Estou tão cansado que só tiro meus tênis antes de me enfiar debaixo dos edredons, abraço meu travesseiro e em questão de minutos estou dormindo.

Sexta-feira, 07:40

Estaciono com meu carro no fim do quarteirão, pego minha mochila no banco do motorista e sigo em direção a escola.

Me xingo mentalmente por ter chego atrasado quando prometo a mim mesmo que iria assistir todas as aulas do dia.

Parece que serão todas, menos inglês.

Abro o portão da Niessen com a maior calma do mundo, até porque vou ter que esperar vinte minutos mesmo, o tempo até a segunda aula começar.

Quando finalmente paro de encarar os meus pés andando em direção à entrada, uma sombra meio alaranjada chama minha atenção.

Uma sensação na garganta me pega desprevenido, parece como se alguém tivesse pego ela e torcido. Engulo a seco para ver se passa. Em vão.

Viro para a sombra e minhas hipóteses se confirmam.

Eva.

Sentada em uma das mesas de madeira, mexendo distraidamente em seu celular.

Ignoro meus instintos gritando dentro da minha mente para dar meia volta, e ando em direção a aquela maldita garota.

Sento ao seu lado, a pegando desprevenida. Quando me nota suas costas que até então estavam curvadas, ficam eretas na hora.

Um "oh" escapa de sua boca e percebo que ela evita me olhar.

Sorrio de lado involuntariamente.

"Mohn." Comprimento.

"Schistad." Diz formalmente.

Por alguns minutos ficamos os dois sentados, ambos olhando para frente e nem ousei me mexer um milímetro sequer, tampouco Eva.

Faço o primeiro movimento, interrompendo o silêncio estranhamente não constrangedor.

Viro meu rosto em sua direção. Nossa proximidade é tão grande que consigo até ver vestígios de maquiagem embaixo de seus olhos.

E interrompendo minha observação, ela se vira para mim também. A ponta dos nossos narizes quase se encostam, sua respiração entrecortada faz cosquinha quando se choca contra meu rosto.

"Perdeu hora?" Pergunto.

"Aham"

Seus olhos claros estão vidrados nos meus, aposto que se alguém nos visse acharia que somos loucos.

Eu até sou.

Por ela.

Mas isso é uma coisa que eu não posso admitir, não agora.

"Para de me olhar." Solto.

Ela sorri na mesma hora.

"Ok."

E quando ela começa a virar o rosto, levo minha mão até ele o puxando de encontro com o meu.

O súbito movimento fez Eva ficar surpresa. Até eu não esperava por isso. Mas nossos lábios já se conheciam e não era de hoje.

Por uns dez segundos ficamos apenas com eles colados.

Sua boca de encontro com a minha.

E uma sensação engraçada começou no pé da minha barriga. Deixo isso para o lado quando Eva separa nossas bocas bruscamente e coloca seu rosto ao lado do meu.

Sua mão que estava apoiada no banco sobe até a minha bochecha.

Ela suspira e eu enterro meu rosto em seus cabelos, inspirando o cheiro inconfundível de seu shampoo que por acaso também fica impregnado em seu travesseiro.

Sorrio com a lembrança, mas logo me repreendo mentalmente.

"We can't."

Ela diz como se estivesse cansada.

Aposto que como eu, acabou de se lembrar da nossa última conversa. Que parece ser tão insignificante agora.

"I know." Respondo ainda inspirando seu cheiro tão fodidamente bom.

"Mas..." Começo me afastando para olhar no seu rosto.

"....se você não contar, eu também não conto." Dou de ombros.

Ela sorri de lado, pensativa.

Tomo isso como uma permissão e começo a beijar seu pescoço. A fazendo se encolher com cócegas.

Rio e viro para frente arrumando meu cabelo quando ouço o sinal tocar. Fingindo que nada aconteceu.

Mas meu cérebro não me deixaria esquecer tão cedo.

Maldita.

Levanto colocando minha mochila nas costas e Eva continua sentada me olhando com a sobrancelha erguida.

Dou de ombros e começo a andar de costas ainda a olhando.

Mando um beijo estalado para ela que me devolve com um dedo do meio me fazendo gargalhar com a cabeça inclinada para trás.

Viro para frente já perto da porta de entrada da escola, porém paro quando ouço Eva me chamar.

"....e Chris?"

Sorrio de lado já sabendo que ela vai falar algo que irá me provocar.

"I will never fall for you, I swear to God."

Diz como se tentasse convencer mais a si mesma, do que a mim.

Sorrio ainda mais, e viro meu rosto em sua direção.

"Sure." Pisco.

Eva quebra nosso contato visual levantando da mesa, sorrindo.

Arrumo a alça da mochila no meu ombro e entro na escola.

Ela sabe que está tão fodida, quanto eu.

Dependency • Chris and EvaWhere stories live. Discover now