Inverno Canadense

Uma coisa inesperada

Era, aproximadamente 23h em Montreal, quando Toni finalmente chega ao hotel. Recusando o elevador, Toni começa sua longa caminhada escadaria a cima até o décimo andar. Agradável e bem iluminada, boa temperatura, degraus em cor vermelha devido ao carpete, paredes divididas em duas cores, azul turquesa do meio para cima, e branco do meio para baixo. "Bom acabamento" exclamou Toni. Ao chegar perto do sétimo andar, Toni é, agradavelmente surpreendido por um livro de bolso que lentamente cai por sobre os degraus vermelhos do carpete. Então sua curiosidade é despertada ao ouvir uma tão suave e melodiosa voz, que é misteriosamente escondida pelos vãos de escada acima. "Sou uma desastrada, onde ele está ?" entoava a voz por entre as paredes, vãos e degraus daquela escadaria. Quando então Toni é surpreendido por uma tão linda moça, de baixa estatura, morena, cabelos castanhos escuros e cacheados, olhos de cor idênticos a seus lindos cachos, e tão graciosos e grandes que eram capazes de sorrir por si só, vestida de calças jeans azul clara, com sobretudo e botas pretas, e seu cachecol acinzentado. Perplexo, confuso e assustado, Toni não proferi uma palavra sequer, totalmente perdido no olhar da moça. Era Bethany, jovem norte-americana de 26 anos de idade.

-Boa noite, senhor !

Exclama Bethany, com um sorriso deslumbrante de orelha a orelha.

-Boa noite, senhorita !

Responde Toni, com um meio sorriso e ainda perdido no olhar da moça. Depois de alguns segundos, Bethany então toma a iniciativa e diz:

-Você viu um livro por aí ? Ele ganhou vida e saltou de minha mão. Caiu tão rápido que nem ao menos consegui o acompanhar.

Ainda fixado em seu olhar, e em seu sorriso, Toni põe a mão no bolso esquerdo de seu sobretudo azul marinho, e retira o livro da moça.

-É este ? Foi o único sujeito que vi caindo pelos degraus, e realmente ele me parecia bem apressado.

Responde Toni, com um leve sorriso em seu rosto, esticando a mão que segurava o pequeno livro.
Ao tomar o livro para si, Bethany rapidamente desvia o olhar de Toni, ato que não a fez perceber que Toni mantivera sua mão esticada em direção a ela, até que percebeu o ato de Toni logo após sua apresentação:

-Muito prazer, meu nome Toni, Toni Hawers.

-Prazer, meu nome é Bethany.

Respondeu a moça que parecia estar com pressa, e pouco interessada em manter um diálogo, já esboçando um giro para continuar subindo os degraus. "Não vou insistir, vou sair aqui da escadaria, e pegar o elevador até o meu quarto."  Pensou Toni, e o fez, sem pensar novamente, deixando Bethany para traz sem ao menos ver se ela realmente tivera continuado a subir os degraus.
Ao tocar a maçaneta dourada e fria, Toni sente um breve arrependimento, que logo é dissipado ao ouvir os passos de Bethany subindo os degraus da escada.
Ao entrar no corredor de paredes brancas, iluminadas por lamparinas douradas juntas a parede, e de um carpete, agora verde claro, esticado pelo chão do corredor, Toni respira fundo, põe uma de suas mãos sobre sua nuca, inclina sua fronte em direção ao chão, e então esbraveja "o que foi isso?" ainda um tanto confuso, Toni logo em seguida decide não pensar mais em Bethany, afinal era uma desconhecida, que, provavelmente, não tornaria a ver novamente, e por se julgar muito ocupado e sem tempo para relacionamentos, Toni levanta seu rosto já completamente decido a esquecer o que tivera acontecido a poucos minutos na escadaria do hotel, e então seguiu para o elevador.
Chegando no décimo andar, quando as portas do elevador sem abrem, Toni escuta barulho de Chaves se chocando contra o chão, e mais uma vez logo em seguida a voz suave e melodiosa de Bethany enche o corredor daquele andar. "Ah, por favor ! Me ajudem. Fiquem em minhas mãos !" Exclama Bethany. Toni sem pensar, em passos largos e acelerados caminha em direção a Bethany, que abaixada tenta pegar seu chaveiro.