Capítulo oito - Elo rompido (Parte 4)

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Porém, descumprira a promessa de repouso. Não enxergava nada à sua frente, e usava a fraca luz do celular para ocasionar uma tênue iluminação, suficiente apenas para que ela não tropeçasse em algo ou batesse de cara em alguma árvore. O mapa que guiava até o castelo estava também em seu comunicador, mas, na escuridão, sequer poderia ter certeza de que estava seguindo o caminho certo. Mas não desistiria, nem se permitiria parar. Encontrar sua filha era tudo o que lhe importava, e só o que a movia. E conseguir se mover não estava sendo uma tarefa nada fácil. Aquela era a terceira vez em que pisava no Mundo Youkai e era impossível evitar que suas mãos tremessem diante das recordações de tudo o que tinha vivido naquele inferno de lugar. Mas lutou desesperadamente para afastar tais lembranças.

Enquanto caminhava, recordara-se da breve despedida de seus pais, antes que ela atravessasse para o lado youkai. Marco, sempre carinhoso, a abraçou com força, e repetiu dezenas de vezes as orientações para que ela tivesse cuidado. Sofie ainda era mais contida, mas ainda assim não deixou de abraçá-la, embora de forma mais breve. E disse, próximo ao seu ouvido, que acreditava nela. Horas depois, Anne agora se arrependia por, ao menos naquele último momento, não ter feito o que Hikari lhe dissera mais cedo naquele mesmo dia: chamado Sofie e Marco de "mãe" e "pai". Era ridículo que, tantos anos depois, ainda tivesse esse bloqueio, movida por timidez ou qualquer outro tipo idiota de receio. Nem sabia se voltaria a vê-los.

Pensava nisso no momento em que a terra tremeu e, assim como aconteceu com os demais, viu-se rodeada por aquele forte youki. No momento seguinte, sentiu-se despencar.

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Quando chegou à praia, Maire não fora recebida com surpresa por Marco, embora ele tampouco demonstrasse qualquer aprovação pelo fato de ela ter ido para lá. Tinha conversado a respeito disso com Sofie poucas horas antes, sobre como tinham certeza de que ela daria um jeito de ir para lá. Aliás, podiam apostar qualquer coisa que em dois ou três dias Hikari faria o mesmo.

Porém, uma coisa era certa: não estavam dispostos a deixar que nenhuma das duas atravessasse para o mundo youkai. Para o alívio de Marco, a esposa de sua sobrinha também estava convencida de que aquela não seria uma boa ideia, dado o avanço de sua gravidez.

Sofie tinha ido para um quiosque abandonado a poucos metros dali, o qual usariam como abrigo pelos próximos dias, para dormir um pouco. Acordaria em algumas horas para trocar de lugar com Marco na vigilância.

— Você deveria ir descansar também — ele sugeriu.

Parada ao seu lado, ambos de frente para a barreira, Maire negou:

— Mesmo que eu deitasse, não conseguiria pegar no sono.

— Está grávida, Maire. Precisa descansar.

Maire pensou no quanto todo mundo fazia questão de lembrá-la de sua gravidez, como se aquela barriga enorme, os pés inchados e os quase dez quilos a mais não fossem lembrete suficiente. Contudo, era agradecida pelas boas intenções.

— Prometo descansar pela manhã.

— Você comeu alguma coisa nas últimas horas? Sofie e eu trouxemos alguns mantimentos.

Maire sorriu, novamente agradecida. Não estava com fome alguma, mas não teve coragem de negar a oferta.

— Ainda tem aqueles sanduíches que vocês prepararam antes de sair da base? Estavam com uma cara ótima.

— Tem, sim. Vou buscar para você. E um para mim também, estou faminto.

Marco tocou o ombro de Maire, antes de seguir para o quiosque onde Sofie dormia e onde tinham guardado os mantimentos. Maire o seguiu com os olhos, sentindo-se reconfortada por aquele gesto de carinho. Com a distância de sua família na Irlanda, Sofie e Marco supriam para ela um papel como o de um casal de tios ou padrinhos... ou mesmo pais, em alguns momentos. Sabia que para ela e Mic recomeçarem a vida juntas no Japão teria sido muito mais difícil se não fosse por aquele apoio familiar que encontraram ali. Era grata e feliz por isso.

Ela apenas voltou os olhos para a barreira no momento em que sentiu algo vindo de lá. Uma forte fonte youki, tão forte que atravessava o ponto da barreira, podendo ser sentida dali. Levou os dedos médio e indicador ao bolso do vestido que usava por cima de uma calça legging, posicionando-os ao redor das setas envenenadas que trazia ali, pronta para atacar a qualquer momento. No entanto, nada aconteceu. A fonte de youki não se aproximou, como ela imaginava que ocorreria. Apenas permaneceu parada, estática. O instinto de guardiã falou mais alto, e ela, lenta e cautelosamente, deu alguns passos em direção à barreira, até atravessá-la no intuito de ver o que estava acontecendo e quem era aquele youkai que parecia prestes a invadir o seu mundo. Mas ela não avistou nada, e sentiu que o youki novamente não aumentara, permanecia estático. Preparou-se para voltar, no momento em que uma cratera se abriu sob seus pés. Ela ouviu o eco do próprio grito enquanto caía.

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Guardians II - Metamorfoseحيث تعيش القصص. اكتشف الآن