Capítulo 3 -Palestra

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            Me arrumei toda para ir para a universidade, passei um tempo do espelho me admirando com o conjunto novo, é estou precisando cuidar mais de minha silhueta, mas estou uma gordinha gostosa, e tenho curvas. Coloco a saia nova a blusa que pensei ficou muito transparente via as cores do sutiã, escolhi uma mais escura.

            - Filha sua defesa do trabalho é hoje?

            - Não mãe não é não, por que?

            - Quanto tempo que eu não te vejo assim tão arrumada, tão elegante e de saia nova, você tem usado mais saia, é o calor, mas você pode tem pernas bonitas.

            - Que nada mãe ontem deu vontade de comprar essa saia e hoje quis vestir.

            - Tá linda filha.

            - Tchau mãe só volto bem mais tarde.

            - Vai com Deus minha filha.

            Ao nos despedirmos ela me dá uma piscadinha eu sorrio, chego cedo na universidade, vou direto procurar o auditório na porta está o cartaz da palestra do Prof. Hugo Hunter - Paradigmas da Evolução das Espécie Humana. O auditório está vazio, procuro sentar perto da porta pensando que por qualquer motivo eu queira sair não chamarei tanto a atenção, mas consigo ficar no lugar que escolhi só uns minutos, logo me levanto e sento na primeira fileira bem no centro, meu coração está aos pulos, pego meu trabalho e começo a ler tentando me acalmar.

            Não sei o que faço com minhas pernas se as cruzo se não cruzo, parece que estou me mostrando, vão chegando mais pessoas no auditório, são cinco para as dez, estou tensa, mãos suadas, a todo instante eu olho para a porta, fico querendo ver a figura dele entrando pela porta. Menos da metade dos acentos do auditório estão ocupados, olho para a porta e sinto meu coração parar de bater, minha respiração cessa, tudo some ao redor, só consigo vislumbrar a figura daquele homem num terno azul escuro, camisa branca e uma gravata vermelha, seu cabelos grisalhos quase num tom prata emolduravam os pequenos olhos azuis.

            Acompanhei o seu caminhar firme e decidido até ele começar a subir os degraus para o palco, finalmente sinto que volto a respirar, meu coração bate acelerado, meus olhos não desgrudam dele, meu corpo está arrepiado.

           Feitas as apresentações e ele começa a falar a passar uns slides, eu não entendo nada, e em determinado momento ele para a apresentação.

           - Calor aqui, se me permitem.

            Ele começa a tirar o paletó, o coloca nas costas de uma cadeira eu acompanho cada movimento dele, então ele abre a manga da camisa e começa a dobrá-la, não sei o que aconteceu comigo mas senti meu corpo todo contrair, senti nervoso, como das vezes que precisei apresentar trabalho, quando da defesa de qualificação da tese. Um nó no estômago, um frio percorrendo minha espinha, mas uma outra sensação de aperto entre as coxas, é eu me senti molhar.

           Tive vontade de sair correndo dali quando ele deu dois passos para a frente dobrando a manga direita e seus olhos encontraram os meus, fiquei sem saber o que fazer olhei para os olhos dele, para a mão que dobrava a camisa, tenho certeza que ele esboçou um sorriso, sei que corei, sou muito clara e não vou a praia a milênios, todos devem ter notado, ele notou, baixei os olhos, ao levantar ele está de costas voltando para o quadro.

            Eu sei que ele me viu, tenho certeza disso e sei que ele me reconheceu, quero sumir dali ao mesmo tempo que não quero, não consigo entender nada sobre o que ele está falando, fico apenas olhando seus movimentos firmes a forma como ocupa o palco, volta e meia sinto seus olhos em mim, meu trabalho está sobre minhas pernas e eu as mantenho firmemente fechadas enquanto me sinto pulsar e contrair.

Correntes de uma LibertaçãoOn viuen les histories. Descobreix ara