor por Isak, e podia se lembrar com perfeição da primeira vez em que o viu, sentado no refeitório do colégio, quando seus olhares se cruzaram e ele teve certeza de que aquele garoto de cabelos loiros que o olhava com uma mescla de desconfiança, medo e interesse, era o verdadeiro amor da sua vida.

Por outro lado, perguntava-se onde aquilo iria dar. A vida de adulto chegou até ele sem que sequer percebesse. Tinha um trabalho, tinha uma casa, tinha um amor para quem voltar no final do expediente, quando se sentia cansado e tudo o que queria era sentir o cheiro de Isak e ouvir a sua risada contagiante. Contudo, o final do ano letivo se aproximava; o seu último ano no colégio, e ele se questionava o que faria dali em diante. Nunca foi uma pessoa que se contentou com pouco, nem nunca passou muito tempo no mesmo lugar. Não sabia dizer até quando permaneceria gostando da vida que levava naquele momento. Mas, enquanto durasse, ele se sentia satisfeito.

A porta do café se abriu, e o som abafado do atrito da madeira fez Even voltar ao mundo real. Mikael entrou um tanto desconsertado. Parecia desconfortável por estar ali. Porém, mesmo assim, encaminhou-se até o balcão, olhando rapidamente ao redor, como se desejasse verificar numa só olhada quem estava no lugar.

― Hei, Even... – disse ele, ajeitando os cabelos que lhe caíam na frente dos olhos.

Even resumiu-se a fitá-lo com um olhar que era uma mistura de surpresa e indagação.

― Você prepara um cappuccino para mim, por favor?

― Já está saindo – Even respondeu, virando-se para a máquina de café e pegando uma das xícaras quentes sobre ela.

― Legal esse lugar – comentou Mikael, a voz rouca e quase inaudível. ― Nunca tinha vindo antes.

― É porque você não gosta de café – Even emendou, voltando-se novamente na direção dele. ― Não é?

― É... – o garoto assumiu, ficando levemente enrubescido. ― Você ainda se lembra...

― Eu me lembro – concordou Even. – Sei que você não gosta de café. O que me faz pensar por que você está aqui...

― Na verdade, eu vim falar com você – Mikael pigarreou, olhando, mais uma vez, ao redor. Even apenas se detinha a olhá-lo, esperando. Então, Mikael continuou: ― Foi legal você ter se reaproximado da gente no aniversário da Eva. Lembrou os velhos tempos.

ALT ER LOVE (Uma história livremente inspirada em SKAM)Where stories live. Discover now