A ESPERA

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No vilarejo, chapeuzinho havia chegado assustada, rastejando no chão, chorando e implorando por ajuda, foi acolhida por bebuns que estavam em um bar de esquina.

Passados mais sete dias, a avó da menina ainda não havia voltado, mais mortes vinham acontecendo ao decorrer dos dias, chapeuzinho agora já não ficava mais em sua casinha de madeira na floresta, estava em uma pousada vigiada por guardas da floresta.

Um homem tinha ido a vários lugares a procura da menina, procurou muito e finalmente achou.

Chapeuzinho estava dormindo em uma cama bastante confortável na pousada, era feita de espuma, tinha cheiro de flores e lodo, e a decoração era agradável. Alguém bate a porta, ela em apenas um salto sai da cama, assustada, ouve a voz do guarda e se acalma:
- garotinha, tem um moço aqui querendo falar com você, está limpo e não é nada parecido com o lobo.

A porta abre, quem entra é claramente o oposto do lobo, um homem forte, bonito, sem marcas, com barba por fazer, loiro e sério.

Ele entra e senta ao lado de chapeuzinho com uma intimidade grande, os dois tem uma rápida conversa que resulta em algo um tanto arriscado,e sem ao menos se apresentar:
- olá- uma voz grossa e baixa- eu estou aqui não porque esteja preocupado com você-arrogante também- estou aqui pois minha família foi assassinada.
Chapeuzinho abaixa a cabeça e diz:
- pelo lobo?
E ele responde imediatamente:
- creio que sim, eu não tinha nem a menor ideia de quem poderia ter sido mas depois que o ataque contra você foi se espalhando e chegou em mim pensei que fosse uma pista, ao menos isso, mas é o seguinte, a minha família foi morta, todo mundo, minha esposa e meus quatro filhos- ele falou com muita espontaneidade, sem sentimentos em suas palavras- estava pensando que com a sua ajuda e a ajuda dos guardas podíamos capturar ele de um modo bem fácil, em flagrante mas bastante arriscado.
E chapeuzinho parecendo determinada , responde:
- como?
- eu queria que você fosse de novo a vítima, te usaríamos como isca, a guarda lhe vigiando, te deixaríamos sozinha na casa, vigiando do lado de fora, e se caso ele aparecesse e a atacasse seria o ponto crucial, pois estaria em flagrante e não teria como se absolvido.

Chapeuzinho pareceu assustado, corria risco de vida se topasse, excitou por  momentos mas depois pensou melhor e concluiu que também corria mesmo não topando pois se não estivesse não estaria morando em uma pousada com guardas nas entradas.
-pode ser

E eles apertam as mãos!

O homem conversou com o líder dos guardas com um brilho nos olhos de quem procura ação, o líder concordou.

O plano era simples, deixariam chapeuzinho em sua casa, normal, esperando ser atacada, os guardas ficariam do lado de fora observando e atentos a qualquer coisa, e quando ele viesse para cima dela, os renderiam ou em caso extremo, matariam.

O plano teve inicio, chapeuzinho foi enviada para a sua casinha na floresta, todas as noites, porque de dia os guardas tinham muitas outras responsabilidades a cumprir, então a noite ela vai, totalmente normal, com seu capuz, frutas dentro de uma cesta, e com um sorriso no rosto, os guardas e o homem misterioso ao lado de fora.

Passaram-se quatro dias e nada, o lobo não apareceu, chapeuzinho nesse tempo não pregava os olhos, mesmo com os guardas a vigiar, ela se manteve a alerta.

E lá se foram mais dez dias e nada ainda, os guardas e ela já estavam cansados de esperar, chapeuzinho estava fraca por não dormir, o homem permanecia com uma vontade surreal de continuar insistindo no plano que talvez já estivesse falho, engano.

Em uma noite que estava quase tão escura quanto o interior de uma caverna, chapeuzinho chegou na casa, ainda com sono, passou pela cozinha grudada a sala, se dirigindo para o quarto, quando ela entra no quarto, uma figura estranha estava deitada na cama, com uma camisola e uma boina rosa, com o cobertor cobrindo o corpo inteiro até o pescoço, chapeuzinho se animou e gritou:

- vovó

E ela correu para cima da figura deitada e lhe deu um grande abraço seguido por lágrimas e mais abraços, a menina então perguntou:

- vovó onde você estava?

A figura então respondeu, com uma voz fraca e travada:

- netinha eu estava presa, o lobo me prendeu, mas eu conseguir fugir e estou aqui, estava morrendo de saudades.
Chapeuzinho estava com um sorriso radiante mas ao ouvir a voz daquela pessoa se pronunciando, se entristeceu.

- vovó, você está doente?

A figura fitou a garota e respondeu.
- não querida, eu estou bem.

E chapeuzinho se encheu de duvida.

- mas vovó você esta com um nariz muito grande!

E a figura respondeu:

- estou um pouco resfriada, mas estou cheirando bem e posso sentir seu cheiro melhor netinha.

Sucessivamente.

- vovó e essas orelhas o que houve?
- ah netinha, quando ficamos velhos isso é uma coisa que acontece, mas é bom, assim posso te ouvir melhor.
Ela olhou para a mão.
- e vovó e esse machado que está na sua mão?

A figura então jogou o cobertor no chão, tirou a boina, pegou um machado de baixo da cama, e disse:

- é para melhor retalhar você sua idiota

E a figura tirou a camisola, estava semi nu com corpo cheio de pelo a amostra, sorrindo, não de um jeito legal para a garota, era o lobo, chapeuzinho fitou-o com um desespero eminente em face e correu, a porta estava trancada,
Chapeuzinho então correu para o quarto, trancou-se e começou a gritar, ninguém a ouvia. Do lado de fora eles estava deitados no chão, entediados.

E chapeuzinho gritava, gritava e ninguém ouvia.

O ferro afiado de um machado se chocou contra a porta do quarto, arrancando um pedaço de maneira por onde uma lebre
poderia passar, um rosto nada bonito, com um barba enorme se colocou no buraco da porta, dizendo:

- o lobo está aqui- com um sorriso grande no rosto

A menina ainda gritava, sua voz começava a falhar, e mais machadadas se chocavam na porta.

Do lado de fora o homem misterioso se levanta e caminha até a casa.

O lobo finalmente dilacerou a porta e entrou, a menina já estava rouca de tanto gritar, em prantos de baixo da cama.

O lobo caminhou jogando o machado de uma mão para a outra, brincando, e com uma força absurda tirou a cama do lugar e a menina estava chorando, encolhida e agora já gritava outras palavras:

- por favor- a menina suplicava.

O lobo com apenas o ódio no rosto respondeu:

- é um favor para todos o que vou fazer.

E então ele levantou o machado para trás da cabeça se preparando para mais um golpe, um golpe mortal.

Quando de repente, o lobo caiu por cima da menina, de olhos fechados, ainda respirando, ela abriu os olhos e viu o homem misterioso com um pedaço da porta quebrada em mãos, ele deu um golpe com bastante força na nuca do lobo o fazendo desmaiar.
A menina saiu de baixo do lobo e ainda chorando, correu e o abraçou, agradecendo:

- obrigado, obrigado, obrigado- dizia uma vez pós outro.

E ele respondeu, sorrindo:

- Eu sou caçador, eu sei onde acertar para desmaiar qualquer um.

Os guardas chegaram, carregaram o lobo ainda desmaiado até a carrocinha que estava escondida atrás árvores e o levaram para a cadeia.

Chapeuzinho confusa.

- como veio parar aqui?
- eu vim até a porta e vi ele no quarto, fiz tudo com cuidado para que ele não me visse.

E chapeuzinho mais uma vez
agradeceu:

-obrigado caçador!

VERMELHO SANGUE (conto) Revisão Where stories live. Discover now