Capítulo 3

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Como combinado Artur me esperou a poucos metros da empresa e eu podia ver que ele esfregava as mãos freneticamente na tentativa falha  de se aquecer.Me aproximei dele e disse:
- Pra alguém tão esperto sair sem estar devidamente agasalhado morando em uma cidade como Curitiba não me parece uma atitude muito inteligente.
Rindo ele respondeu:
- Pois é,sempre sou enganado por esse tempo traiçoeiro.Mas e quanto a você?Já se acostumou ao clima da cidade?
- Olha não muito,mas eu tento me adaptar o máximo possível.Vamos?Não quero ser a causadora de uma possível pneumonia de um funcionário da empresa.
  Ele riu, e fomos andando vagarosamente em direção a estação tubo que me levaria ao meu lar doce lar.
Contei a ele o trivial sobre minha vida, como o que tinha me levado a sair da minha cidade e como acabei parando naquela empresa.Ele me parecia genuinamente interessado no que eu lhe contava e isto fazia com que eu me sentisse tranquila em sua presença.Fazia muito tempo que eu não conversava com ninguém que não fossa da minha família,eu não era nenhuma antissocial mas o trabalho me deixava tão exausta que eu não me sentia disposta para sair e fazer novas amizades.Para alguém tão jovem eu me sentia uma velha as vezes.
- Olha eu menti pra você,eu não moro longe,meu apartamento é aqui pertinho mas eu não gosto muito de andar.- lhe disse.
Ele sorriu e respondeu:
- Tudo bem,vou te dar um desconto porque você parece trabalhar mais do que seu corpo aguenta mas nós podíamos dar uma caminhada nesse fim de semana quem sabe?Pra espantar o sedentarismo porque eu também não sou muito de me exercitar.
Ele estava me chamando pra sair?tipo um encontro romântico no parque?Ok se acalme Daniela pare de imaginar coisas ele só esta sendo gentil.Eu tenho essa mania horrível de imaginar situações futuras que só ocorrem na minha cabeça.Isso que dá não ter maturidade emocional pra lidar com as coisas.Voltei do meu pequeno transe e lhe respondi:
-Olha se for pra caminhar tem que ser no parque Barigui e tem que ser um belo dia de sol algo que não acontece em Curitiba então sinto muito mas eu vou continuar sedentária.
Espera eu dei um fora involuntário nele?Não é um fora quando a pessoa não tem interesse em você é?
-Eu vou somente se você pagar o caldo de cana porque uma caminhada sem caldo de cana não é uma caminhada certo? - tentei contornar a situação.
-Fechado.Se prepare porque eu vou cobrar.Me passe seu número pra que você não escape de mim.
Ruborizei levemente com a forma com que me disse essas palavras e por um momento me senti grata por ele não enxergar isso(Deus me perdoe por isto).Peguei seu celular e anotei meu número.Devo destacar que achei divertidíssimo o fato do celular dele "falar" os comandos necessários,algo que fez com que ele soltasse um riso de incredulidade com relação a minha atitude.
Enfim chegamos na minha estação tubo e me virei para me despedir de Artur.
-Bom nos vemos segunda então até mais.Beijei seu rosto e sua barba pinicou minha boca me trazendo uma sensação gostosa.
- A sua barba é tão cheirosa. - falei em um fiapo de voz.
Espera.Eu disse isso alto?Meu Deus.Qual o problema comigo?
-Obrigado.Chama -se banho.- Ele disse rindo.- E eu espero que amanhã faça sol pra que assim possamos nos ver de novo.
Sorri e me despedi brevemente dele mais uma vez.Meu ônibus havia chego e eu me sentei em um dos assentos com o rosto corado e uma estranha sensação de felicidade.
Ansiava por descobrir mais sobre Artur,sua vida,seus medos,como era sua família e derepente me peguei desejando silenciosamente que fizesse sol no dia seguinte.

O amor é cegoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora