green like american money

275 11 3
                                    

Cocei os olhos quando percebi a escuridão a minha volta e entendi não estar mais sonhando. Ela se fora novamente, era só um sonho. De novo. Tem sido assim por meses agora, e eu podia sentir a insanidade batendo na minha porta toda vez que aqueles olhos verdes decidiam me perseguir. Ela era linda, os lábios roçando nos meus, os cabelos sendo carregados pelo vento, o calor que ela emanava.

Tapeei o colchão até sentir meu celular com a ponta dos dedos e o trouxe pra mim, o desbloqueando e discando o numero que parecia brilhar como um letreiro na tela, tentando uma, duas, três vezes até que fui atendida

-Alo? Lou?

-Li, ei, eu... Espera, onde você tá? Fica ai, eu amo essa musica- Sentei na cama, puxando o lençol branco até a altura dos meus ombros, balançando a cabeça para os lados cantarolando a letra de The City, do The 1975 que tocava do outro lado da linha

-Eu to no Noir, Lou, onde você deveria estar, aliás. Foi ela, né? Nos seus sonhos, de novo? - Concordei com a cabeça, mesmo sabendo que ele não veria, porque Liam não precisava que eu aprovasse sua questão, ele sabia que era ela.- Vem pra cá, gatinha. Ainda dá tempo, Niall acabou de chegar e essa DJ maravilhosa tá tocando todas essas musicas estranhas que ce gosta; acho que ela é seu ticket pra longe dessa perseguidora de sonhos.

Esfreguei as unhas na nuca, tombando a cabeça e fechando os olhos. Suspirei. -Não sei, Li. Aposto que já tá de madrugada e eu não sei se quero deixar os sonhos irem, eu... Gosto dela. Do rosto dela, do calor dela, de ter a certeza de que ela sempre estará aqui.

-Lou, são uma e cinco da manhã. Não pensa na DJ, então, esquece, só não me deixa sozinho aqui, hm? Eu to mandando um uber pra sua casa.

Liam desligou assim que terminou a frase, e eu soltei o celular na cama, correndo pro chuveiro enquanto prendia o cabelo, entrando no carro prata que me esperava alguns minutos depois, brincando com os dedos entre os buracos da calça preta, vendo o borrão de luzes por trás das lentes do óculos, piscando pro segurança da boate, ajeitando os brincos entre meu curto cabelo e acenando pra Liam assim que o vi, no centro da pista de dança. Ele me abraçou quando me alcançou no bar, bebendo um gole da minha cerveja e franzindo as sobrancelhas depois.

-Se você não gosta, não tem pra que beber, Payne. Simplesmente não faz sentido.- Reclamei, encostando o cotovelo na mesa do bar, encostando minha cabeça na mão.

-O que eu não faço pra te irritar, ein?- Revirei os olhos, e Payne me abraçou pela cintura novamente, pedindo um drink qualquer pro barman quando os primeiros acordes de Find Me do Kings Of Leon começaram a tocar pela boate, e eu engasguei com o ar, levantando da cadeira e puxando Liam pelo braço, gritando "é a porra da minha banda, minha banda", pulando na pista, rodando por entre os braços de Liam, bagunçando o cabelo. Fechei os olhos ao que cantava I really want to know your name/ See your face/ Know who you are e senti Liam me cutucar, me soltando

-Luna, acho que tem alguém te observando dali de cima- Ele sussurrou, rindo entre as palavras ao que eu levantei o rosto e tudo explodiu.

A musica parecia ter abaixado, e os corpos a minha volta pareciam se mover em câmera lenta ao que eu a vi. A garota dos meus sonhos, com aqueles olhos verdes cravados nos meus, os lábios vermelhos entreabertos, o cabelo bagunçado preso numa trança apoiada no ombro esquerdo. A coisa mais linda que eu já vi. Sentia como se tivesse levado um choque, o corpo leve, a cabeça nas alturas. Eu sorri, respirando fundo. Ela é de verdade, então.

-Luna, você tá bem?- Liam puxou meu braço, e eu assenti com a cabeça, não tirando os olhos dela por nenhum segundo. Eu não podia piscar. Não podia fechar os olhos e descobrir que aquilo era só um sonho e que ela não estava ali, na minha frente. Não suportaria perder a oportunidade de fazer ela minha, mesmo que tudo não passasse de um delírio.

-É ela Liam. Se eu não estou louca, a DJ é a garota que vem perseguindo meus sonhos.

Ele me encarou, abriu e fechou a boca algumas vezes e virou a bebida que segurava, seguindo meus olhos até ela novamente e sussurrando "ou estamos loucos ou ela tá vindo na nossa direção agora", dando as costas pra mim. Puxei o garoto pela jaqueta, gritando "não sai de perto de mim, porra" por entre os dentes, voltando o corpo pra posição anterior e dando de cara com ela. Seus olhos pareciam ainda mais verdes e tempestuosos de perto, e eu senti o arrepio que percorreu minha nuca quando ela sorriu.

-Eu conheço você

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jan 23, 2017 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

take me to the paradise in your eyesWhere stories live. Discover now