Capítulo 25

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Melissa

Parecia que eu estava vivendo um inferno. Ainda consigo lembrar das suas últimas palavras e do seu olhar.

"Você me ama? "
"O que faria se perdesse o amor da sua vida?"
"Você vai viver com a dor de me perder! Sempre vai se sentir culpada!"
"Eu te amo, minha rainha."

E ele tinha razão, eu me sentiria culpada para sempre. Não por achar que fiz algo errado, mas por saber que ele se tornou algo assim por minha culpa.

[...]

Tomei um banho e deitei na cama. Ouvi o chorinho da minha filha e respirei aliviada por saber que ela estava alí. Estava levantando quando Daniel entrou com ela nos braços.
-Trouxe pra você. - peguei ela e dei um sorriso fraco. - Podemos conversar depois? - perguntou e eu concordei. - Vou tomar um banho. - beijou minha testa e seguiu para o banheiro. Observei Alícia e coloquei ela deitada na cama. Beijei sua barriga e vi seu sorriso. Aquilo sempre me acalmava.
-Você é foi um bebê muito forte! Vai ser uma mulher forte quando crescer, pequena Alícia. Não tenho dúvidas de que lutará por tudo que quiser. - vi seus olhos se fecharem e ela cair no sono pouco depois.
Deixei algumas lágrimas escaparem e coloquei ela ao meu lado na cama. Não queria ficar longe dela por muito tempo, foram horas de puro terror. Ainda bem que não envolvi ninguém nisso, somente eu e Daniel.
-Mel? - olhei na direção de Daniel e vi tanta dor que me machucou mais. Ele sentou na cama e eu fui até seu colo.
-Eu vi seus olhos perderem o brilho. - sussurrei. - Eu não queria ele morto, só queria que ele longe da nossa família. Ele foi uma pessoa importante na minha vida, mas também foi minha decepção. Por muito tempo eu quis vingança e depois que você apareceu eu realmente entendi que você era o amor da minha vida, eu percebi que vingança não me levaria a lugar nenhum. Eu só pensava em formar nossa família e ser feliz.
-Eu sei, mas passou. Sei que vai demorar pra superar a morte dele, ainda mais daquela forma.
-Eu não vou superar nunca, sempre vou viver com a cena dos olhos dele perdendo o brilho de sempre. - respirei fundo. - Mas agora nós estamos aqui, nossa filha está aqui e ninguém da nossa família se machucou. É isso que vai me ajudar a não surtar. - olhei pra minha bebê dormindo tranquilamente.
-Eu fiquei com medo, fiquei com medo de perder você para essas lembranças e você sempre me surpreende. - ele beijou minha testa. - Nós vamos superar isso sim, juntos. E foi difícil pra mim também, afinal eu convivi com ele por meses achando que ele era uma pessoa divertida e que nunca ligava pra vida.
-Mas ele era, uma das poucas qualidades do Gabriel. Ele era muito divertido.
-O que acha de passarmos uns dias longe daqui?
-Acho que seria bom.
-Ótimo, vou arrumar nossas coisas. - Daniel levantou e seguiu para o closet. Deixei que ele fizesse todo o trabalho.

[...]

Cinco dias depois

Conforme o tempo passa, as feridas vão fechando. Acho que passar esses dias quieta me fez bem. Resolvemos vir pra nossa casa na serra e foi a melhor decisão. Toda essa calmaria, me deixava tranquila também.
-Alícia dormiu. - Daniel entrou no quarto falando e foi direto para o banheiro. Ele estava distante um pouco e sei que da mesma forma que foi difícil pra mim, também foi pra ele.
Mas eu sentia falta do meu marido e não falta de estar perto, mas sim falta de estar envolvida naquele corpo maravilhoso. Não tivemos relações desde do nascimento da Alícia e eu acho que já estava na hora.
Escutei o barulho do chuveiro sendo ligado e tirei minha roupa. Teríamos umas duas horas antes da bebê acordar novamente. Entrei no banheiro sem fazer barulho e observei meu marido deixar a água escorrer pelo seu corpo.
-Posso tomar banho com você? - ele olhou pra trás e respirou fundo.
-Melhor não, eu não vou ter muito controle e...
-Quem disse que precisa ter controle? - dei um sorriso pra ele e vi seus olhos se fecharem. Ele queria aquilo tanto quanto eu. Entrei embaixo do chuveiro e o envolvi num beijo feroz. Eu queria aquele homem mais do que qualquer outra coisa.
-Melissa. - sussurrou e me puxou apertando a minha bunda. - Eu esperei tanto por esse momento, queria que fosse especial. - acrescentou e eu revirei os olhos.
-Daniel, só vamos matar a saudade - falei fazendo ele rir.
-Sim, Sra. Romantismo. - me beijou enquanto eu colocava minhas pernas em volta da sua cintura. Senti seu membro pela minha coxa e aquilo me fez gemer.
-Dani. - ele respirou fundo enquanto me colocava contra a parede. Senti uma das suas mãos vagar pelo meu corpo e ir entre as minhas pernas.
-Sempre pronta pra mim, doce Melissa. - falou ofegante enquanto entrava em mim. Nossos corpos em movimentos sincronizados.
-Te amo. - ouvi enquanto me entregava aquele momento.
Era disso que a gente precisava.
Estarmos conectados um ao outro.

[...]

Três meses depois

Eu tinha lembranças daquele dia, pesadelos ainda me assombravam, mas era vida que segue e aquilo um dia iria ficar pra trás.
Precisava focar na minha família e na minha vida profissional.
-Melissa, temos uma reunião com uns fornecedores de tecido daqui a 30 minutos. - Gabi entrou na minha sala com Helena no colo. Agora nossas salas eram quase uma creche. Tudo pronto para as necessidades das nossas filhas.
-Sim. - olhei para Alícia no carrinho ao meu lado, que dormia tranquilamente. - Logo depois eu vou embora, tá? Daniel e eu combinamos de ir ao parque juntos.
-Sim, eu também vou. Edu disse que ia chegar cedo e eu quero aproveitar pra curtir um pouco.
-Nossas vidas mudaram tanto.
-É verdade, mudaram muito. Me sinto mais feliz hoje. - Gabi disse e Helena resmungou em seu colo. - Vou sair antes que essa princesa acorde a outra. - saiu rápido da sala e eu sorri observando a minha filha que abriu os olhos preguiçosamente.
Ela não era de acordar chorando mais, só quando estava com muita fome. Peguei ela do carrinho.
-Oi, minha princesa. - senti seu cheirinho de bebê. - Mamãe está feliz que você acordou. - ela me observou com atenção. - Agora você vai mamar pra poder ficar quietinha na reunião da mamãe, tá bom? - ela fez um barulho como se tivesse concordando e eu ri. Amamentei meu bebê e coloquei ela no carrinho novamente.
Agora teria que colocar a Melissa Belinque estilista em ativa. O que sempre era difícil porque a Melissa mãe não me deixa nunca.

[...]

Cheguei ao parque e vi Daniel sentado no mesmo banco de sempre, o banco da reconciliação como ele diz. Olhei pra Alícia no carrinho e fiz um carinho no seu rosto antes de ir até o pai.
-Oi, Dani. - disse sorridente e ele me olhou sério. - Aconteceu alguma coisa?
-Aconteceu. - respirou fundo. Eu já estava começando a ficar assustada. - Eu estava morrendo de saudade de vocês. - me abraçou me levantando e eu ri. Logo depois pegou a nossa princesa no colo. - Te assustei, né? - concordei e ele riu. - Vamos para o gramado. - pegou minha mão e eu fui empurrando o carrinho com a outra. Nossa bebê atenta tudo em sua volta.
-Como foi na revista?
-Sabe que depois que casamos eu passei a odiar aquilo lá e depois da Alícia mais ainda. - aquele comentário me fez rir. - Sinto que Edu tem o mesmo pensamento que o meu. - acrescentou. - Mas foi tranquilo, fiz umas fotos e depois vim encontrar com vocês. - apertou minha mão carinhosamente. - E na Belinque's?
-Tranquilo, passamos a separar melhor as coisas e agora conseguimos ter tempo pra cuidar das meninas e deixar a Belinque's em ordem.
-Isso é bom. Fico mais tranquilo em saber que ela está com você e não em casa com uma babá que poderia maltratar nossa filha.
-É verdade. - ele parou embaixo de uma árvore. Sentamos colados um ao outro.
-Sinto que as coisas vão começar a se encaixar agora. Nossa vida será felicidade plena, Sra. Belmonte. - sussurrou em meu ouvido.
-Claro que não será felicidade plena, acha que não vou ter meus ataques de ciúmes, Sr. Belinque? - ele gargalhou.
-Não seria você se não tivesse ataques de ciúmes. - sorri pra ele. - E sabe o que vai ser melhor?
-O quê?
-O sexo que vamos ter a cada vez que você tiver esses ataques.
-Ah é verdade. Sempre são os melhores. - beijei seu rosto delicadamente. Observei Alícia dormindo no seu carrinho, alheia a tudo a sua volta.
-Acha que teremos mais filhos?
-Claro que teremos, não quero que ela seja filha única. Quero que tenha irmãos, assim como você tem os seus.
-É verdade. Então, teremos mais filhos. - beijou meu pescoço.
-Sim, daqui a uns anos. Dá pra esperar.
-Eu espero o tempo que for. - virei na sua direção e dei um beijo casto.
-Eu te amo tanto que acho impossível alguém ter amado mais do que eu em qualquer outra vida.
-Eu amo você mais do que amo qualquer pessoa.
-Tem uma exceção. - ele riu.
-A Alícia, sim é, o que sinto por ela é diferente. É amor de pai. - ele olhou pra ela por um momento e depois virou sua atenção pra mim. - O nosso amor é carnal, é eterno. É passar a mulher mais linda do mundo e eu não conseguir sentir nada, é ver o mundo ficar mais devagar quando você vem na minha direção e ver tudo a minha volta ficar colorido quando você sorri.
-Dani, eu... - estava sem palavras.

-Eu sei que sente o mesmo, não precisa dizer nada. - beijei ele apaixonadamente.
-Nunca vou ter palavras pra expressar a intensidade do meu amor. - sussurrei contra seus lábios.
Eu sabia desde o começo que Daniel era o amor da minha vida, que no final acabariamos juntos e foi por isso que evitei tanto me entregar.
Ele mudou tudo em mim, fez meu mundo virar de cabeça pra baixo e eu não me importo. Sou uma mulher feliz hoje, casada e mãe. Nunca imaginei isso. E nunca imaginei que passaria horas observando alguém dormir.
Lembro de uma vez falar que o dia que ficasse olhando alguém dormir eu mudaria de nome.
E sim eu mudei de Melissa Belinque, passei a ser Melissa Belinque Belmonte, mãe, esposa e plenamente feliz.


Primeira publicação: 08/02/2017

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