Epílogo

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"Para Harry e Olivia,

cujo amor e companheirismo me permitiram sonhar."

Foram essas as últimas palavras que escrevi antes de mandar imprimir as páginas que seriam enviadas à editora. Mas essa era a dedicatória que daria início ao livro, minha declaração e meu agradecimento eterno às duas melhores escolhas que eu fiz em minha vida: o amor e a família.

Olhando agora para o volume de papéis em minhas mãos, um filme passava em minha mente: toda a minha luta para conseguir entrar na faculdade, meu primeiro dia, todas as discussões em sala, a apresentação de meu primeiro seminário, meu primeiro dia de trabalho em um grande escritório, minha formatura, meu primeiro dia como professor...

Era totalmente diferente analisar meu primeiro dia como aluno e meu primeiro dia como professor. Não era só o lado que mudava, já que agora era eu que estava diante da sala. Era também a minha confiança que estava totalmente diferente.

Como aluno, eu estava pronto para erguer as facas e me defender a qualquer custo, por isso passei cinco anos discutindo e fazendo minha voz valer, cinco anos provando para todo mundo que eu merecia estar ali mais do que qualquer outro.

Agora, como professor, eu não sentia que precisava provar algo a alguém. Eu estava ali diante da sala abarrotada de alunos. Eu estava ali disciplinando Direitos Humanos tendo um tópico inteiro dedicado aos Direitos dos Ômegas e tudo isso agora havia sido instrumentalizado e se transformado em meu maior sonho: um livro.

As coisas ainda não eram totalmente fáceis, em meu primeiro dia de aula tive um pequeno problema com um jovem alfa que riu assim que eu entrei na aula. Há alguns anos isso teria me irritado e me feito esbravejar, naquele dia eu coloquei meu melhor sorriso no rosto.



- Normalmente, eu faria como todos os outros professores e pediria para que vocês se levantassem um de cada vez e se apresentassem para a sala, mas hoje, devido ao comportamento do jovem alfa sentado aqui na frente, eu farei diferente. - Mantive o sorriso no rosto e o alfa petulante também manteve seu sorriso irônico. - Como se chama, senhor?

- Bane. Octavian Bane. - Ele disse com um tom debochado.

- Temos um aprendiz de James Bond. - Eu ergui uma sobrancelha para ele e a turma inteira riu, o que fez seu sorriso sumir por um breve tempo. - Sr. Bane, venha até aqui comigo.

- Não tem medo de ficar tão perto de um alfa, professor? - Ele debochou. - Vai que eu resolvo te atacar.

- Nesse caso, eu teria uma turma inteira como testemunha de um estupro, o que seria uma situação muito melhor do que os milhares de ômegas que são estuprados e nunca revelam isso a ninguém, carregando sozinhos o peso da violência. Ou dos milhares de ômegas que vão em busca de justiça contra seus agressores e falham por "falta de provas", afinal, é a palavra de um alfa imponente e superior, contra de um ômega, que provavelmente teve culpa em algum momento. Ou talvez dos milhares de ômegas que são acusados como instigadores de seus estupradores por terem um comportamento "inapropriado". - Fiz as aspas com os dedos. - Porque os alfas são claramente movidos apenas pelo instinto e não há racionalidade alguma, mas por essa lógica, você não poderia estar em uma universidade, já que te falta a racionalidade e você não é capaz de pensar como um universitário precisa. Logo, deveríamos abolir os alfas das universidades e dos trabalhos intelectuais e deixar isso apenas para os ômegas e betas. - Eu me virei para uma ômega sentada na primeira fila e o cumprimentei em provocação. - É o que acha? - O sorriso do alfa havia sumido completamente, mas o meu continuava intacto e a sala toda tinha risos contidos.

After the dream - l.s (a/b/o)Where stories live. Discover now