— Cortesia da casa, espero que compense um pouco a paz e o sossego. — Expliquei vendo um pequeno sorriso surgir em seus lábios.

— Obrigado. — Agradeceu ainda sorrindo.

— Às vezes é bom adoçar a vida, quando ela anda meio amarga. — Suspirei baixo.

Eu mais do que ninguém sabia como ela podia ser quase azeda.

Ele assentiu concordando e dei mais um sorriso antes de pedir licença, seguindo de volta ao balcão.

Precisava conferir algumas notas ainda antes que Julian, meu chefe, chegasse. Às vezes ele pedia para que eu as revisasse só para garantir que estava certo mesmo. Como Julian mesmo diz, o seguro morreu de velho.

— Aqui... — Luiza empurrou um pequeno pedaço de papel sobre o balcão.

— O que é? — Franzi a testa sem entender.

— O homem da mesa do canto deixou para você. — Explicou dando uma piscada.

Peguei o papel e o desdobrei lendo a pequena, mas significativa frase escrita ali.

"Obrigado, com certeza ela está mais doce agora. F."

Não precisei pensar muito para saber que ele se referia a vida. Sorri dobrando-o novamente e guardei no bolso da calça, voltando ao meu serviço.

Luiza disse que ele parecia bem interessado quando entregou o papel e pediu que o desse a mim. Particularmente achava que era coisa da cabeça dela. Lu era meio avoada e até certo ponto ingênua. Coisa que eu não era mais.

Por isso afastei qualquer hipótese da cabeça e me concentrei apenas no que importava no momento, ou seja, a faculdade e o trabalho. Nada relacionado a coisas do coração.

Coloquei as duas xícaras de café na bandeja de Luiza e ela agradeceu levando até uma das mesas, onde um casal estava esperando

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Coloquei as duas xícaras de café na bandeja de Luiza e ela agradeceu levando até uma das mesas, onde um casal estava esperando.

Hoje o café estava cheio. Além de todas as mesas estarem ocupadas, ainda tinha uma pequena fila com aqueles que queriam algo para levar. Mas era assim todas as sextas feiras e principalmente no horário da tarde, quase noite.

— Boa tarde. — Cumprimentei ao próximo cliente enquanto ainda mexia no balcão e olhava para baixo.

— Boa tarde. — Ouvi alguém dizer e levantei imediatamente os olhos, encontrando o mesmo sorriso de canto de ontem.

— Oi. — Sussurrei.

— Olá. — Sorriu um pouco mais.

— Café duplo? — Perguntei lembrando do seu pedido de ontem.

— Isso mesmo. — Concordou — Médio e dessa vez para levar.

Assenti concordando e pegando um dos copos, indo até a máquina para enche-lo. Quando estava pronto o tampei e voltei colocando sobre o balcão. Avisei o valor e ele rapidamente pegou o dinheiro na carteira, entregando.

Ignorei o pequeno calor que senti quando nossos dedos se tocarem. Não, eu não podia fazer isso.

Pare Anaju! Me repreendi mentalmente.

— Obrigado... — Agradeci franzindo a testa — Não sei seu nome...

— Fábio. — Completou pegando o copo de café de cima do balcão.

— Anaju. Prazer. — Me apresentei mesmo que ele já soubesse, afinal estava no meu crachá.

— Prazer. — Sorriu encarando meus olhos e antes que disséssemos algo mais nós ouvimos um pigarro baixo da pessoa que estava atrás dele — Até mais Anaju.

Ele se despediu com um aceno discreto de cabeça e eu apenas sorri levemente. O segui com o olhar enquanto caminhava para fora do café. Fábio. Então esse era o nome dele. Bonito, assim como o dono.

Pare Anaju! Me repreendi novamente.

Neguei com a cabeça e voltei a atenção ao cliente que estava a minha frente, já olhando impaciente. Sorri pedindo desculpas e comecei a atende-lo.

Assim segui com a tarde de trabalho, tentando esquecer o sorriso de Fábio que insistia em invadir minha mente sem permissão nenhuma.Não. Não deixaria isso acontecer.

Definitivamente, Pare Anaju! Sussurrei para eu mesma.

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