Heldorn

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— Quem é você? — perguntou Uric enquanto apontava uma faca para um homem quase da mesma estatura que ele.Uric estava deitado e havia acabado de acordar de um sono profundo.
— Eu quem te pergunto. Nunca o vi por aqui. Quem é você? Fale rápido antes que eu enfie sua própria faca na sua garganta.
— O que te faz pensar que iria conseguir pegar minha fa — Uric foi interrompido pelo homem que, de repente, fez um movimento que retirou a faca da mão direita de Uric.
— Última chance. — falou o homem. Ele realmente não estava brincando.
Uric engoliu em seco, mas sem demonstrar medo respondeu.
— Sou o Capitão Uric, capitão da Viúva Negra, estava no meio de uma batalha quando eu e minha tripulação fomos arrastados por um ciclone que surgiu do nada.
— Capitão? Entendi.
— Sou um dos piratas mais conhecidos da região.
— Quem você é ou era, não importa agora.
— Como assim? O que você quer dizer?
— Venha comigo, vou lhe mostrar uma coisa. — o homem pegou a mão de Uric e o ajudou a levantar.

Uric estava de pé e hesitou por um momento, mas o homem já havia adentrado a floresta quente e úmida devido o clima do lugar. Eles andaram por um tempo e de repente o rapaz misterioso virou a esquerda e passou por uma passagem que, se Uric não estivesse o seguindo não teria se dado conta de tal local.

Eles andaram por mais alguns instantes e então eles chegaram ao lugar onde o homem o estava levando.

— O que estamos fazendo aqui? — Uric perguntou.
— Aqui estão as embarcações mais antigas da região de Heldorn, e essas embarcações apareceram aqui anos atrás, assim como você, e não foram encontrados nenhum sobrevivente que explicassem o que ou como elas vieram aparecer aqui.

Eles estavam em cima de um píer com uma madeira quase apodrecida devido ao tempo e olhando para uma água verde, não por que ela estivesse suja, mas porque a água que vinha do oceano desembocava ali, percorrendo um grande caminho até chegar lá. Os navios eram grandes, todos velhos e corroídos com o tempo, e realmente não se poderia ter ideia de como vieram parar ali, talvez a correnteza os tenha levado até lá ou quem sabe poderia ter sido outra coisa.

— Lá está meu navio! — Uric falou, surpreso.

— Se ele está ali, sinto lhe dizer, mas não há como tirá-lo dali. Uma vez em Heldorn, nada retorna.
— Heldorn? O que é isso? - Uric definitivamente não estava entendendo nada.
— Não é uma coisa. É onde estamos.

— Essa Ilha?
— Quem disse que isto é uma ilha? É um mundo, é onde todos nós vivemos desde o início das eras. Desde que Denus, o anão, fundou o memorial dos três clãs onde todos começaram a viver juntos em harmonia e começaram a organizar Heldorn. Até que... — a voz do homem sumiu.

— Espera, Anões? Como assim? E quais clãs?
— Acalme-se, vou te explicar tudo enquanto caminhamos até minha vila.
— A propósito, meu nome é Curtis.

Curtis voltou pelo caminho em que haviam passado e como prometido explicou a Uric a realidade de Heldorn.

Era uma terra em que, antigamente, somente alguns anões viviam nela, até começarem a aparecer novas pessoas, novas raças. De onde? Bom, do mesmo misterioso motivo de Leonard, Marshall e Uric. Não se sabe ao certo, só se sabe que a cada cem anos um portal ou uma passagem aleatória se abria enviando pessoas de outras partes para cá. Contudo, havia se passado mais de 500 anos que não acontecia esse fenômeno, ou seja, virara apenas uma lenda, um tipo de história que se conta para as crianças antes de dormir. Heldorn então, fora conhecida como a terra dos escolhidos, pois somente aqueles que conseguiram passar pelo portal, seriam dignos de viver lá.

Os dois foram andando até a vila em que Curtis vivia, não era uma vila qualquer, era uma vila onde as mesmas pessoas que vieram como Uric viviam, eram apenas humanos. O clã dos Humanos.

E por serem humanos e terem conflito com as outras raças, eles vivam afastados dos outros clãs que viviam em Heldorn.
— Chegamos. — disse Curtis.
— Não se preocupe, está tudo bem, ninguém irá lhe fazer mal. — ele completou.

Não é com isso que estou preocupado. — a voz imponente de Uric não deixava dúvida de que seria capaz de se proteger.
— Venha, quero lhe apresentar uma pessoa.

A vila ficava fora da floresta, se podia ver várias ruas com pequenos muros de pedra e algumas casas com madeira das árvores da floresta, um ferreiro que brandia dia seu machado contra uma espada em fogo fervente e até mesmo uma charrete carregando feno para levar à casa de um senhor que cuidava da maioria dos cavalos na vila. Todos conheciam Curtis, por ser descendente de um dos primeiros homens a construir e juntar todo o povo que vivia ali.
Andaram mais um pouco pela rua de terra e então avistaram uma casa de dois andares, não muito sofisticada, muito pelo contrário, ela era totalmente rústica, mas era uma das casas mais bem construídas até então.

— Vamos entrar, ela mora aqui.
— Ela? — Perguntou Uric
— Sim, venha logo, ela vai poder te ajudar.

Curtis bateu na porta, um homem alto e careca com um cavanhaque estranho recepcionou os dois. No mesmo instante ele deu uma olhada em Uric sem expressão alguma e voltou o olhar para Curtis.

— Está tudo bem, ele está comigo.
— Preciso ir até ela para tratar deste assunto, ela está?

O homem de cara amarrada apenas se virou liberando o caminho e apontou para a escada que levava ao segundo andar.
— Por ali. — disse o homem.

— Obrigado. — Curtis fez menção em tirar um chapéu que não tinha em sua cabeça e entrou na casa rumo à escadaria.

Subindo as escadas, Uric tinha várias perguntas e poucas respostas. Uma das perguntas era onde estava sua tripulação e outra, mas não menos importante, era com quem ele iria encontrar. Curtis bateu em uma porta enorme de madeira escura.
— Entre. — eles ouviram uma voz feminina.
Dois guarda-costas abriram as portas simultaneamente e então os dois entraram na sala.
— Olá, Curtis, e seja Bem-Vindo Uric. Soube da chegada de novas pessoas em Heldorn, mas não esperava que fosse você.

— V-você é... — Uric estava estupefato.
— Sim, sou eu, Samantha.

Uric havia encontrado com a princesa de Liam e parecia que ela não estava precisando de ajuda, muito pelo contrário. Uric não sabia ainda, mas ela era líder de todos da vila e vivia em Heldorn a mais tempo do que ele imaginara.

HeldornWhere stories live. Discover now