A viajem

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Londres, 1 de julho de 2013, aeroporto de Heathrow. As 09h e 00m do horário local, era feita a última chamada do voo com destino a Montreal, Canadá.

-Senhor Hawers ! Senhor Hawers ?

Repetiu seguidas vezes uma das funcionárias da companhia aérea, para um rapaz alto, robusto, e bem pensativo, Toni Hawers Fletchar, jovem britânico de 28 anos de idade, com seus cabelos pretos e lisos, seus olhos castanhos, e com seu tom de pele morena, porém bem embranquecida devido às seguidas viagens em busca do inverno.

-Sim, sim ! Pois não...

Responde Toni, como quem acabara de despertar de um sonho que o deixara um tanto desconcentrado do mundo real.

-O senhor pode embarcar. Tenha uma boa viagem.

Disse a senhorita para Toni.

-Ok, obrigado.

Responde Toni, sorrindo educadamente, e pegando suas poucas malas, apressadamente.
Era de costume viajar sempre em busca de neve, mas dessa vez havia algo muito importante que o movia, um motivo consideravelmente maior do que neve motivava Toni a viajar para Montreal. Dessa vez, o filho único da família Hawers se deslocava de um continente a outro em busca de "sentido". Afinal, era constantemente importunado com a seguinte indagação da senhora Abby Hawers, sua tão querida mãe "quando conheceremos a dona do coração do herdeiro das empresas Harwers ?". "Deixe o rapaz !" exclamava sempre seu pai, em tom abafado, graças ao fumegante charuto lançado ao lado direto de sua boca, e também bloqueado por sua, sempre companheira das manhãs, primeira das três edições diárias do jornal britânico The Daily Mirror, senhor Gordon Hawers, dono e fundador das empresas Hawers. Essas expressões eram as maiores lembranças que Toni carregava de seus pais, pois já eram 4 anos viajando de uma banda para outra do planeta, e sempre distante de seus pais.

A rotina o entediava todos os dias frente a tela gélida do notebook que o acompanhava em suas viagens mundo a fora, pois afinal, era seu dever fazer todas as plantas e levantamentos topográficos para o bom funcionamento, e sucesso da empresa de seu pai. A pressão para ser um engenheiro civil bem sucedido fazia parte de sua vida diariamente, pois era o filho de Gordon Hawers, um dos engenheiros civis mais renomados de todo Reino Unido. Mas Toni não se preocupava com quem seu pai era, ou com o que lhe era por direito herança, afinal, nada de tudo aquilo fazia sentido para ele. Toni queria viver, e seu tema era "viva feliz, acima do sucesso." e seguia aquilo tão fielmente quanto a um judeu segue a seu alcorão. Era sua base, seu o objetivo, embora não fosse tão feliz quanto aparentava ser.

Na noite do mesmo dia, o voo em que Toni estava finalmente chega em seu destino. "Ufa" exclamou um senhor de cabelos grisalhos que acompanhara Toni em toda sua viajem, mas que, coincidentemente, só o havia percebido naquele exato momento. Na noite gélida de Montreal, Toni se encaminha para o hotel que havia reservado com alguns dias de antecedência, a alguns quilômetros apenas do aeroporto, a exatos 20 minutos de táxi.

-O que vou fazer amanhã ? Ah, seu tolo, você precisa terminar as plantas, se não seu pai te mata.

Murmura Toni no banco traseiro do táxi.

-Pois não senhor, deseja mais alguma coisa ?

Indaga o motorista a Toni, um tanto confuso com sua repentina falácia.

-Não não ! Apenas pensei em voz alta. Perdoe-me, senhor.

Diz Toni ao taxista, que, sem o responder, acelerou o veículo amarelo e azul pelas vias de Montreal, em direção ao destino indicado por Toni.

Inverno Canadense Where stories live. Discover now