Um choro desfreado, uma dor diferente latejando dentro do peito, uma vontade de correr para me abraçar à algo sólido. Uma explosão de sentimentos me bombardeando por dentro... Fiquei por um tempo indeterminado de olhos fechados esperando quando tudo ia se ajeitar. Essa dor parecia que não ia sessar e que talvez iria me matar. Mas Deus fez algo em mim.  Minha alma se aquietou, e então eu levantei dos joelhos para me por de pé.

Aos poucos fui me recompondo...

- Só Jesus pra transformar minhas turbulências em calmaria. - fiquei por um momento imóvel, e a pensar como eu sou privilegiada... Sua autoridade é surreal. Sua paz é maravilhosa de se sentir. Eu não poderia ter Melhor Amigo que este.

[...]

Terminei de me arrumar e peguei minha mochila. Voltei para a sala, e os três não estavam mais lá. Não saberia definir quanto tempo fiquei no quarto, mas eles devem ter se cansado de me esperar para conversar.

Mandei uma mensagem para minha mãe e saí de casa levando uma das chaves comigo.

Quinze minutos depois e eu estava tocando o interfone da casa de Alana.

- Quem deseja? - era Berta, a governanta.

- Sou eu, Emily.

- Um momento minha menina. - ouvi as travas se abrirem e então empurrei o portão. Alana já me esperava na porta, com um sorriso travesso.

- Anda logo Emily... - disse impaciente, como se eu estivesse já não estivesse à poucos passos dela.

- Calma, doida. - ajeitei a alça da mochila sobre o ombro.

Adentramos a casa - que eu visitei quase que a vida toda - e minha mente me trouxe a memória lembranças de quando tínhamos oito, nove anos. Nossas mães ficavam doidas com nossas travessuras...

O diferente agora, era o medo de olhar para um ou outro cômodo, e dar de cara com algum rostinho indesejado.

Tentei não pensar na hipótese de o ver. Além do mas, Alana disse que está sozinha em casa. Então, eu espero não me esbarrar com ninguém.

Berta fez batata frita para comermos em quanto assistiamos A filha do Pastor pela milésima vez.

- Eu que não vou arriscar ir pro inferno por tropeçar na senhora matusalém. - repetimos a mesma fala sem sabermos. Nos entre olhamos assustadas por tanta coincidência, mas logo nossos rostos se suavizaram dando lugar ao riso seguido de uma alta gargalhada.

Perdi a conta de quantos filmes já tínhamos assistido, que quando olhei pela janela, vi que o tempo mudou do sol  pro nublado. Procurei meu celular pelos bolsos e o avistei na mesinha de centro. Chequei a hora, e o visor destacava 16:07 da tarde. Olhei para Alana em meu lado, e a mesma estava com as mãos abaixo da sua cabeça cochilando.

- Ai ai.. - tirei o cobertor por cima das minhas pernas. - ela sempre faz isso.

Me levantei e catei os potes sujos espalhados pela mesinha de centro. Olhei para Alana outra vez, e revirei meus olhos, sorrindo, pela capacidade dela de ser tão previsível.

Me direcionei até a cozinha com a intenção de lavar os potes e voltar para assistir o final do filme.

- Eu sei que não estou só... pois sinto tua presença em mim... - cantarolei em quanto lavava os potes. - Eu sei que não estou só... posso até - resmunguei o ritmo não sabendo a frase seguinte do hino,  até que emendei à parte que eu sabia. - descansar em teus braços.. - depositei os poucos potes sobre o escorredor, e ainda havia uns poucos pratos além. Os lavei também. Olhei para a cozinha e vi a seca louça que Berta sempre usa. Peguei alguns pratos para levar até o destino - perto da porta - para colocar pra secar antes de guardar.


Antes que eu consegui-se chegar à máquina, Alan apareceu na porta da cozinha, e com o susto minhas mãos perderam as forças e três pratos de porcelana foram ao chão.

- Que susto. - senti meu coração gelar. Abaxei meu olhar para o estrago que eu havia feito no chão. - O que eu fiz?! - me abaixei para ajuntar uns de milhares de pedaços espalhados

- Olha o que você fez garota. - se abaixou para me ajudar e isso só fez eu me sentir mais desconfortável. Evitei o olhar, e foquei em catar os cacos.

Ele se levantou e se afastou. Eu agradeci mentalmente! Mas ele logo voltou, e eu vi uma vassoura em sua mão.

- Não precisa... - me levantei deixando os cacos que estavam em minha mão no chão, para pegar a vassoura em sua mão.

- Vai procurar uma sacola, pra poder guardar os cacos em quanto eu varro para ajuntar. - ele evitou me olhar, apenas começou a varrer.

- eu tenho mão. - não quis, mas minhas palavras soaram mais grosseiras do que em minha mente

- Emily - ouvir meu nome em sua voz fez borboletas voarem em minha barriga. - pega a sacola em quanto eu varro. - olhei para Ele que já me olhava. Seu semblante se suavizou quando nossos olhares se prenderam um ao outro.

Eu revirei meus olhos e fiz o que pela segunda vez ele estava pedindo.

Voltei com a sacola e me abaixei para colocá-los na sacola, como faço quando deixo um copo cair no chão.

- Você vai se cortar pegando isso com a mão.

- Não vou. - continuei a pegá-los com cautela.

- Emily, não pega isso com a mão.

Quando fui pegar um pedaço mais pequeno pra colocar dentro da sacola, senti uma queimação e o sangue começar a jorrar.

- aai.. - um pedaço pequeno de caquinho tinha entrado dentro do meu dedo.

- eu avisei. - se abaixou ficando ao meu alcance. Sua mão pegou a minha, eu só observei seu olhar sobre o sangue que descia.

PRECISO SER CRISTÃO?Where stories live. Discover now