José

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De frente pra janela, incerteza: um milhão de dúvidas na cabeça. Manhãzinha, a luz da aurora anuncia um novo amanhecer, e José, homem moço, mal sabe o que fazer.

Como explicar ao mundo tal conto: "minha futura esposa concebida pelo Espírito Santo".

"Ah, José! Deixe de ser besta! Essa mulher está colocando chifres na sua cabeça..."

Agora, é um homem contra o mundo todo: viver pela fé ou morrer de desgosto.

Mas José sabe, conhece sua noiva Maria. E bem sabe que tal pecado ela não cometeria. "Maria é mulher virtuosa! Vale mais que a mais rara das rosas!"

José se volta para o armário. Terno pendurado. Dentro de horas, seu casamento. É agora ou nunca: assumir a improvável história ou fugir desse laço horrendo!

"Como sei, se creio ou não?"

Não se esqueça, José, do sonho, da visão. O anjo de Deus que lhe visitou pela madrugada, para te garantir que essa história não é furada. 

Que missão, homem! O esposo da mãe do Salvador! Missão dura, ardida, cheia de dor. Entre tantos moços, você foi o escolhido. Salve, varão valoroso! Ergue a cabeça, amigo!

"A missão sera árdua, dura, entre perseguições e fugas. Terás que educar o menino na retidão, pois dele virá, do mundo, a Salvação. Terás que amparar sua esposa, e nela confiar. Ser seu fiel companheiro, é à ela guardar."

José se recorda das palavras do anjo que o veio visitar. "É, não é todo dia que algo assim acontece: um anjo a me acordar."

Força, José! Forca! Seja homem, seja forte! Missão dura, mas o Senhor será seu norte!

E José se levanta, vai ao armário, põe o terno. Crê na palavra, cumpre a ordem do Superno! Ajusta a gravata, um belo nó, a alinha:

"Não vou abandonar a mulher que amo, Maria. E se fomos nós, os agraciados, não irei fugir. Estou pronto! Me ajude, Senhor. Eis-me aqui!"

De frente pra janela, certeza. Já não há mais uma dúvida na cabeça. Aurora no céu anuncia o sol que vai nascer. O Sol da Justiça, que vem curar todo aquele que crer.

Maria da PeriferiaWhere stories live. Discover now