Mortais

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Após essas lembranças, o sinal da última aula toca e desperto com pressa arrumando meu material.

Olhei em volta e todos tinham saído, suspirei aliviada e andei calmamente pelos corredores da escola olhando os trabalhos das crianças e tendo algumas memórias voltadas ao passado.

Cansada, essa palavra define muito pouco de mim nesse exato momento, eu tô é morta, mas vou passar na biblioteca para terminar meu livro em um lugar calmo.

Cheguei na biblioteca após uma longa caminhada e busco meu livro entre as prateleiras, quando fui pegar "como eu era antes de você" uma mão macia e delicada vem por cima da minha.

- Eu ia pegar esse livro... - diz envergonhada e sorri.

- Ah... Pode pegar, eu vou procurar outro - disse meio sem graça e me retirei do lugar indo sentar em uma das mesas de lá, sem tirar meus olhos dela.

Ela é linda, mais ou menos 1,57, seus cabelos são curtos e castanhos, seus olhos de uma cor peculiar, mistura de azul com verde e castanho. Pensei em levantar para falar com ela, mas quando levantei, um alto barulho é feito e todos começam a gritar.

Meu coração acelerou e olho em volta tentando associar o que que houve, a garota do cabelo castanho agora o tinha pintado de vermelho, sem vida no chão com uma bala em sua testa. O peso da situação fez com que eu parasse o tempo. Respirei fundo e sentei no chão passando a mão na testa.

O que eu faço?

Oh droga o que que eu faço? Ok, eu vou voltar. Mas é uma vida, eu nunca mexi com uma vida. Mas ela é nova, droga. Será que devo...?

Olhei pela janela e vi o homem que atirou nela, ele parecia decidido, ele veio para matar ela, será que ela é alguém ruim?

Meu coração acelerado e minha respiração descontrolada, eu tenho o poder de voltar e salva-la, como vou poder viver se não fazer isso? Não é drama, uma vida está em minhas mãos.

Estendi a mão e fechei os olhos concentrando e imaginando tudo como estava antes, abri os olhos e lá estava, ela em pé escolhendo o livro e ele vindo em direção. Posicionei-me na cadeira de forma que eu pode-se sair com facilidade.

Estralei os dedos, olhei pela janela e lentamente ele se posicionava, corri até ela e a agarrei derrubando no chão, escutando o barulho do tiro e sentindo o ar passar próximo as minhas costas.

Cai no chão junto a ela e escutei de longe o barulho da polícia que talvez já esteja atrás do homem muito antes. Parei o tempo novamente e amarrei os cardaços dele um no outro. Voltei a minha posição e estralei os dedos fazendo voltar.

O homem cai, a menina ofegante abaixo de mim está confusa, sem saber o que fazer, e eu simplesmente exausta.

- Você está bem? - pergunto verificando com os olhos se tinha algum machucado.

- Sim... - Passa a mão no cabelo e respira fundo analisando a situação.

Casada com a morteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora