1| Noone can know

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Liverpool contava com inúmeros bares e restaurante para aqueles atrás de uma boa gastronomia, os turistas pareciam atrás de bons refúgios para acalmar a tensão do fim das férias, onde a cidade mergulharia novamente naquela zona e todos voltariam as suas vidas normais. Alguns turistas aproveitaram para um passeio de barco, visitar o Albert Dock ou o Anfield, a casa do Liverpool Football Club. A maioria dos estudantes do colégio Mackenzie Kingston se encontrava na mansão dos Walkers, um bom lugar para se esconder da agitação e aliviar os nervos.

Diana Walker colocou um vestido florido por cima do biquíni de alta costura, enquanto se certificava de que havia comida e bebida suficiente para que ninguém reclamasse da sua responsabilidade com as festinhas particulares que oferecia gratuitamente todos os anos. Os cabelos cacheados e definidos estavam mais volumosos por causa da ventania e a pele negra contava com o óleo bronzeador que ganhou de brinde quando viajou para a Espanha. O que ela não fazia por aquelas marquinhas maravilhosas?

Os Walkers eram conhecidos no ramo dos negócios desde muito tempo e hoje ainda mantinham o sobrenome no topo, a herdeira de tudo é claro sabia lidar muito bem com os holofotes em cima de si, mas naquele domingo era uma Greenwich que roubava a cena. Como alguém poderia fazer um retorno triunfal senão em uma festa com todos os envolvidos presentes? Oh, seria um desperdício. Foi somente quinze minutos depois que a morena avistou a amiga parada diante do portão de ferro.

Spring Greenwich tinha os cabelos tingidos de azul na maior parte dos fios, os olhos castanhos escondidos enaltecidos um ray-ban e um biquíni roxo debaixo de uma saída de banho transparente. A jovem tirou os óculos, encarando as unhas pintas de vermelho, o chão e qualquer coisa que não fossem os rostos ansiosos dos seus colegas de classe. Pudera, tinha sumido de repente se dar noticias logo após a morte de Thomás.

A garota entrou com passos firmes e decididos até o freezer, pegou um pote de sorvete e sentou-se em uma espreguiçadeira, se tivesse que lidar com seus colegas que fosse com chocolate.

Diana sentou-se ao seu lado, estalando os dedos para que a música voltasse a tocar.

— Como foi lá? — Perguntou despropositadamente, mesmo que nada em um Walker fosse sem intenções.

— Eu nunca comi tanta verdura na minha vida. — Ela fez uma careta. — Eu nem sabia que gostava de espinafre.

A conversa das duas foi interrompida por uma loira completamente vermelha e esbaforida, Val pulou em seus braços quase a esmagando, como uma criança de seis anos que passa muito tempo sem ver a mãe.

— Senti tanta saudade. — Val se afastou olhando-a por inteiro. Os olhos meio acinzentados se estreitaram um pouco, antes de continuar. — Fizeram algo com você lá? Tem algum arranhão? Te doparam? Porque eu procurei na internet alguns efeitos de...

— Eu estou bem. — Spring interrompeu. — Um pouco cansada, mas bem.

— Você vai acabar matando a garota. — Diana colocou a mão no meio das duas, separando-as, enquanto ria. — Vocês vão acabar me contaminando com tanto sentimentalismo.

— Tenho uma música que você vai amar. — Val sorriu empolgada.

Valentina encarou a mesa de som e correu para sua posição de DJ, plugou o pen drive e escolheu uma das mixagens que tinha feito recentemente. Ela achava que tinha nascido para aquela função, era seu trabalho preferido e o único lugar onde se sentia verdadeiramente bem.

Daniel tinha certeza que a menina havia nascido para qualquer lugar que quisesse, afinal a loira tinha o mundo em mãos. Daniel Albuquerque era brasileiro e um presente que o país havia concedido para o Mackenzie, mas se um é bom, dois é melhor ainda. O moreno não foi sozinho, Eduardo também tinha passado na prova. Edu era mais reservado e o irmão? Quem deixa passar é catraca.

Spring pôs os pés dentro da piscina, enquanto conversava com algumas primeiranistas sobre livros, foi quando Sally Langley emergiu. Os cabelos loiros reluzentes por cima do biquíni pink que ela usava. A cheerleader era parte da elite e ex-namorada de Shawn, que estava se "curando" do término no Caribe.

Spring grunhiu.

— Olá, Spring. — Um sorriso nasceu como um comercial de pasta de dente. — Sentimos sua falta.

— Obrigada.

O médico falou "Sem aborrecimentos", mas a cobra parecia pronta para dar o bote.

— Conta aqui para gente, o que rolou naquele dia? No dia 30? — O tom de divertimento brilhava nos seus olhos. Todos ficaram em silêncio para presenciar um confronto. — Estamos todos curiosos.

— Alguém quer mais bebida? — Diana gritou para ninguém em especial, mas todos estavam vidrados. — Alguém? Ninguém?

Sally Langley era filha de uma socialite com um advogado. O pai de Spring já trabalhou com o dela, e Samuel afirmou que o homem era asqueroso demais para conseguir ganhar qualquer caso de forma justa e sensata. A filha podia ter sido diferente, mas os princípios em casa eram nítidos. Nos últimos anos William Langley fora acusado quatro vezes de alterar provas.

— Nada aconteceu. — Spring se levantou irritada, quantas vezes teria que repetir a mesma frase? Que saco. — Sei que é difícil para você, mas me erra.

— Você se acha tão perfeitinha, não é? — Sally empurrou algumas bolas no caminho para chegar até a borda da piscina. — Mas onde você estava no dia da morte do seu namorado? Se é que você não teve nada algo com isso.

Se alguém ainda conversava, naquele momento o silêncio reinou. Val segurou a mão de Daniel, forçando-o ficar quieto e Eduardo, correu para parar a música. Uma das amigas de Sally pegou o celular para gravar tudo, enviar ao "Quem me contou?" e o restante se agrupou ao redor das duas.

— Não sou eu que tento mudar as coisas. — Spring provocou. — E não fui eu que passou anos tentando entrar no MK, suborno não funcionou?

Sally ergueu o dedo médio e saiu da piscina, colocando rapidamente o short jeans antes de sair da casa.

Sally não tinha que envolver Thomás em história nenhuma.

— O que foi isso? — Eduardo perguntou em voz alta o que todos estavam pensando.

Spring ainda era uma Greenwich, se a vida lhe dá limão, você faz uma caipirinha.

— Alguém tem bebida?

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Eu ia postar o capítulo sexta, mas não tive tempo para corrigir os capítulos – perdoem os erros.

Boa tarde 🌻

Hello, SpringWhere stories live. Discover now