S&M • l.s. au!bdsm

XI

O estúdio de Louis consiste em um sótão num antigo prédio, com uma grande claraboia que proporciona bastante luz natural durante o dia e lhe permite todo isolamento que ele precisa. Os últimos seis meses alugando o local lhe permitiu se acostumar a todas escadas e transformar o cômodo em algo seu, com o cheiro de tinta no ar e toda as suas coisas em uma bagunça que somente ele entende.

In Bloom toca alto pelo estúdio enquanto Louis pega sua paleta e o pincel, olhando por alguns segundos o quadro pela metade a sua frente antes de começar a pintar. Esses momentos são além do que seu trabalho e lazer, mas também uma terapia, onde ele pode se permitir esquecer o mundo e suas preocupações e deixar sua mente leve enquanto sobrepõe as cores na tela.

Há duas semanas, Jesy apareceu em seu apartamento com vinho e comida, uma coisa que se tornou quase um hábito, com o passar dos anos o vinho sendo mais caro e ter espaço para todos no sofá. Louis ficou agradavelmente surpreso, convencido de que eles tendo sido expulsos do restaurante BDSM ao qual Jesy estava cuidando era uma boa desculpa para ela ignorá-los, mas no fim, quando ele citou isso, ela apenas riu e disse que aquele foi o ponto alto da noite dela. E em meio a taças de vinho, Leigh, que se tornou uma presença mais que constante, em tom de brincadeira sugere que Jesy deveria sua agente.

Louis já havia pensado nisso antes, mas isso sempre pareceu pretensioso demais, porque ele mal começou a ter realmente uma carreira, afinal de contas. Mas, ao dizer isso a Perrie, Leigh, Jesy e Zayn levaram isso como um motivo para ele ter um agente. E ele aceita, influenciado ou não pelo álcool, mas o que ele teria a perder? Alguns dólares a menos, é claro, mas em compensação Jesy provavelmente iria conseguir exposições e contatos, o que posteriormente, poderiam lhe ajudar. Mas apenas uma semana depois, Jesy liga para ele em meio a gritos dizendo que conseguiu dois clientes.

E é por isso que Louis tem passado a última semana entre seu estúdio e apartamento. Foi um grande pedido e os clientes queriam o mais rápido possível, e Louis sabia que isso iria lhe tomar grande parte de seu tempo, mas ele realmente não se importava. Mas agora, com a noite já tendo chego a algumas horas, sentado no chão do estúdio e nas suas costas telas frescas e prontas, ele corre seu dedo sobre sua lista de contatos, parando sobre os nomes com a inicial H.

A última semana foi corrida de um modo que não era a muito tempo para Louis, e seu tempo se priorizou quase exclusivamente ao estúdio e seu apartamento, dando pouco espaço para outras coisas além de mensagens trocadas com Harry. Ele não cobrou nada, do contrário, foi bem compreensivo e estava feliz pela oportunidade de Louis, e mesmo que Louis goste do fato da relação deles ser menos complicada e fugir aos estereótipos bobos que causam grande parte do drama desnecessário, Louis não pode deixar de se sentir um pouco culpado por ter deixado Harry de lado.

Ele hesita com o dedo sobre o contato de Harry, se questionando se deve ou não fazer isso. Mas, num impulso, ele pressiona para chamar e coloca ao seu ouvido, dois toques depois Harry atendendo: - Hey, Louis.

- Oi. – Louis começa, limpando a garganta e percebendo que ele não tem ideia do que dizer. - Então... Tudo bem?

- Sim. - Harry responde, um sorriso em sua voz. – Trabalhei e depois andei a cavalo no parque. Shelly sente a sua falta.

Louis sorri com carinho a menção de Shelly. Harry realmente levou a sério a ideia de eles cavalgarem no Central Park, e ele conseguiu um cavalo bem manso e calmo como ele queria, uma égua marrom chamada Shelly que adora maçãs e cavalgar entre as árvores no fim da tarde. Ele rapidamente se apegou a ela, e Louis realmente perdeu isso na última semana. – Eu também sinto falta dela.

- Tenho certeza que ela entende. – Harry responde. – Então, conte-me sobre seu dia.

- Bem, eu tenho tinta até no meu cabelo. – Louis responde, ficando um pouco vesgo quando puxa uma mecha de sua franja com tinta laranja seca nos fios. – Acho que isso diz o suficiente.