Donna sabia que se o Ceifador atacou em Chade ou nas redondezas, Neila iria descobrir. Então, finalmente, teriam por onde começar.

— Lamento não ter conseguido muita coisa! — falou Neila decepcionada, enquanto Donna apanhava o que ela colocara sobre a mesa em que ambas tomavam o café da manhã. — Falei com uma amiga que trabalha no IML, é assistente legista já faz alguns anos, e das nove mulheres grávidas assassinadas que você me falou, ela só me confirmou dois casos. Com meu amigo da polícia, não consegui absolutamente nada, ao que parece, eles atenderam apenas esses dois casos mesmo! Também pedi uma ajudinha para um conhecido no hospital, não teve nenhuma entrada de grávida que tenha sofrido algum atentado do tipo, isso referente aos casos antigos.

— Está brincando? Você conseguiu exatamente o que eu precisava! Essas são as garotas? — perguntou segurando imagens dos cadáveres com a barriga à mostra, onde se via algumas incisões, possivelmente feitas pelo legista.

— Sim, das garotas, Zara Alkhabir e Fari Youssouf, ambas de quinze anos, consegui essas cópias no necrotério!

— Meu Deus, eu me lembro de ter lido esses nomes — disse relembrando dos fetos que encontrou. — A polícia não recolheu as fotos?

— Não acharam necessário! De qualquer forma, consegui bem poucas informações!

— Bem, isso foi dois anos atrás, não tinha como ser fácil! De qualquer forma, eu já imaginava que não teriam casos aqui na capital, até mesmo aqui, seria arriscado para ele! Estou surpresa que tenha conseguido informações sobre esses dois assassinatos. Não houve nenhuma investigação? Não achei nada na internet sobre esses casos, saiu alguma coisa nos jornais daqui?

— Não para as duas perguntas, eram mulheres muito pobres, os jornais noticiaram o que foi dito pela polícia, que provavelmente essas mulheres venderam os seus bebês para traficantes ou quem sabe para alguma seita.

— Claro, faz todo sentido, elas até foram deixadas com a barriga aberta, devia fazer parte do pagamento! — Donna ironizou.

— Ninguém se importa, Donna! — Neila falou em tom de lamento.

— Eu sei, é mais fácil culpá-las pelo que aconteceu do que fazer justiça para as suas famílias!

— Pois é.

— Você perguntou sobre casos recentes?

— Sim, não houve nenhum por aqui, se aconteceu, não foi na capital!

— Como eu imaginava — disse sem tirar os olhos dos arquivos. — O que são essas anotações?

— Os nomes das duas aldeias em que viviam essas mulheres!

— Então é onde vivem suas famílias?

— Acredito que sim, são pobres, mesmo que os assassinatos tenham acontecido nas proximidades de suas casas, não acredito que teriam como se mudar de lá.

— Elas ficam perto daqui?

— Do centro urbano de N'Djamena? Não mesmo! São bem distantes, cada uma delas fica num extremo da cidade. O que está pensando em fazer?

— Ir nessas aldeias, depois, ir em todas as cidades próximas, e a princípio, buscar informações em necrotérios. Quero procurar as famílias de cada uma dessas mulheres assassinadas há dois anos atrás e das que acredito que foram mortas recentemente — falou baixo. — Dá para irmos no mesmo dia nessas duas aldeias?

— Improvável, são distantes e acredito que não terá como ser rápido em cada uma dessas aldeias.

— Entendi. Tudo bem para você se irmos hoje para uma dessas aldeias?

O Ceifador de Anjos: A Última CeifaWhere stories live. Discover now