Um Ano Antes

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Diário da Camy:  O dia que minha vida começou a ficar cinza.

Era um dia como outro qualquer, era inicio de março aqui no Rio Grande do Sul e minhas aulas na faculdade haviam retornado  à uma semana. Era uma sexta-feira, o fim de semana estava chegando e minha amigas tinham me convidado para ir a uma barzinho próximo a faculdade naquela noite. Não pude recusar, pois fazia tempo que não saiamos. Eu não gostava muito de sair, mas minha amigas sempre insistiam, ainda mais que a faculdade estava quase acabando, elas falavam que devíamos aproveitar.

-Camy, não esquece, as oito horas eu passo pra te buscar na sua casa.

Bruna não ia me deixar ficar em casa mesmo.

-Ok. Não vou esquecer. A tarde eu tenho estágio, mas chego em casa as sete, me arrumo rápido.

Eu fazia no período da tarde um estágio do meu curso, eu gostava de manter minha cabeça ocupada.

- Ta bem. Te vejo as oito, Camy.

-Estarei esperando ansiosamente. Tchau Bruna.

Bruna ignorou minha resposta sarcástica. Quando ela queria algo, ninguém tirava da cabeça dela. Sempre admirei isso nela.

Durante toda a faculdade, me identifiquei somente com Bruna e Emma, minhas colegas desde o inicio do curso. Bruna era de São Paulo, ela queria cursar relações internacionais, mas se apaixonou por turismo, seus pais reprovaram essa decisão no inicio, diziam que este curso não tem futuro, que não lhe garantiria seu sustento. Mas assim como eu, ela queria viajar pelo mundo, conhecer novas culturas. Até combinamos de sair juntas para viajar após a formatura. Bruna e eu eramos espíritos livres, loucas por aventura.

Emma era daqui do Sul mesmo, entrou para o curso de turismo após pedir transferência do curso de história. E antes disso, Emma cursava filosofia, ainda não tinha encontrado o curso ideal para ela. Mas como ela mesmo disse uma vez, o turismo à acolheu, então ela decidiu ficar. Me senti assim também quando iniciei as aulas, como se eu estivesse em casa. Eu sabia que aquele curso era o certo para mim.  


Cheguei em casa por volta do meio dia após a aula, como a cidade é pequena, meus pais conseguiam almoçar em casa e retornar ao trabalho na maioria dos dias. Meu pai sempre dizia que devíamos valorizar a família e aproveitar cada momento que a vida nos proporcionava passar juntos.  Então, era o que fazíamos. Como eu pretendia passar o próximo ano viajando, aproveitava todo o tempo que me restava livre para passar junto deles. 

Quando cheguei em casa, minha mãe já estava com a mesa para o almoço pronta, ela sempre fazia comida a mais no jantar para sobrar para o almoço no dia seguinte. Era tudo calculado.

- Oi mãe.

-Oi filha, vai lavar as mãos, o almoço já está pronto.

- Está bem. E o meu pai?

- Seu pai deve estar chegando, me ligou faz vinte minutos, estava saindo do trabalho.

- Quando retornei do banheiro, minha mãe estava em choque. Seus olhos vidrados no celular anunciavam que algo ruim acabará de acontecer.

- Mãe, o que houve? Alguém te ligou?

Foi então que eu ouvi aquelas palavras, eu sabia que aquelas palavras iriam marcar minha vida para sempre. Como pode a vida ser tão frágil assim.

- Seu pai estava no trânsito e um carro passou no sinal vermelho e se chocou com o carro dele. Chamara a ambulância, mas seu pai morreu a caminho do hospital.

- Naquele momento, minhas pernas falharam e meus olhos embaçaram, era como se alguém tivesse me atingido no peito e arrancado meu coração. 

-Como assim? Meu pai, morto? 

Minha voz falhou, não havia mais nada a ser dito. Eu não estava acreditando que meu pai não chegaria para o almoço, ele não contaria como foi seu dia no jantar, não me daria um beijo de boa noite. Nada destas coisas aconteceriam novamente. 

Minha cabeça parecia que iria explodir. E foi então que tudo ficou preto...

Não sei quanto tempo fiquei desmaiada, acordei e percebi que estava deitada no sofá. Bruna, minha amiga estava sentada no outro sofá me observando.

- Oi, Camy você está bem? Sua mãe me ligou, pediu que eu viesse ficar com você. Ela acabou de sair, foi resolver algumas coisas para o funeral. Eu sinto muito pelo o que aconteceu.

Foi então que eu lembrei, nada daquele dia era um sonho. Era a minha vida real se tornando um pesadelo!

- Bruna, obrigada por estar aqui. 

Eu não consegui falar mais nada. Minha voz falhou novamente, as lágrimas vinha com facilidade, então Bruna sentou-se ao meu lado e me abraçou. 

Era exatamente o que eu precisa naquele momento. 


Continua...


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Continuem lendo daí, que eu escrevo daqui.  Beijos.


Tudo Mudou Naquele MinutoWhere stories live. Discover now