Mudanças

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            O choro amargo não cessava, sentia o nó em sua garganta por chorar em silencio, sentia os olhos nublados de tristeza arderem, sentia o gosto amargo em sua boca e sua cabeça latejando. Olhou em volta, somente se ouvia o sussurro do vento em seu ouvido e a brisa a envolvendo em um abraço frio e vazio, levantou-se e respirou fundo, soluçando, mas por fim cessando o choro, precisava de várias coisas naquele momento, precisava de um ombro amigo, de apoio, mas o mais importante...

Precisava ir para sua casa antes que desmaiasse de desespero ali mesmo.

Cerca de 20 ou 30 minutos depois, Lil chegou a seu apartamento, respirou fundo enquanto ia para seu quarto, deitou-se na cama e encarou o teto, seu rosto manchado de lápis de olho e seu olhos avermelhados pelo choro, mordeu os lábios com força numa tentativa falha de não voltar a chorar novamente e dessa vez gritando o mais alto que podia, xingava e maldizia o mundo e todos que o habitavam; acabou por adormecer enquanto chorava, o travesseiro sujo de lápis de olho.

O dia não começou bem para Lil, seus olhos inchados e sua cabeça ainda doía, mas assim que sentou na borda da cama, levantou rapidamente e em uma fração de segundos estava no banheiro, vomitando tudo que havia comido na noite passada antes de seu "ataque de choro", minutos depois o vômito cessou e ela levantou com uma expressão de cansaço, lavou a boca e escovou os dentes, lavou seu rosto e observou seu reflexo no espelho.

- Bem, Lil. Você se meteu nisso e terá que se virar sozinha, como todos dizem, "ninguém mandou abrir as pernas", não é? –sorriu forçadamente e em seguida suspirou, desfazendo seu falso sorriso. – bem, somente eu e você, camaradinha. –deu um leve tapinha em sua barriga, em seguida saindo do banheiro e indo para sua cozinha.

Pegou uma jarra de suco e colocou num copo, começou a bebericar o liquido enquanto observava o cômodo levemente bagunçado, terminou de beber seu suco e se tornou pensativa por alguns instantes, pegou um pacote de pães de forma e fez um sanduiche, começou a comer enquanto abria a janela com a outra mão e se debruçava ali, observando seus vizinhos estenderem roupas, saírem do local com seus cachorros ou levando seus filhos a escola.

- Filhos. – pensou enquanto terminava de comer. Entrou em seu quarto e começou a vestir-se, enquanto às vezes se olhava no espelho de seu guarda roupa. – Filhos, é até que engraçada essa palavra. – riu com o pensamento e observou-se no espelho.

Uma calça jeans escura, uma camiseta cinza com a estampa de algumas pedras preciosas, sua tão amada jaqueta jeans desbotada com suas mangas dobradas até seus cotovelos e coturno preto. Penteou suavemente seus curtos cabelos castanhos com mechas de cor mel e arrumou seu colar que estava torto, sentiu-se satisfeita e catou sua mochila do quarto, saindo do local e trancando sua casa com a chave.

Sentiu seu celular vibrar de dentro de sua bolsa, estranhou por ainda serem 05h34min da manhã, porem pegou o aparelho enquanto descia as escadas, desbloqueou sua tela e se deparou com uma mensagem de quem menos queria receber no momento.

"Stanford

- Bom dia, amor. Dormiu bem? ^-^"

Parou de andar por um estante, sua respiração acelerada e seu coração batendo forte de nervosismo guardou seu celular no bolso e voltou a andar, saiu rapidamente do bloco de apartamentos onde morava e caminhou até o ponto de ônibus mais próximo, durante o trajeto, mais mensagens foram enviadas, isso a deixava cada vez mais inquieta, tirou seu cartão do bolso e adentrou o local onde esperava o ônibus chegar, sentou-se enquanto sentia o celular remexer-se em sua bolsa como louco.

"Stanford

- Amor?

- porque não me responde?

- Lillian.

- É você realmente?

- Amor "

O nervosismo deu lugar ao remorso enquanto observava as ruas passando pela janela daquele ônibus, deveria ter respondido as mensagens? Ou fez o certo ao ignora-las? Tentou afastar esses pensamentos e se concentrar em ler as placas para descer em seu destino; Minutos se passaram e já chegara onde queria, desceu no ônibus e caminhou por cerca de 20 ou 30 minutos até chegar a uma maternidade.

Observou todas as mulheres presentes no local, respirou fundo enquanto se sentava em um acento ao lado de uma mulher gravida de mais ou menos 6 meses de gestação, a observava sorrir e falar com seu marido enquanto acariciava a barriga, o homem ao seu lado também parecia feliz; desviou o olhar, pensando no pai do pequeno ser que crescia lentamente em seu ventre.

- Eu deveria contar? Vou estragar a vida de nós dois se fizer isso. Ah, é nisso que dá se meter com seu professor, sua burra. – pensou enquanto esperava.

Quase uma hora depois, Lillian foi chamada, fez seu exame de sangue e começou a seguir o caminho de volta, eram por volta das 07h45min enquanto caminhava até o ponto de ônibus para ir de volta para sua casa, porem uma figura familiar a parou no meio do caminho.

- hello kid – Ouviu a voz rouca e calma de Spencer chama-la.

Olhou para trás e o jovem homem de cabelos pretos a observando com um pequeno sorriso em seu rosto, usava sua costumeira boina e casaco roxos, o homem aproximou-se e ambos começaram a caminhar enquanto conversavam sobre qualquer besteira.

- Então kiddo, o que tá te deixando inquieta? Tu não é assim de falar tão pouco. – comentou enquanto ambos sentavam-se no ponto de ônibus.

- É uma longa, longa historia envolvendo eu e meu professor, Spencer, uma longa historia. – Falou pausadamente e com a voz um tanto quanto melancólica, o assunto lhe incomodava consideravelmente.

- Hum, entendo que não quer fala "disso", mas uma hora vai ter que falar não é? – Falou ainda calmo, dobrando as pernas e encarando o céu claro da manhã.

A jovem de cabelos curtos não respondeu e o silencio instalou-se no local, somente se ouvia os carros naquele lugar pouco movimentado, ambos estavam imersos em seus pensamentos e isso se prolongou por alguns longos minutos que teimavam em passar.

- Spencer. – O chamou com a voz baixa.

- Sim? – Respondeu prontamente.

- Você já cometeu um erro ao qual se arrepende muito, mas não tem nenhum jeito de consertar, e essa sua ação afetará não só você, mas também todos ao seu redor? – Perguntou um tanto quanto impaciente com a resposta do outro, o silencio novamente reinou. – Tudo bem... – Falou baixo enquanto levantava ao ver seu ônibus chegando.

O outro simplesmente levantou e ficou ao seu lado enquanto aparentemente refletia sobre a pergunta anteriormente feita e formulava uma resposta, vez por outra encarava a mais nova, abria a boca para falar e desistia, ambos entraram no ônibus e seguiram caminho.

Mais uma vez estava sozinha em seu pequeno apartamento, encarando um ponto imaginário e refletindo sobre tudo enquanto somente queria que o tempo passasse o mais rápido possível parar que pudesse saciar sua cruel duvida, e as horas se passaram tortuosamente para a jovem de cabelos castanhos. 

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⏰ Terakhir diperbarui: Apr 22, 2017 ⏰

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