CINCO

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GUILHERME

Pela manhã de sábado, levei Bia a pedido de minha mãe, para sua aula de balé. Na volta, sentado no banco do ônibus, pensei na remota possibilidade de passar na empresa antes de ir para casa. Era ruim de mais ver todos em suas rotinas, em quanto eu ficava mais um dia sem fazer nada. 

Decidido

Vou passar na empresa.

- Bom dia. - disse uma mulher sorridente atrás do balcão.

- Oi, bom dia.

- O que deseja?

- Queria ver meu pai. - o sorriso dela se estreitou e sua testa enrugou.

- An... quem seria seu pai?

- Felipe Hernane - em uma contagem de 3 segundos ela me pareceu analizar algumas coisas em mente, e sua testa se suavizou dando lugar ao sorriso ponta a ponta novamente.

- Me perdoe! Eu trabalho aqui apenas à três  anos, e nunca havia lhe visto antes. Então, me desculpe, de verdade.

- Tudo bem. - passei a mão pelo cabelo em sinal de nervosismo. - eu não morava aqui à seis anos. - ele assentiu com a cabeça mostrando total atenção as minhas palavras.

- Deixa eu só ligar para seu pai, pra confirmar se realmente ele está livre. - disse com o dedo indicador estendido como forma de pedir para eu esperar 1 minuto. A mesma levou o telefone até o ouvido.

- Guilherme, o que está fazendo aqui?  - olhei para trás de mim, para assimilar a voz com a pessoa.

- Oi vô. - Era meu avô Mateus. - Bença? - me aproximei para apertar sua mão.

- Deus te abençoe, filho.

Antes que ele pergunta-se outra vez, o respondi.

- Eu não queria ficar mais um dia sem fazer nada em casa. Então, - olhei em volta. - vim para cá. - cruzei os braços.

- está certo. - colocou as mãos no bolso, e trocou o peso de uma perna para a outra. - Já falou com o seu pai?

- Ainda não. - olhei em um reflexo para a secretária atrás de mim e me voltei para olhá-lo. - Ela vai ver se ele está desocupado.

- ótimo. - me olhou mais um minuto, como se me analiza-se - Então Venha comigo. Quero te fazer uma proposta.

Meu avô me fazendo uma proposta? Levei um tempo até assimilar algumas idéias. E então despertei do meu devaneio quando ele perguntou novamente.

- e então, você vem?

EMILY

Entrei no quarto e como se minha vida depende-se disto, eu dobrei meus joelhos para orar.

Talvez ela depende-se mesmo.

- Aí pai... - minha garganta se fechou e minha voz embargou. - Eu não queria sentir o que sinto quando vejo ele. - com os olhos fechados, delizei a mão para secar a lágrima fujona que rolou até minha bochecha. - Mas... eu sinto. - depois da segunda, terceira lágrima que sequei, as outras começaram a brotar como água corrente. Difícil de se controlar. - Tira esse sentimento de dentro de mim Jesus. - coloquei a mão no peito. Minha imaginação fértil me fez imaginar a cena de Jesus arrancando algo do meu peito. - Não permita que eu venha me desesperar por alguém que me  apareceu agora, por favor... - disse as últimas palavras num fio de voz.

PRECISO SER CRISTÃO?Where stories live. Discover now