Os homens que ali estavam sequer trocavam olhares comigo. Eu sabia a impressão que poderia passar e ninguém ousava falar comigo. Eu apreciava isso, não queria ser interrompida enquanto Scarlett dançava para mim.

Afrouxei um pouco minha gravata e me sentei na cadeira alta junto ao balcão do bar.

— Bourbon — pedi para o bartender que, um pouco longe de mim, limpava o balcão com marcas de copos.

— É pra já — o homem lotado de tatuagens e touca preta jogou uma piscadela.

A música abruptamente parou e a dela foi adicionada.

Eu já conhecia a música de Scarlett.

Lambi os lábios predatoriamente, sem ao menos olhar para ela.

O bartender apareceu com o copo achatado, com o líquido amarronzado, e o escorregou pelo balcão.

Peguei o copo e o levei em meus lábios. O whisky invadiu minha boca e a explosão forte do álcool dominou toda sua extensão. Engoli e a bebida desceu quente e ardente pela minha garganta. Um perfeito copo para encorajar minhas expectativas.

Eu me virei, ficando de lado e a fitei dançando da maneira sinuosa que fazia minha boceta se apertar satisfatoriamente.

Não demorou muito para seu olhar procurar por mim e me encontrar.

Ela começou a dançar para mim. Cada movimento, toque do corpo, rebolar, Scarlett fazia tudo aquilo para mim.

Eu levantei uma sobrancelha e ergui o copo que estava segurando.

O que eu não faria para acabar com essa garota e ouvi-la gritando meu nome? Meus dedos coçaram. Sorri ao pensamento, um delicioso arrepio se espalhou pela minha nuca e cabeça, o que me forçou a beber mais um pouco do meu whisky.

Por nenhum segundo do show, desprendi os meus olhos do corpo de Scarlett. Tão absolutamente apetitosa, era como olhar para o sol.

Essa garota tinha idade para ser minha filha, mas seus movimentos, seu olhar e tudo em Scarlett fazia com que eu me atraísse por ela.

Antes que música acabasse, eu partia.

Eu ainda não sabia porque fazia isso. Mas a sensação era de que minha vulnerabilidade aumentava cada vez que Scarlett olhava para mim ou se tocava. Era perigoso, eu não gostava de me sentir exposta dessa maneira, mas ela conseguia. Através de seu olhar, ela era capaz de me enxergar. Seus olhos não hesitavam e as pessoas faziam isso quando olhavam para mim. Era como se ela tivesse o poder de chegar em mim e tudo isso apenas pelo olhar.

Levantei-me, terminando com a bebida, saquei minha carteira no bolso de trás de minha calça e joguei a nota no balcão, não esperando o troco. Eu subornava o bartender para que todas as quintas ele guardasse essa cadeira para mim. Daqui poderia ver a minha dançarina perfeitamente, sem estar muito perto, e ela poderia me fitar o quanto quisesse.

Ajeitei meu rabo de cavalo passando meus dedos novamente pelo meu cabelo e arrumei as mangas de minha blusa. Virei os calcanhares e fui em direção à saída quando sua música acabou. Porém, ao chegar na porta, parei. Respirei fundo inflando minhas narinas. Sentindo o cheiro de cigarro, suor e homens. Fiquei ali parada encarando a porta.

Eu rocei meu polegar contra o indicador e dedo do meio. Iria me precipitar, eu não acompanhava mulheres que conseguiam me enxergar. Mas, eu precisava dela. Eu queria Scarlett. Ansiava pelo seu suspiro. Ouvir sua voz, sua respiração contra mim.

Prová-la, senti-la, fodê-la. Qualquer coisa.

Aquela garota, era o meu cataclisma.

O meu tendão particular de Aquiles.

Entre elas #3 : Perfeita para mim (Romance Lésbico)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora