Introdução

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Hoje é o seu primeiro dia de aula, você está nem um pouco animada, e já quer ir embora para casa, assistir TV e ir para o Brasil de novo, rever seus amigos.

Você e sua família tiveram que se mudar para a Coréia do Sul, porque seu padrasto era um asiático e por causa de seu trabalho, teve que ir para lá, levando você e sua mãe junto.

Sua mãe estaciona o carro em frente à escola nova e você desce, se despedindo tristemente dela e tenta convencer a faltar, mas infelizmente falha e sua mãe vai embora.

Entrando pelo portão da escola, você sente um arrepio pensando em fazer novas amizades, pois é bem ruim em fazer isso e sempre teme que não vão gostar da sua companhia. Na sua antiga escola, demorou um mês para fazer amigos e ainda assim, eles tiveram que tomar atitude primeiro. Talvez as coisas possam mudar, mas a sua insegurança sempre está ao seu lado, martelando em sua cabeça a possibilidade de não souber ou não conseguir socializar com ninguém.

O sinal toca e é claro, significa que a aula vai começar, você engole seco e vai em direção a sua nova sala, mas um branco toma sua mente. Você não fazia ideia de onde ficava a sua sala. Entrando em pânico sem saber para onde ir, você perambula por um tempo pelos corredores até ser abordada por um monitor com aparência carrancuda:

- Você não deveria estar na aula agora? - Ele pergunta em um tom não muito simpático.

- Na v-verdade... E-Eu estou perdida... s-sou nova aqui... - Gagueja, intimidada pelo tom do funcionário.

- Ah... Nova, é? - Suspira - Vou te ajudar a encontrar a sua sala. - Sinaliza para segui-lo.

Você e o monitor vão até uma sala iluminada e quente, cheia de arquivos feitos de aço. O homem começa a vasculhar o interior das gavetas, que estavam repletas de fichas de alunos. Não demorou muito para avistar a sua, e de forma um pouco brusca, a entrega em suas mãos.

Depois de uma lida geral para saber o número da sala e o do seu armário, você agradece o monitor e segue seu caminho até parar em frente da porta da sua sala de aula.

"Que tipo de pessoas vão ser meus novos colegas?" - Você pensa nervosamente e bate na porta.

- Bom dia, então você deve ser a S/N, não é? - Pergunta a sua professora com um sorriso muito simpático.

- Sim, sou eu... - Você concorda e faz uma reverência.

- Classe, recebam a sua nova colega, S/N. Por favor, poderia se apresentar para eles? - A professora diz.

- C-Claro..- Fala olhando para o chão, apresentações para um número considerável de pessoas nunca foi seu forte - Me chamo S/N e vim do Brasil pra estudar aqui por causa do meu pai, hum, q-quero dizer... por causa do meu padrasto... e... - Quando finalmente te veio coragem para olhar para sua própria classe, seus olhos arregalam de surpresa: a maioria dos alunos era composto só de meninos.

Você mentalmente sente um enorme desconforto: "Como assim...? Só há meninos nessa classe? Será que entrei em um internato sem querer? Será que são mais respeitosos que os meninos do Brasil... Ou são piores?"

- E... - Você tenta retomar sua fala, já que percebeu ter feito uma longa pausa e ter deixado a frase muito vaga - Espero... que... a gente se dê bem...? - Diz a primeira coisa que passa em sua mente.

A professora sorri para você e pede para sentar-se atrás de um menino de pele brilhante e bronzeada, cujo nome disse que era "Jongin".

No meio da passagem até a sua mesa você nota que há apenas 3 meninas presentes, sentadas bem no fundo da sala. Um alívio preenche seu peito ao saber que não seria a única menina da classe, mas era uma situação quase que inusitada ter pouquíssimas alunas ali, já que estava muito acostumada a estudar em escolas onde geralmente o número era balanceado.

Um pensamento passa por sua mente, questionando se elas seriam receptivas ou não quanto a sua chegada. A ideia de ser isolada outra vez causava arrepios no seu corpo. Você nunca soube muito bem como se aproximar de pessoas no geral, sua timidez era um abismo muito grande de distância para se abrir e demonstrar interesse em conhecer os outros.

Além de perceber a presença das garotas, você nota que muitos olhares estão te seguindo e sente um leve desconforto. A ideia de ser o centro das atenções não lhe agrada muito.

Ao sentar-se a aula prossegue, mas ainda assim, você se sente observada. Você olha para os lados, tentando ver se realmente alguém estava a olhando, ou era apenas impressão sua após a situação sufocante. Seus olhos se encontram com os de um garoto que aparenta ser um dos mais baixos da aula, meio rechonchudo e tímido. No segundo em que se encontram, ele rapidamente desvia e volta a atenção ao quadro. No mesmo segundo, você percebe que outro garoto com uma boca quase em formato de coração também estava te olhando. Após 2 segundos de contato visual, o rapaz também desvia o olhar.

"Eu sei que sou estrangeira... Mas a forma que eles me olham é quase como se eu tivesse surgido de outro planeta..." - Você pensa, nervosa, achando que tinha feito algo de errado ou se havia algo em seu rosto. O dia mal havia começado, mas para alguém como você, a ansiedade que sentiu já parecia ter sido o suficiente.

Respirando um pouco devagar, você afasta pensamentos paranoicos e tenta se concentrar na matéria, ou melhor, se orientar na matéria. Afinal, havia muitas aulas pela frente.

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