IV - As Musas

Começar do início
                                    

Assenti, sem muito para dizer. Era exatamente o que eu pensei, no fim. Adereços reais.

-Você deve sorrir e andar entre as multidões de nobres e convidados, conversar e dançar, desde que se sinta a vontade com isso – ela se virou para mim, pegando minhas duas mãos entre as delas – É muito importante que você saiba Bethany, que você não é obrigada a nada certo?

Franzia testa, confusa – O que quer dizer?

-Alguns cavalheiros menos cavalheirescos – ela pigarreou, parando em frente a um grande retrato – Eles tendem a beber demais e assustam um pouco as garotas novas. Se não gostar de alguém, basta sorrir e se afastar. Você não é obrigada a falar, beijar ou... Fazer nada mais, com ninguém que você não queira. Se você se sentir desconfortável, peça ajuda a um dos guardas, estaremos todos de olho em você nas primeiras semanas para ter certeza que se sairá bem.

Assenti, e me surpreendi comigo mesma com a sensação de alívio que me preencheu. Eu já havia ouvido falar que as Musas da rainha muitas vezes eram vendidas como animais para nobres ricos, mas Alicia parecia bastante segura quando dizia que eu não seria a fazer nada que não quisesse, e Veronicca havia falado algo sobre isso também. Algo sobre um casamento ou um serviço, onde o qual parecia que ela escolherá um serviço.

-Assim como ninguém vai lhe impedir, se quiser apostar alto em alguém – ela me lançou um sorriso divertido – Muitas garotas aqui acabam casadas com filhos de barões ou viscondes, mas isso é algo para se pensar quando for mais velha. Muitos garotos brincam com o coração de Musas, fazem promessas e promessas, e quando elas se entregam, eles revelam que estão noivos de alguma nobre.

-Isso é horrível! – exclamou horrorizada. Não era só horrível, era... Nojento e medíocre, cruel e infantil.

-Com certeza, essa é uma palavra doce para tal ato – falou ela, com um sorriso compreensivo – Mas garotos ricos, que sempre tiveram tudo que queriam, acabam se tornando pessoas terríveis às vezes. Ah, e aqui é à entrada da biblioteca. Sete andares. Fica aberta o dia e a noite inteiros. Você gosta de ler?

-Gosto, gosto muito – falei sorrindo um pouco, mas ela fez uma careta – Você não?

-Eu gosto de histórias – ela deu os ombros, enrolando os dedos um nos outros e balançando a cabeça negativamente – Mas não consigo ler muito bem... As palavras flutuam das folhas, as letras se embaralham e minha cabeça doí. Mas veja só, agora tenho você para ler para mim!

-Não sou muito boa em contar histórias – falei um pouco apreensiva – As crianças do orfanato diziam que eu nunca me lembrava de mudar as vozes quando mudava os personagens!

-Você era órfã? – perguntou ela, se afastando da porta da biblioteca. O corredor agora se enchia de grandes janelas, cobertas por esvoaçantes cortinas brancas sob as grossas cortinas de veludo vermelho que tomavam apenas as laterais – Logo abaixo de nós, está o jardim norte. Amanhã depois de conhecer as meninas podemos te levar para passear por ele, a estufa é totalmente coberta, mas eu tenho que dizer que por fora é mais fascinante do que por dentro... Amanhã, na luz do sol, você verá.

-Por que está sendo tão legal comigo? – perguntei, e ela se virou surpresa – Desculpe, mas eu meio que imaginava que tudo seriam puxões de cabelo e gritos. Não estou reclamando, nem nada!

-Eu sou a mais velha das Musas, Bethany. Tenho vinte e quatro agora, mas estou aqui desde os quinze anos, e desde os quinze anos eu sabia. Eu não queria um príncipe. Eu só queria me concentrar em ser a versão mais bonita de mim, e esperar que isso fizesse os olhos de alguém brilhar – ela deu um sorriso enorme que poderia conquistar qualquer um – E esse alguém nunca seria Fox!

A Rainha Da Beleza - A Rainha da Beleza Livro I [NÃO REVISADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora