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Aquela era uma tarde chuvosa de sábado. Estávamos na casa de Suzan, comemorando o aniversário de um mês de namoro dela com Jack, amigo de Moke. Foi simplesmente impressionante esse encontro inesperado dos dois. Suzan, no começo, havia me dito que Jack não era muito o que ela esperava, que ele não tomava a iniciativa e que a deixava indecisa.

Foi surpreendente saber que mesmo depois dessas palavras, ela conseguiu fazer Jack se comprometer com ela. Eles pareciam felizes e bem resolvidos um com o outro. Principalmente Suzan, que não largava um minuto se quer do seu mais novo amor.

Moke como sempre, estava atrasado. Ele havia começado a trabalhar na polícia e andava sempre muito ocupado. Ele até me ajudou com a mudança há quase dois meses, mas mesmo assim, era difícil consolidar nossos planos de sair para beber e comer alguma coisa juntos, já que ele havia trocado a farra por uma arma e algemas. Não foi apenas a farra que ele trocou pelas armas e algemas...

Quando eu abro o congelador para apanhar uma cerveja, o telefone resolve tocar e eu atendo rapidamente.

- Riley – era a voz inconfundível de Moke.

A voz de Moke era como uma melodia bem afinada que eu poderia ouvir sem parar durante dias e noites.

- Está atrasado!

- Não estou mais. Abra a porta.

A campainha da porta principal é tocada e eu vou em direção à porta para abri-la. Como imaginei. Era Moke. Ele estava parado do lado de fora com o telefone no ouvido sendo segurado pelo ombro dele e em suas mãos, uma caixa de cerveja quase escorregando.

- Dá pra você pegar isso pra mim? – Moke quase derruba a caixa no chão, mas eu a ajunto antes que isso aconteça. – Obrigado – ele respira fundo de alívio e depois desliga o celular e guarda em seu bolso.

- Ainda está atrasado – pigarreio e aponto para o relógio em meu pulso.

- O que importa é que estou aqui... – ele dá alguns passos para dentro da casa e depois toma a caixa pesada de minhas mãos e apoia sobre a primeira mesa que encontra pela casa. – Cheguei, pessoal. – Moke grita próximo aos meus ouvidos de propósito, já que sabia que detesto isso. Ele fazia coisas parecidas só para me irritar. Como sempre.

Moke estava muito feliz trabalhando na polícia de Los Angeles, mas para mim era um pouco ruim. Ele vivia fazendo plantões, com perseguição de bandidos e tudo mais. Aquilo era perigoso, mas eu não podia fazê-lo parar, era o que ele mais gostava de fazer na vida.

Fizemos um jantar magnifico para quatro. O jantar teve direito até a vela sobre a mesa e taças mais caras que conseguimos encontrar. Apesar de ser apenas o jantar de um mês de namoro, nós já estávamos nos programando para os próximos. Bom, Moke e eu estávamos programando tudo.

Pegamos um calendário e marcamos nele todas as datas comemorativas de meses de namoro que eles fariam durante todo o ano. Eram dose jantares ao todo e mesmo que o dia importante caísse numa segunda-feira, não deixaríamos de comemorar.

Depois do jantar, Suzan ainda pediu uma pizza para que pudéssemos comer enquanto assistíamos a luta na televisão. Jogamos dominó e brincamos com a sua boneca anatômica que Suzan havia ganhado de natal, aos sete anos. A boneca ainda estava intacta e guardada na caixa. Quando Suzan disse aos pais que queria ser médica, a primeira coisa que sua mãe fez foi comprar essa bonequinha. Suzan me contou que era apaixonada por medicina e sempre assistia a cirurgias e plantões médicos no YouTube. O tempo foi passando e ela percebeu que tinha medo de sangue. Medo de agulhas e medo de qualquer coisa que fosse furar a pele das pessoas.

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