Dependency • Chris and Eva

019||We

"Vamos fazer o seguinte." Começo.

Ele levanta a sobrancelha.

"Quando você estiver pronto e eu ter finalmente me encontrado..." Levanto o dedo mindinho.

"Se o sentimento não mudar, é claro" Digo em tom de alerta. "Você me liga." Ele levanta seu dedinho e cruza com o meu.

"Pink promise." Sorri e beija nossos dedos.

Eu passo meus braços pelo seu pescoço e beijo seu nariz.

Perto de sua boca eu falo.

"Pink promise."

E Chris me beijou.

Nos beijamos a noite toda.

E paramos por aí.

Não teve sexo, não teve nada.

Apenas eu, Chris e todo nosso universo recém criado e que depois desse final de semana já seria destruído.

Sábado, 10:47

Acordo e logo reconheço meu quarto. Coço meus olhos e quando vou me despreguiçar sinto alguma coisa me impedir.

Flashes de ontem a noite aprecem na minha cabeça e nem preciso virar para saber quem tinha envolvido minha cintura com seus braços.

Beijos na minha barriga fazem eu sentir cócegas.

Coloco a mão em seu cabelo e começo a desembaraçar com meus dedos.

"Bom dia." Ele diz com a voz em uma rouquidão que eu nunca tinha ouvido antes.

E não me deixo ficar triste por saber que provavelmente eu nunca mais a ouviria assim.

Ontem de madrugada combinamos que ele iria embora depois do almoço e então cada um seguiria seu caminho.

Estamos fazendo isso porque não queremos nos machucar e nem machucar um ao outro.

Não queremos deixar o que temos se evoluir para algo maior do que já está.

"Bom dia princesa." Digo sorrindo.

Ele começou a subir os beijos até chegar em meu pescoço, e na hora que ele iria me beijar, viro o rosto.

Antes que Chris possa me questionar, começo a dizer saindo da cama.

"Eu vou escovar meu dente."

"Você pode ser porco, mas eu não sou." Falo convencida andando até meu banheiro.

Chris ri e cai de costas na cama. Mas não antes de me mostrar um dedo do meio.

Comemos cereal colorido com leite como café da manhã, enquanto assistíamos um episódio aleatório de alguma das tantas séries policiais americanas.

Combinamos de ficar em casa nessas nossas últimas horas, até porque Chris disse que o que ele quer fazer comigo não dá para fazer em lugares públicos.

Até que quando eu virei para ele e disse que tínhamos só mais duas horas. Chris me puxou pela barra da minha camiseta do pijama. E me fez sentar em seu colo no tapete da sala, transamos no chão.

E fizemos sexo no meu quarto também, duas vezes.

De todas, a última foi a melhor, nunca tinha sentido nada parecido em toda minha vida.

A cada minuto que passava eu ia me despedindo dele aos poucos. E quando fui começar a fazer nosso almoço, um nó se formou em minha garganta que eu jurava que nunca mais iria sair.

E então comemos, Christoffer contando histórias e eu tirando sarro da cara dele.

Não sei se é possível, mas eu estava muito feliz e muito triste ao mesmo tempo.

Feliz por ter esclarecido todos os meus sentimentos e ter conhecido em poucos meses a pessoa incrível que Christoffer é.

E triste por só ter percebido o quanto eu estava envolvida ontem de noite. E devastada por eu e eles não sermos compatíveis.

Depois de termos lavado toda a louça do almoço, eu quase desisti e implorei para ele ficar. Queria dizer que nós podíamos sim ficar juntos.

Que poderíamos aprender um com o outro, evoluir juntos.

Mas eu sabia que era mentira e não faria ele passar por isso. Nosso relacionamento seria uma bomba relógio.

Já na porta da minha casa, Chris me olha com os olhos tristes.

"Eu vou sentir a sua falta." Confessa.

Eu rio sem emoção.

"Mas é claro que vai." Digo brincando.

Estico meus braços e envolvo sua cintura com eles, Chris apoia seu queixo no meu ombro e suas mãos também me abraçam.

Ergo a cabeça e junto nossos lábios.

Nosso último beijo era carinhoso, não havia malícia alguma, mas havia saudade, saudade de algo que nunca foi real.

Nunca existiu um "nós".

E dói reconhecer que nunca irá.

Meus olhos enchem de lágrimas mas eu as impeço de cair.

Ele beija minha cabeça e se vira caminhando em direção a calçada.

"Adeus, Eva Mohn." Fala mais alto, pelo fato de já estarmos mais distantes.

Com a barriga embrulhada respondo.

"Adeus, Chris Schistad."

Fecho a porta, olho para minha casa e me dou conta do que acabou de acontecer.

Ver ele na escola todos os dias vai ser uma das piores coisas que já me aconteceu.