O elevador parou no quinto andar e eu notei, tarde demais, que estava atrás delas e que elas não desceriam, já que apertaram o sétimo e oitavo andar. As duas mulheres continuaram lá, estáticas, como as rugas no canto de seus olhos.
— Com licença.
Elas se moveram um milímetro, nem mesmo a unha do meu dedinho seria capaz de passar. Eu ri. Apenas ri. O elevador voltaria a subir em alguns segundos e suspirei para não me estressar.
— Com licença, esse é meu andar.
Uma delas, com óculos de sol no rosto, virou a cabeça e deu uma risadinha, deixando um espaço para, quem sabe, metade do meu braço passar. Então fiz o que qualquer um faria: empurrei as duas e dei uma grande passada, enquanto o elevador começava a fechar.
Que não feche e arranque meu braço fora, pelo amor de Deus. Que não arranque meu braço fora. Que o elevador seja novo e não arranque meu braço como nos filmes de terror de segunda categoria.
Eu dei um pulinho e sai, sentindo minha saia esvoaçar e meu cabelo cair do coque. As duas mulheres reclamaram, então riram e o elevador fechou.
Deixando minha bolsa lá dentro.
Eu vi o brilho prateado enquanto o cabelo caía no rosto e minhas bochechas coravam de raiva. Estava no canto, atrás das duas peruas que se encaravam cúmplices com o mesmo sentimento de superioridade. Dei um grito agudo e chamei o elevador de volta, xingando-as dos nomes mais criativos que já aprendi.
— Dani?
Virei, congelada, ao som daquela voz. Meu cabelo continuava caído no rosto, as bochechas estavam coradas e queimando de vergonha, enquanto a boca acabara de soltar os mais vergonhosos palavrões. Vislumbrei o visor indicando que o elevador estava voltando antes de tirar os óculos escuros do rosto e me virar.
— Oi, Thiago.
Ele me encarou, primeiramente confuso, e depois... É triste pensar que envergonhado. Seus olhos castanhos me esquadrinharam dos pés à cabeça e ele se virou para os seus sócios, dois homens de ternos e rostos sérios.
— Essa é minha namorada, Daniella Fagundes. — Apresentou-me dando um olhar de aviso em direção ao cabelo. Rapidamente passei a mão e enrolei a mecha atrás da orelha, ouvindo o barulho do elevador se abrindo.
"O que faço?", pensei, quase chorando. Não ousava me mexer enquanto era apresentada. Tentei dar um sorriso, mas acho que não deu muito certo.
— Senhores Alves e Moreira. — Ele indicou e eu rapidamente apertei ambas as mãos.
— Muito prazer. — Consegui dizer ouvindo o elevador se fechar novamente. — Tive um problema com o elevador, parece que ele tem uma subidinha engraçada, sabe? — Thiago forçou um sorriso e os sócios acenaram. — Bom, não quero interrompê-los. Foi um prazer enorme conhecê-los.
Os dois homens murmuraram algo parecido, mas seus olhos eram impassíveis. Acho que eles poderiam ter cometido um crime e eu nunca duvidaria. Era muita poker face para pouca cara (entenderam? Essa sou eu tentando ser engraçadinha).
— Até mais. — Sussurrei sem fôlego enquanto a vergonha me engolia, de ponta a ponta, do fio de cabelo desarrumado à sapatilha sem marca.
Sou. Uma. Merda. De. Desastre.
Assim que eles saíram do meu campo de visão, Thiago provavelmente estava mostrando o resto do local, corri para a escada de emergência e desci os degraus, sentindo a batata da perna latejar, os músculos pareciam nervosos e irritados: "agora você resolve nos exercitar?!"; o coração batia acelerado. Não vou chorar, não vou chorar, não vou chorar.
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As GRANDES Aventuras de Daniella [degustação]
HumorPLÁGIO É CRIME!!! Todos os direitos reservados a L. L. Alves. Obra registrada na Biblioteca Nacional. Capa: Gabriel Souza Chick-lit nacional "As GRANDES Aventuras de Daniella". >> https://amzn.to/3eQpBJh ------------ SINOPSE Bom, o qu...