Para a minha sorte, hoje a luz vermelha não estava acessa. Então, eu conseguia observar seus olhos melhor. Eles eram incrivelmente negros e atentos. Nada passava despercebido por eles.

Lambi os lábios inconscientemente e meu corpo inteiro reagiu ao seu olhar. Eu me sentia patética perante aquilo, ficar perdida por uma mulher com a qual nunca troquei uma palavra sequer.

Muitos se perguntavam como eu, uma garota que gostava apenas de mulheres, dançava para homens. Era simples, o dinheiro. Eu estava aqui pelo simples fato de ganhar bastante dinheiro. Era sozinha e precisava me sustentar e, bem, eu gostava de usar minha sexualidade para ganhar dinheiro mais fácil. Obviamente que eu tinha o plano de parar, mas por enquanto isso era um sonho um pouco distante.

A música foi transcorrendo e eu dançava sempre para ela. A cada movimento, a cada rebolado, cada vez que minhas mãos tocavam em meu corpo era para aquela mulher. Tudo era absolutamente para ela.

Então, ela fazia o que sempre fazia. Tomava uma última golada do seu whisky, se levantava acertando a manga do seu terno preto, procurava sua carteira no bolso da calça e jogava uma nota para o barman. Ela passava a mão pelo rabo de cavalo do seu cabelo e me olhava uma última vez, jogando um último sorriso minimalista. Virava seus calcanhares e caminhava tranquilamente para fora da boate com toda sua imponência.

Ela era uma mulher que tinha um andar arrogante e com autoridade. Não era para menos, ela deveria ter mais ou menos 1,80cm de altura. Eu nunca vira uma mulher tão alta como ela e eu, com os meus míseros 1,65cm, desaparecia ao lado dela.

A música não tinha acabado e ela se fora. Agora, eu já não me importava tanto em me empenhar. Meu olhar preferido fora embora. Era engraçado, pois, quando ela estava aqui, era o dia que surpreendentemente eu ganhava mais dinheiro. Talvez por me empenhar tanto para chamar a sua atenção, me resultava boas quantias. O dono da boate ficava satisfeito e eu... também, não apenas pelo dinheiro, mas por ela. A sensação que eu queria era que aquela mulher sentisse prazer só em me olhar.

Deus, eu queria dar prazer para um alguém que eu nem conhecia.

Era para rir de tão patético.

A música acabou.

Aplausos.

Gritos carregados de prazeres.

Cigarros.

Dinheiro.

Eu me agachei pegando as notas, sorrindo despretensiosamente, e saí para os bastidores.

O lugar era apertado e abafado. Com espelhos, bancadas lotadas de maquiagem e araras com diversas roupas eróticas. Parecia com os camarins de pequenos teatros, era organizado, porém era abarrotado o suficiente para caber no máximo quatro pessoas por vez. E para minha sorte, o movimento não estava como o de sábado, quando verdadeiramente o clube enchia.

Havia apenas Tina e Lucy se preparando para o próximo número.

Elas eram as minhas dançarinas preferidas do clube. Tina era uma amiga próxima. Uma mulher loura e baixa como eu. Seus olhos eram grandes faróis azuis. Ela trabalhava para sustentar dois filhos e uma mãe doente. Fazia tudo sozinha, seu marido havia lhe abandonado antes mesmo de eu conhecê-la. Tina também era dançarina. Ao contrário de Lucy, outra loura, porém seu cabelo era mais escuro e seus olhos castanhos claros. Lucy era uma mulher engraçada e falava alto. Por vezes já a vira sair acompanhada com homens do clube, mas não era íntima o suficiente para perguntar o que acontecia e, bem, também não era da minha conta. A não ser que ela precisasse de minha ajuda.

Tina se inclinava para se enxergar melhor no espelho, enquanto aplicava o batom roxo com os seios desnudos. Lucy segurava o cigarro com a boca e suas mãos trabalhavam para colocar um espartilho azul.

Entre elas #3 : Perfeita para mim (Romance Lésbico)जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें