Tentar.

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Depois de tentativas inúteis de ao menos conseguir moviventar ao menos um dedo do pé. Meu pai aparece para me buscar, e me ajuda a entrar no carro.

  -Cadê a Bea? -pergunto antes de tudo, depois de nos cumprimentarmos

  -Na faculdade.

  -Ela passou?

  -Passou, começou a estudar no começo do semestre. -sorriu arrancando o carro

  -Logo depois do meu acidente. -suspirei

  -É... -pigarreou- Então Laura, como você está?

  -Muito bem. -sorri forçado, irônica- Muito feliz em saber que agora, eu tenho o meu próprio veículo. -fui sarcástica

  -Eu não falei por mal. -suspirou, me fazendo sentir culpa- Você fez falta.

  -Eu não sei se isso é bom. Não eram meus planos fazer falta para alguém agora. -respirei fundo- Vocês tinham esperança?

  -Mais que os médicos. Você não faz ideia de quantos amigos seus estavam deixando presentes em casa. Para quando você acordasse.

  Respirei fundo sorrindo fraco.

  -Vamos ouvir algo. -diz ligando o rádio e tocando Love with your Life

  -Melhor não pai. -abaixei o volume- Não estou no clima.

  -Você adora essa música Laura. -levantou uma sobrancelha- O que seria melhor para levantar seu astral?

  -Poder andar de novo. -murmurei

  -Vou ignorar isso e fingir que você disse "aumente o volume" -disse o aumentando enquanto me imitava, ri fraco e me rendi, começando a cantar.

  Até ter mais lembranças.

  -Ta pronta filha? -disse desligando o rádio, que tocava Love with your Life, na melhor parte do início, em que começava a batida animada.

  -Mãe... -ri- Nem te vi entrar... Tô pronta sim, preocupada. -sorri tensa

  -Vai na fé querida, faça como a música. "Se você quer ver mudança, ame com sua vida." -sorriu se sentando na cama

  -Mãe... E se eu não passar?

  -Você vai passar sim filha... -me abraçou antes de irmos ao teste

  -Mãe... Se eu passar... Eu vou para o Rio de Janeiro, ma se eu não passar... -suspirei

  -Vai ficar aqui! E ser meu bebê pra sempre! -apertou minhas bochechas

  -Eu sempre vou ser seu bebê. -sorri- Mas eu posso ser seu bebê no Rio. -fiz cara de criancinha

  -É... Pode! -sorriu

  -Mãe... O que vai acontecer depois? Do teste? -suspirei preocupada

  -Querida... Você passando ou não... Eu tô aqui sempre!

  -Eu te amo mamãe. -a abracei

  -Eu te amo filha... -sorriu me abraçando- Conta comigo sempre, eu sempre vou estar aqui com você.

  Em meio a essas lembranças, desligo a música. 

  -Não pai, não tô no clima. -respiro fundo 

  -Você lembrou da sua mãe não é? -me olhou rapidamente

  Assenti com um peso no peito.

  -Essa era a música favorita dela, fazia lembrar você. -sorriu 

  -Eu? 

  -Sim, sempre lutando pelo o que quer, se superando. 

  -Eu não estou em condições de lutar agora. 

  -Uma cadeira de rodas não é o limite Laura, a menos que você permita ser. 

  -Chega de chantagem emocional pai, você e a mamãe já eram divorciados a meses, como sabe essas coisas? 

  -Eu e sua mãe deixamos de ser casados, não amigos. -respirou fundo- E você é nossa filha, minha e dela, mesmo a Bea morando comigo, e você com sua mãe, eu precisava ter suas notícias. -levantou uma sobrancelha 

  -Mesmo assim, mamãe não está aqui agora. -suspirei 

  -Não, porque se estivesse, e visse você reclamando de tudo isso, você estaria tão ferrada. -brincou me fazendo rir, lembrando do jeito que mamãe pensava. 

  -Pai, acha que a mamãe faria o que no meu lugar? 

  -Ela se superaria, ultrapassaria os limites, ou ao menos tentaria, e é isso que ela sempre quis pra você, te ver lutando, pelos seus sonhos, não importando os obstáculos. 

  Suspirei assentindo, agora eu tinha certeza, que deveria ao menos tentar. 

Continua.

Love with your LifeWhere stories live. Discover now