Sentimento maduro

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— Ela virá amanhã, precisou resolver umas coisas antes. — Olhei para Nicolae. — Se puder...

— Não se preocupe com sua filha, ela chegará aqui em segurança.

Assenti, já bastava para meu coração de pai. Se o segundo dizia então minha filha não poderia estar em melhores mãos.

Diana se enroscou em meu braço e olhei sem graça para Nicolae, mas ele não pareceu se importar. Ao contrário, segurava a mão de Diana e andava tranquilo ao seu lado.

Os olhos verdes e brilhantes dela ainda pareciam os mesmos gentis e inteligentes de antes, ainda assim seu semblante me pareceu diferente. Ela parecia cansada. Talvez estivesse sem dormir ou doente.

— Está bem menina?

Ela me sorriu alegre, quase inocente de seu próprio estado. — Estou sim André.

Olhei de canto para Nicolae que não olhou para mim, mas assentiu sutilmente, ele estava a par da aparência dela.

Não falei mais nada sobre isso. Poderia ser por nervosismo pelo sono do terceiro, Diana era muito apegada ao caçula dos príncipes. De todo modo ela estava abatida e até um pouco fragilizada, tinha emagrecido um pouco.

Fiquei preocupado, tinha grande apreço por ela. Mas sei que Nicolae jamais permitiria que sua companheira sofresse, ele atravessou um continente para trazê-la de volta quando foi vendida, se vingou de quem fez isso com ela, sem contar que Diana era a menina dos olhos dos três príncipes, jamais permitiriam vê-la sofrer de braços cruzados.

Ela me sorriu. — Me conte como anda as coisas no reino, André.

Mesmo que fosse por educação a pergunta, porque de certeza eles já sabiam de tudo, eu contei sobre os acontecimentos recentes, não eram noticias tão boas ou agradáveis, mas eram as novidades que se tinha para agora.

Resumindo... Contei tudo sobre os problemas de Tiago e seu conselho inútil. Sobre Amélia e suas ideias malucas, nessa hora os olhos de Diana brilharam de contentamento. Ela gostava muito de Amélia, também pudera, as duas era muito parecidas. Só que minha filha me dava muito mais trabalho.

Ao passo que Diana quando estava no reino humano travando sua própria luta, ela tinha uma vasta bagagem de rancor e desconfiança e um único propósito de salvar os sombrios fazendo de tudo ao seu alcance para isso, já Amélia queria ajudar os mais pobres, e o problema disso era que agora no pé que estavam as coisas, essa era a ideia mais perigosa para se tentar. E diferente da menina Diana, minha filha parecia alheia aos perigos, seu jeito sonhador e a pouca experiência a faz mergulhar em planos a tornando até ingênua.

Rael apareceu na porta. — André, muito gosto em vê-lo.

— Muito gosto em vê-lo também meu pai.

Ele não gostava de ser chamado assim por nós que tínhamos o sangue dos príncipes correndo nas veias.

Desde que o antigo supremo havia se sacrificado na batalha e a hierarquia mudou passando para Rael a supremacia da raça, a necessidade de chamá-lo assim era mais forte. Eu como mestiço não conseguia tratá-lo de outra forma, o sangue me obrigava a fazê-lo. Apenas Nicolae, Dimitri e Eva que não o chamava assim. Os dois por serem irmãos e Eva por ser sua companheira.

Por falar em Eva, logo ela aparecia sorrindo, sua barriga já avançada de quase sete meses de gestação. Estava muito bonita e o olhar de amor de Rael para ela ainda era o mesmo, ela segurou a mão dele e sorriu para mim.

— Entre André, é sempre bem vindo nesse reino e em nossa casa.

Entrei um pouco sem saber como agir com tantos rostos amigáveis em minha direção. Priana estava ali e senti o frio costumeiro no estômago quando seus lindos olhos negros encontraram os meus, como se sentisse o mesmo que eu ela assentiu com um sorriso terno. Minha companheira...

Tratado dos Párias- O rei rebelde. ( Degustação)Where stories live. Discover now