Capítulo 8

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TALES


Temi que meus cabelos fossem aparecer em minhas mãos pela força que eu os puxava. Eu estava sentado nessa mesma posição há três dias e era incapaz de me mover. Meu Deus, e se ela morresse? Seria tudo minha culpa.

O movimento de médicos era constante, mas poucos paravam para me dar notícias. Não havia mudança no quadro de Paloma, então não tinha por que eles se incomodarem em me dizer a mesma coisa de hora em hora.

Não tive coragem de contar para os meus pais que o culpado pelo acidente tinha sido eu. Eles apenas deduziram que eu havia presenciado tudo e que éramos amigos de escola. Os pais dela também não sabiam de nada porque eu era um covarde para lhes contar a verdade. Quando ela acordasse, eles saberiam.

– Rapaz?

Olhei para cima e vi um dos médicos que conheci no dia do acidente. Ele sorria para mim e segurei minha respiração, rezando para que as notícias fossem boas.

– Ela acordou?

– Sim. Os pais dela ainda não voltaram, então pensei que talvez você quisesse vê-la, já que não saiu daqui desde que a trouxeram para cá.

Será que eu teria coragem de olhar nos olhos daquela garota e pedir perdão pelas palavras que disse antes dela ser atropelada? Eu precisava ser homem pelo menos uma vez na vida e deixar de ser o moleque irresponsável que não se preocupava com as consequências de suas ações. Me levantei da dura cadeira do hospital e segui o médico até um dos quartos no fundo do corredor. Ele bateu carinhosamente no meu ombro e me deixou sozinho.

Respirei fundo e entrei no quarto antes que eu acabasse voltando atrás e fosse embora.

Eu raramente entrava em hospitais. Fui uma vez quando minha mão quebrou a perna e precisou passar por uma cirurgia para colocar um pino e quando meu avô foi internado após sofrer um infarto. Eu tinha pavor de hospitais, então apenas vinha quando era extremamente necessário.

Olhei para Paloma deitada na cama com uma grande faixa enrolada na cabeça e o lado direito do seu rosto coberto por ferimentos e arranhões. Seus olhos estavam fechados, mas abriram abruptamente quando ouviu alguém se aproximar.

Sua primeira reação foi arregalar os olhos e notei uma lágrima rolar pelo canto do seu olho. Senti um nó na garganta por saber que eu era o causador da sua dor e me aproximei dela, não me atrevendo a sentar na cama.

– Olá. – Paloma não disse nada e eu não fazia ideia do que ela podia estar pensando. – Fico muito feliz por você estar acordada. Eu fiquei muito preocupado quando a trouxeram para cá e você não acordou. Achei que ficaria louco.

– O que você está fazendo aqui?

Sua voz era quase um sussurro e precisei me esforçar para escutar o que ela dizia. Levantei a mão para tocá-la, mas ela moveu o braço para mais perto do seu corpo, mostrando que ela não queria o meu toque.

– Eu estou aqui para te pedir perdão. Eu não sei o que deu em mim para dizer aquelas palavras tão grosseiras. Eu juro que se pudesse, voltaria atrás e nunca teria feito nada daquilo. Você não merecia que eu a tratasse daquele jeito. Sei que não tem perdão o que eu fiz, mas eu espero que um dia você encontre algo dentro de você para poder me perdoar e saiba que isso nunca mais vai acontecer.

– Não.

– Não o que?

– Eu não te perdoo.

[DEGUSTAÇÃO] Minha Melodia é você - Trilogia Fury Hunters #3Where stories live. Discover now