CAPÍTULO 17

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Dália Menezes

Continuo olhando no quarto escuro de Eduardo e não há nada com que eu possa me defender, então a única alternativa, é sair. Corro nas pontas dos pés até a porta e paro no corredor até entrar no quarto da frente, o de Vinicius. Ao chegar lá, sigo psra seu quartinho, porque um quarto de criança só tem brinquedos e é no estúdio que vou achar minha salvação, tenho confiança!

Mas também, o que eu tinha que inventar! Minha mãe cansou de dizer que eu ia apanhar na rua por conta da minha impulsividade e teimosia, parece que ela estava certa! Já dentro do lugar, começo a procurar entre as bagunças de Vinicius e quando bato os olhos em um emaranhado de fios, daqueles bem resistentes, tenho uma epifania e mesmo louca, é a única idéia que tive! É isso ou a morte, porque com certeza Eduardo me mata se me ver, pra ele fui eu que compactuei para ser pego, não vou arriscar uma conversa se não sei sua estabilidade mental no momento.

Pego os fios e os soltos em poucos segundos, seguro o ferro de passar roupa que encontrei ao lado e sigo de volta para o quarto, a ponto de poder ouvir os passos grosseiros de Eduardo pelo corredor e entrar em seu quarto, batendo a porta, engulo em seco com muito medo, não quero morrer agora, ainda sou tão jovem e tenho tanto pra fazer!

Não tenho outra escolha, é agora!

Me viro para a janela com um parapeito e logo abaixo um pouco pra esquerda, o teto da garagem, não é tão alto. Me movo ainda em silêncio, jogo a roupa de cama, almofadas e travesseiro no chão, pego o pequeno colchão e com toda a minha força, empurro janela abaixo até cair em cima da garagem, sorrio que meu plano está funcionando. Não perco tempo, começo amarrar e dar nó em uma das pontas dos fios em uma grade perto da janela, ela era bem inútil até eu transformá-la em um utensílio de fuga, pode ser que ela esteja bamba, mas, me dá uma certa altura para pular no colchão.

Começo a prender meus cabelos em um rabo de cavalo, quando escuto algo sendo quebrado no quarto de Eduardo, pulo de susto e coloco a mão no coração numa falha tentativa de me acalmar.

— Tem alguém aqui! — Os gritos recomeçam em seguida e meu coração dispara, tento controlar a respiração, estou perdendo minha coragem, fecho os olhos e tento respirar. — É melhor aparecer, intruso de merda! — Eduardo grita uma última vez antes de empurrar a porta, ela bate com força na parede e volta sendo parada com um soco quando ele me nota, parada ali perto da janela. — Você! Sua desgraçada!

— Desgraçada? Eu? — Exclamo sem me controlar e sorrio friamente, acabei de lembrar das cartas. — Tá falando com quem? Tem um espelho aqui? — Dou uma risada irônica, disfarçando meu nervoso. — Se enxerga, Eduardo! A vida não é só xingamentos e insultos!

— Vou fazer bem pior que te insultar! Vai se arrepender de tudo que fez! — Eduardo começa a vir em minha direção e toda a minha coragem parece voltar em peso. — Vou colocar a minha mão em você e te fazer em picadinho, Dália! — Seu sorriso monstruoso me assusta um pouquinho mas não vou pagar pra ver. — Já adianto, vai doer muito! — Misericórdia! Dou um passo para trás e o ferro em minha mão bate na parede.

— Tenho algo também! — Aperto firmemente o ferro entre os dedos e eu espero que os anos treinando na academia e jogando bola na escola tenha válido à pena. — Também vai doer! E eu espero que doa bastante! — Eduardo para a alguns passos de mim e me olha com curiosidade, deve estar confuso e eu não espero por outro momento.

Arremesso o ferro pesado, bem quando ele abre um sorriso para debochar do que eu disse, o ferro gira somente uma vez e atinge seu rosto. Faço uma careta pela dor que ele deve estar sentindo e pelo enorme impacto que fez com que Eduardo caia de uma só vez e bate com as costas no chão. Ele geme de dor e eu me arrependo por um segundo, até lembrar do mal que ele fez para os filhos, não sorrio porque não sou tão ruim assim mas pelo menos me sinto vingada! 

A Babá Fantástica |REVISADO|Where stories live. Discover now