Acidente

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Não parecia uma data comemorativa, mas parecia ser um amor incondicional para fazer aquele casal de namorados comemorar o primeiro mês de namoro com uma viagem de carro, mas como o namoro foi bem aceito pelos pais da garota, tudo se passou por entendido. O pai dela não confiava muito na viagem, dizia que o "rapazinho" poderia estar mal intensionado e talvez se aproveitasse da filha.
— Já sou bem grandinha, pai! – era o que ela dizia.
O pai teimoso ainda deu um punhal à garota mas ela, ignorando, jogou o objeto no banco de trás do carro e seguiu viagem com o namorado.
O rapaz, Guilherme, se mostrava empolgado com a viagem.
— Finalmente você conhecerá meus pais! Não via a hora para esse momento chegar.
A garota, Isabel, apenas balançava a cabeça e pensava: "pois é, depois de você passar dias e noites me atazanando pra virmos, já tava na hora desse momento acontecer mesmo".
Mas, ao mesmo tempo em que dizia isso para si mesma, ela segurava no colar de diamantes que seu namorado à deu. Todas as loucuras que ela pensava foram causados pelo que o povo falava: que ela namorava por interesse. "Mas isso não é verdade", pensava calada no assento ao lado de Guilherme, contrariando ela própria ao agarrar a jóia que ele havia lhe dado. "Foi a pior coisa que eu já fiz: namorar um cara rico...", ela pensou. Ao mesmo tempo, ela tocava uma cicatriz em seu braço. Ela nunca disse à Guilherme o que tinha acontecido ou o que teria deixado aquela marca horrível nela.
— No que você está pensando? – Guilherme perguntou. Ela, tremulando, respondeu:
— Na... Nossa viagem! Você estava tão ancioso para essa viagem que nem ficamos para assistir aquele filme de terror que vai passar na TV hoje, os filmes de sexta-feira 13 são os melhores!
— Precisava lembrar que hoje é sexta-feira 13? – ele perguntou indiferente.
— Já está quase anoitecendo e não chegamos nesse lugar. Falta muito para chegarmos?
— Um pouco... Que tal se berbemos algumas antes de chegarmos? – ele disse, já pegando as cervejas.
— Não é uma boa ideia e, além do mais, você nem bebe!
Ele riu e retrucou:
— Vai Bel, por favor! A viagem está um tédio só.
— Beleza então.
Ela pegou só uma cerveja, e o casal seguiu viagem.
Já estava quase anoitecendo, a lua já mostrava seu vislumbre por detrás das árvores e o frio consumia cada centímetro quadrado daquele lugar estranho. Ela estava com medo, mas não sabia de quê e, para afastar aquele clima sombrio, logo perguntou, com a cerveja na mão:
— Por que você está comigo? Você me ama de verdade?
— É cla...

Tudo estava escuro de repente, mas aos poucos o brilho da lua ficava mais nítido para a namorada. Ela sentia seu rosto molhado, quando ela teve noção do que acontecera, resumiu que seria sangue. Começou a chorar e viu seu namorado do lado de fora do carro, lá na frente, deitado com o corpo virado pra baixo.
— Guilherme! – ela gritou.
Com muita dificuldade conseguiu sair do carro e foi até o local onde estava o namorado. Ela o virou, ele não estava muito machucado, por isso a moça tentou acordá-lo mas, sem sucesso, arrastou o corpo até próximo ao carro e prometeu conseguir ajuda. Em um ato de amor, retirou o colar do pescoço e colocou nas mãos de Guilherme. Chorando, partiu atrás de ajuda. Lembrou-se dos celulares e foi até o carro novamente, mas não encontrou rede alguma e não achou o celular de Guilherme em lugar algum. Correu em meio a floresta. O desespero por ajuda cessara o medo que deveria estar sentindo. Não precisou andar muito para encontrar uma casa lá perto. Sem pensar duas vezes, correu até lá e bateu a porta, sem se tocar da besteira que estava fazendo.

A Casa Na FlorestaWhere stories live. Discover now