3. Terra da doçura e do perigo.

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"Sombria e solitária, eu preciso de alguém para me abraçar.
Ele fará isso muito bem."

National Anthem — Lana Del Rey


— Vinho? Isso é sério? — reclamei quando ele chegou com a pizza e uma garrafa de vinho. — Você sabe que eu gosto mesmo é de chopp.

— Não tenho chopp e nem cerveja dessa vez — explicou. — Vai ter que ser vinho.

— Tudo bem, então — sorri. — Já que não tenho outra opção...

— Não seja tão dramática — resmungou, me fazendo rir.

Jantamos em silêncio, o que foi um pouco estranho, mas aceitável. Eu tinha decidido esperar o jantar acabar para só então falarmos sobre o assunto que havia nos trazido ali.

— Você queria uma explicação, não é? — comecei.

— Eu sou um idiota — ele riu secamente. — Eu nunca devia ter dito para você conversar com ele, devíamos ter simplesmente fugido, sem dar explicação nenhuma.

— Lucas...

— Você estava tão certa quando deixou minha casa naquela manhã — ele continuou. — O que mudou sua ideia? Foi Guilherme quando você falou com ele, não foi?

— Não, Lucas, eu mesma a mudei — suspirei. — Na noite antes do meu casamento, antes de eu acabar na cama com você, Mathias me deu o melhor conselho — contei. — Ele me disse que eu não deveria deixar que ninguém influenciasse minha decisão. Nem você e nem mesmo Guilherme. Disse que eu deveria decidir por mim mesma, e foi isso que eu fiz.

— O que? — ele parecia pensar. — Então, você nem mesmo teve aquela conversa com Guilherme antes do casamento?

— É claro que eu tive. Eu conversei com ele. Contei tudo o que aconteceu entre você e eu na noite anterior e pedi perdão por ter feito aquilo. Disse que queria outra chance, que queria me casar com ele. Eu poderia simplesmente não ter dito nada e me casado sem que ele nunca soubesse que eu havia transado com você no meu momento de indecisão — sorri por um breve momento. — Mas aquele era Guilherme Schreiber, ele merecia a verdade. Como você mesmo me disse naquela noite, ele é uma boa pessoa. Aquele homem não merecia se casar comigo e com minhas mentiras. Foi por isso que eu falei a verdade, mesmo correndo o risco de que ele nunca mais quisesse mais olhar na minha cara — suspirei. — Foi difícil para ele? É claro que foi. E como não seria, não é? Mas o resultado disso você já sabe.

— Ele casou com você mesmo assim.

— Ele casou comigo mesmo assim — concordei.

— Guilherme não foi idiota como eu fui ao te deixar ir há muitos anos quando namorávamos — ele disse e eu fiquei em silêncio. Não tinha nada a dizer quanto àquilo. — Mas você estava grávida! — me lembrou.

— Ah, sim, essa parte... Quando eu descobri que estava grávida, tivemos outra conversa complicada demais para nós dois. Eu falei que o filho poderia ser seu, assim como poderia ser dele. Mas ele sabia que tinha se protegido, que tinha tomado cuidado. Aquele foi provavelmente o momento mais difícil de todo o nosso relacionamento — respirei fundo. — Ele poderia não aceitar aquilo; Nosso casamento poderia acabar; Poderíamos escolher não ter aquela criança e seguir em frente, por que não? Você nunca saberia, ninguém nunca saberia — dei de ombros. — Tínhamos inúmeras possibilidades. Mas superamos aquilo. Gui quis assumir a criança — sorri. — Ele não se importava se o filho tinha o seu sangue ou o dele. Ele criaria Tim e ele seria o filho dele. E assim foi.

— As coisas poderiam ter sido diferentes — falou.

— Se eu não tivesse escolhido continuar com o relacionamento estável que eu tinha com Guilherme Schreiber — completei. — Mas eu escolhi.

Night Before His EngagementWhere stories live. Discover now