Filhas de Hécate - Contos da magia perdida no tempo

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"Nas sombras, à luz das estrelas, sob o sol quente que verdeja os campos. Nas cozinhas atrás de cheiros, através das palavras mais doces e sensatas, também sobre o asfalto, nas danças e músicas. Por todo lugar, você pode achá-las, mas apenas se elas, assim, desejarem."

Remexiana panela sabores e cheiros igualmente necessários de se ater.

A casa ganhava naquelas horas do dia outros odores além dos que vinham das plantas já costumeiras.

Miriam era assim, dedicada aos afazeres da cozinha, combinando os artifícios feito ingredientes secretos e poderosos.

Havia ervas para relaxar, temperos para acalmar, outros para alegrar e para dar ânimo.

Quem visse ali a mulher negra de olhos de amêndoas e sorriso largo, não chegaria perto de imaginar a perfeição que preparava.

O cheiro era tão poderoso que atravessava os limites da cozinha e do pequeno sobrado, ganhando os vizinhos, despertando desejos e o apetite.

Naquele dia receberia amigas do trabalho à fim de partilhar de suas receitas fascinantes, e mesmo que não houvessem convidados, alguém se convidaria, era quase um ritual impossível de fugir, feito de aromas e sabores.

E durante as refeições, belamente servidas e variadas, sempre havia quem lhe dissesse que sua comida era tão boa que parecia magia.

A anfitriã devolvia o agrado com um sorriso, rindo por dentro ao brincar com seu maior segredo: "Talvez eu seja mesmo um tanto bruxa", e assim, servia a sobremesa.