Pesadelo

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Eu tenho medo do mar desde que eu era criança. Pensava nos monstros que havia nas profundezas da água e tinha pesadelos quase todas as noites. Sonhava com o mar me engolindo inteira, puxando-me para cada vez mais fundo. Essa noite o mar transformou-se em um par de olhos azuis que me encaravam com fúria e desejo. Eu era puxada como um imã e então, quando cheguei perto o azul dos olhos tornaram-se vermelho sangue.

Seu rosto estava muito pálido, destacando seus grandes olhos verdes, até mesmo seus lábios e bochechas, comumente rosadas, estavam sem vida.

Foi tudo tão rápido que Eliza só conseguiu processar o que estava acontecendo quando os caninos afiados de Jensen estavam em seu pescoço. A dor agonizante foi abafada pelo choque da descoberta assustadora. Era o fim, ela sabia e agora, ela queria que realmente acabasse.

Quando ele se afastou, ela viu seu próprio sangue escorrer do canto da boca desenhada do belo homem a sua frente, mas a sua beleza era o que ela menos enxergou naquele momento, tudo o que ela via era um monstro.

Jensen a olhava com uma expressão indecifrável pelo que pareceu minutos a fio. Ele respirava forte, segurando-a no lugar, parecia tentar se controlar.

A dor ainda estava ali, dando pontadas em seu ombro e pescoço. As lágrimas estavam congeladas no rosto da menina. "Isso não podia estar acontecendo, o que ele ainda fazia aqui?"

Ela achava que Jensen esperava que ela gritasse, mas ela não gritou, parte porquê estava paralisada de medo e choque, parte por não querer dar esse gosto a ele. Orgulho era tudo o que lhe restava.

Como se lesse os pensamentos dela, o loiro desapareceu do quarto (realmente desapareceu como se tivesse feito teletransporte!) e a porta se fechou. Como um apertar de botão, Eliza desmaiou.

A loira desperta horas depois, assustada por causa de um pesadelo com o mar e certos olhos azuis. Assim que recorda onde está, vê Daniel colocando um pano úmido em uma bacia contendo uma água avermelhada dentro.

- O que está fazendo aqui? – Pergunta, sentando-se depressa. Daniel a olha com expressão calma.

- Recebi ordens para cuidar de seus ferimentos. - Fala e Eliza se encolhe ao cair em si.

- Ele é um monstro. – Ela fala, afirmando.

- Nem sempre foi assim. - Daniel diz e Eliza percebe que sua fala pareceu involuntária.

- Então porquê ele se tornou isso? – Ela insiste.

- A senhorita não deve saber de tais coisas - Daniel se levanta pegando a bacia e tenta sair apressadamente. – Espero que melhore.

- Daniel, espera!

- Sim?

- Eu estou com fome, não como nada desde que cheguei aqui. – "E como se não bastasse, ainda sou sugada por um monstro." Eliza pensa.

- Oh, céus! – Ele bate a mão na testa insatisfeito consigo mesmo. – Perdão... Você precisa se alimentar! - Daniel sorri e pede para que ela o acompanhe.

"Todos precisamos nos alimentar, não?", pensa.

Eliza o acompanhou. Eles passaram pelo corredor e desceram as escadas, atravessando a sala por onde anteriormente, a moça havia escutado a conversa terrível na qual a loira era assunto. A lembrança do que aconteceu depois apertou seu coração, fazendo-a tremer.

A cozinha era linda, muito espaçosa e com vários itens tecnológicos e eficientes. Havia uma mesa de jantar que cabiam oito pessoas e ela se perguntou se existiam mais moradores ali, mas tinha medo da resposta, principalmente se os outros fossem iguais a ele.

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