Let Me Sleep • Jøshler

9. I Wanted To Be A Better Brother, Better Son (Tyler)

Eu não entendia.
Por que meus pais estavam na frente da casa de Josh? Por que eles estavam chorando? O que tinha acontecido?
Entrei novamente no quarto de Josh. Todos os momentos de felicidade anteriores pareceram distantes quando eu ouvi um grito. Meu nome. Minha mãe sabia que eu estava aqui. Droga.

Olhei pra Josh, procurando conforto de seus olhos. Mas eles estavam vidrados na porta que agora se abria, revelando a imagem de minha mãe.
Ela estava furiosa e parecia deprimida.

–TYLER JOSEPH, ONDE VOCÊ ESTEVE? –Ela veio até mim e me deu um tapa.

–Eu... Eu estava... –Fiquei sem reação. Aquilo era aterrorizante.

–VOCÊ ME DISSE QUE ESTARIA COM JENNA, E NÃO COM ESSE... ESSE... –Ela olhou para Josh, queria lhe xingar de todos os nomes possíveis, mas não podia, pois estava na casa dele.

Josh abaixou a cabeça, olhando para o chão. Não podíamos fazer nada e ele também sabia disso.

–VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE ACONTECEU? ME RESPONDE TYLER. –Outro tapa no rosto.

–Eu só sai com ele... Não foi nada demais... –Eu tentei amenizar as coisas, já que não podia mentir.

–POR CULPA DE SUA IRRESPONSABILIDADE, ZACK FOI TE PROCURAR E ACABOU... –Sua voz falhou. Oh não. –Acabou se envolvendo em um acidente... –Ela caiu de joelhos. Aquilo parecia um pesadelo e eu queria acordar. – Ele morreu, Tyler. Zack... Meu bebê... –Ela irrompeu em lágrimas.

Zack estava morto.
Eu não conseguia acreditar. Tudo pareceu ficar em slow-motion.
A culpa era minha. Como sempre.
Se eu não tivesse saído, Zack estaria vivo.
Uma dor aguda atingiu o meu peito.
Eu quis abraçar minha mãe. Cheguei próximo a ela, mas ela me empurrou.

–A CULPA É SUA. ENQUANTO ZACK TE PROCURAVA, VOCÊ ESTAVA AQUI, MENTINDO PRA MIM E DORMINDO COM UM HOMEM. –Ela olhou pra mim, os olhos cheios de ódio e lágrimas. Eu não me lembro da ultima vez que vi ela tão triste.

Ela se levantou e tentou se recompor da melhor forma que conseguiu.
Josh me olhava. Ele também chorava, pois Zack e ele eram bons amigos. Nós três crescemos juntos. Mas agora, meu irmão se fora e não havia nada que pudesse trazer ele de volta.
Minha mãe me puxou pelo pulso, me levando para fora do quarto. Olhei para Josh e algo me dizia que aquela seria a ultima vez.

–A partir de hoje, você não vai sair de casa a menos que eu permita –Ela disse baixo, mais para ela mesma do para mim.

–E a escola? –Ela não me proibiria de ir a escola não é?

–Eu vou ser sua professora –Ela resmungou enquanto chegávamos na sala da casa.

A mãe de Josh, Laura, estava sentada no sofá, conversando com meu pai, que olhou pra mim com desgosto, como se eu fosse um delinquente.

–Laura, muito obrigada pela sua hospitalidade, mas temo que Tyler não pode mais ver seu filho. –Ela falou, olhando para Laura e apertando sua mão em torno do meu pulso um pouco mais.

–Eu entendo. Vou ficar de olho em Josh também. E sinto muito pela sua perda. –A mãe de Josh abriu a porta.

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Não é nem preciso dizer que várias regras foram estabelecidas e que eu levei a maior surra da história.
Eu estava deitado na cama. Meu corpo todo doía, e não do jeito bom que doeu naquela manhã.

Eu queria morrer.

Nunca mais poderia ver Josh. Nunca mais teria meu irmão. Nunca mais teria o amor dos meus pais.
Olhei para a janela, barrada com madeira e pregos, e me lembrei de todas as vezes que abri ela para Josh.
Eu sentiria falta.
Senti as lágrimas percorrerem o meu rosto. A culpa inflava meus pulmões e me sufocava. Eu queria gritar, pedir ajuda. Mas pra quem? Eu não tinha ninguém.
Então eu me levantei e fui até o meu banheiro, me trancando lá.
Abri uma gaveta que eu achei que nunca abriria novamente.
E lá estava ela, minha velha amiga. Meu velho vício. Uma falsa liberdade.
Uma lâmina que eu logo mancharia com meu próprio sangue.