Na sala da casa da amiga Milena, Silvia espera o esposo da mesma para lhe dar uma carona até o trabalho onde ambos trabalham juntos há anos. Enquanto o esposo da Milena se arruma, Silvia desabafa com a amiga sobre sua atual separação meio que turbulenta e sem solução imediata para um novo reatamento.
- Larguei Robert - desabafa Silvia com a amiga Milena. A mesma sem muito o que fazer, abraça a amiga e faz uma pergunta.
- Ouve uma razão para tal situação Silvia?
- Não. So me sentia infeliz demais no relacionamento. (Responde silvia.)
Milena - Sinto muito, mas foi so isso mesmo?
(Risos acanhados tomam conta da sala. enquanto o marido da Milena exclama:"- Tô saindo do banho meninas!" Ambas responde um ok. Mas em seguida Silvia responde a pergunta da amiga.)
- Na realidade ele não me dava atenção. Era demais bruto, imaturo, não me ajudava em praticamente nada em casa e o pior, era ruim de cama.
Milena - Vejo que tirou um fardo da costa?
Silvia - Você não sabe o quanto isso me deixa triste e feliz ao mesmo tempo.
Milena - Devo imaginar.
(Um breve olhar de observação paira no ar entre as amigas. O esposo de Milena atravessa novamente a sala de toalha. Ambas o olham e ele pergunta se as mesmas estão bem. Elas respondem que sim. Então o mesmo vai até o quarto se trocar. Silvia em seguida faz uma ressalva.)
- Teve um carinha da empresa que me ajudou a dar um ponto inicial na situação.
Milena - Então, teve traição?
(Silvia dar altas gargalhadas e logo responde.)
- Diria: que um simples flerte.
Milena - Nem uns beijinhos?
Silvia - Sim, Mas sem tanto envolvimento.
Milena - Quer dizer que foi algo casual?
Silvia - Também. Mas teve uma coisa de olho no olho, de envolvimento e atração de um com o outro, entendeu?
Milena - Sei. O negócio é sério?
Silvia - Talvez, Já que ele também é casado.
(Milena não entende o porquê das traições. Evita expor uma crítica e faz outra pergunta.)
Milena - Então já que ambos são casados. - O que será dos filhos de vocês?
Silvia - Terão que se adaptar à nova situação.
Milena - Mas você sempre dizia que os pais eram os espelhos dos filhos?
(Silvia olha nos olhos da amiga e pergunta.)
Silvia - É uma crítica?
Milena - Diria: que é uma simples pergunta.
Silvia - Bem... continuaremos sendo os mesmos espelhos so que em casas diferentes.
(O esposo de Milena aparece mais uma vez dando um aceno para ambas e os retoques finais na roupa que está vestindo para ir ao trabalho.)
Milena - Na empresa não há comentários sobre vocês?
Silvia - Sim. O chato é aguentar as piadinhas sem graça dos idiotas de plantão.
Milena - E o que vocês pretendem fazer quanto à isso?
Silvia - Nada. As pessoas têm memória curta e com o passar dos dias cai-se em esquecimento.
Milena - Sim... sim... E as feridas expostas como ficam?
Silvia - Cura-se com o tempo e com o passar dos dias. Eis o remédio certo para curar qualquer ferida.
(Melena observa Silvia mais séria do que no início da conversar.)
Milena - Parece seca nas respostas?
Silvia - Não. É so um pequeno escudo, uma espécie de bloqueio contra invasores curiosos. Mas, logo passa.
(Milena acha que foi longe nas perguntas e logo muda de assunto.)
Milena - sei, sei, me desculpe se fui demais curiosa. Mas uma pergunta não quer calar, os Exs como se sente?
Silvia - Feridos e magoados com razão.
Milena - Pela traição ou separação?
Silvia - Diria: que pelo os dois.
Milena - Então você quer dizer que teve mesmo uma traição?
(Silvia não gosta do tom traição e tenta dar outra explicação adaptável para a amiga.)
Silvia - diria que atração, mas cada um interpreta da forma que o mesmo achar melhor.
Milena - Me desculpe se fui demais crítica, Não queria te magoar. É que minha mãe sempre diz que não existe uma situação ruim que não possa ficar pior com o tempo.
Silvia - Virou psicóloga?
Milena - Estou tentando ser cômica com a situação, quebrar um pouco o gelo, entende.
Silvia - Não. Na verdade é que em certos momentos ficamos realmente atados e sem saber muito o que fazer com a situação ao nosso redor.
Milena - Creio que agora vocês devem ter um cuidado redobrado para não se exporem demais?
Silvia - Sim. Mas chega um momento que não sabemos realmente o que vem pela frente, ou o que fazer. E o que nos resta é sempre nos preparar para o pior. para podermos pelo menos minimizar um pouco mais a situação.
(Milena fica com a cabeça cheias de ideias e tenta contornar a situação.)
Milena - Creio que saberão o que fazer na hora certa?
Silvia - Sim. O chato é aguentar os psicólogos de plantão querendo explicar o que não tem mais jeito, solução ou explicação.
Milena - Parece uma adolescente apaixonada tentando fugir do inevitável?
Silvia - Talvez. Mas é algo bom que estamos vivendo. So estou com medo de magoar pessoas que gosto e fazem parte do nosso ciclo de amizades. Na verdade so tentamos fugir um pouco dos monstros criados em nossas mentes.
(Silvia criou outra dúvida que Milena gostaria de tirar a limpo)
Milena - Quer dizer que ele é do nosso ciclo de amizades?
Silvia - Sim.
Milena - E que monstros seriam esses?
Silvia - Os pensamentos e tormentos que nos perturbam o tempo todo e que estão prestes a nos devorar.
Milena - Espero que supere a situação e seja feliz? -
(Silvia olha nos olhos de Milena e agradece como que desejando o mesmo para amiga.)
Silvia - Obrigada amiga.
Milena - De nada.
(O esposo de Milena sai do quarto arrumado. As amigas se levantam do estufado, se abraçam e se despedem. Milena e o esposo fazem o mesmo, se beijam em seguida. Enquanto Milena acompanha os mesmos até a porta de saída. Ambos acenam um "até logo" entre si. Milena fecha a porta da casa e vai até o quarto cuidar das crianças. Enquanto o esposo de Milena pergunta a Silvia se ela falou do amigo que a ajudou na separação. Silvia responde que ela nem desconfiava de que ele era o tal amigo que o ajudara na separação. Ambos entram no carro, beijam-se e saem em disparado em direção ao próximo motel.)
(Francisco Nunes)