Me abaixo, pego o fio e enrolo em minha mão esquerda, com ajuda de uma cadeira, subo na janela e antes de pular para o parapeito, vejo Eduardo se mexer e tentar levantar, a marca em seu rosto denuncia que ele foi atingido e sua boca sangrando me dá a ideia de que acabei quebrando seus dentes, faço uma careta, acho que vou para a cadeia. Mesmo com a consciência pesada, pulo para o parapeito, tomo impulso e coragem e acabo demorando demais pois o ruivo aparece na janela e me pega belo rabo de cavalo, dou um grito de dor.

— Sua, vaca! — Grita e ergo minha mão, seguro em seu pulso e cravo minhas unhas em sua pele, Eduardo não desiste fácil, fica balançando o braço e minha cabeça vai junto, finco ainda mais forte e então ele tenta se livrar com a ajuda da outra mão e aproveito, viro rápido e abocanho sua mão, feito um cachorro louco, seus dedos ficam presos entre meus dentes até eu sentir o gosto de sangue. — Me solta sua louca sanguinária! — Começa a puxar as mãos e eu o solto pulando logo de uma vez, em um só impulso.

No curto tempo em que despenco quase um metro, fecho os olhos sentindo o ar ricochotear meu corpo e engulo o ar para não gritar e então, eu paro, levo alguns para perceber que estou pendurada até meu pulso começar a latejar.

— Sua maldita! — De tudo o que Eduardo pode fazer, ele prefere me xingar e tentar desamarrar os fios. — Que vontade de estapear!

Ergo minha mão direita e desenrolo os fios, caio de uma só vez, com os dois joelhos no colchão, a minha bolsa bate em minhas costas mas o impacto imediato dos joelhos é que me faz sentir dor, aperto minhas pálpebras e estico meus braços e pernas pra frente com um pouco de dificuldade, porém só de conseguir dobrar minhas articulações já me alivia, não foi nada demais!

— Você não é trapezista pra ficar pulando assim, sua ridícula! — Eduardo continua reclamando e então meu celular começa a tocar em péssima hora! — Já sei seu ponto fraco! Vou te atingir onde mais dói! Pode esperar!

— Ninguém espera por algo assim, Eduardo! — Explico levantando e jogando o colchão na frente da garagem, minhas costas doem e gemo de dor, não consigo estalar nenhuma parte do meu corpo, estou ficando velha para ficar me metendo em confusão.

Olho pra cima e Eduardo está em um impasse, andando de um lado à outro e bagunçando seus fios ruivos. Coitado, deve ser muita coisa pra ele conseguir assimilar, deve estar em conflito. Vou sair sem provocar.

Me preparo pra pular e salto, a distância agora é menor mas estou dolorida, pulo assim mesmo e meu treinador estaria revoltado comigo, não sei mas pular sem me machucar. No momento em que pisei no colchão, me distraí com o telefone tocando de novo e virei meu pé, caindo pra fora do colchão e arrastando meu braço esquerdo no cimento.

— Aí! — Gemo de dor, olho para o meu cotovelo e vejo o sangue no arranhado, e meu braço cortado, que saco! Tudo arde e dói! — Que dor! — Gemo mexendo meu tornozelo e fechando os olhos, espero que seja só uma luxação.

Ergo a cabeça e vejo meu carro parado não tão longe, faço uma força e sigo como um saci, pulando em um só pé, até o automóvel. Assim que entro e fecho a porta, Eduardo dispara porta à fora e para em frente o carro, as mãos espalmadas no capô, reviro os olhos, mais essa! Travo as portas e giro a chave na ignição, o carro ganha vida e ele nem se move, aperto a ré e o carro sai sem barulho, nego ainda o encarando, ele soca o ar.

— Isso não vai ficar assim! — Eduardo aponta e eu faço um joinha acelerando e passando ao seu lado mas ainda posso ouvir sua ameaça! — Eu vou te matar, Dália! — Sinto um calafrio me tomar e acelero ainda mais.

Meu celular volta a tocar em alguns metros à frente, paro em frente a uma casa e tiro o celular da bolsa, a foto de Christopher brilha na tela. Entro no aplicativo para mandar uma mensagem.

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