Gostaria de não saber agora o que eu não sabia antes.

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If we'd go again
All the way, from the start
I would try to change
The things that killed our love
Is there really no chance
To start once again?

O tempo. A juventude. O passado. As escolhas. Os sacrifícios. Os temores. Os transportes zelosos. Tempos que se vivia na plenitude da saciedade. Triste relíquia de valor morto.

Como eu gostaria, quase como por magia, viver novamente os saudosos momentos da minha vida. Nem que fosse me dado o direito de escolher um dia apenas. Augusta. Quem sabe você está solitária pelas palavras que eu nunca pronunciei? Sempre fugindo, Oh! funeral lembrança.

Talvez não cometesse tantos erros. Fizesse outras escolhas... Talvez... Oh, são mais tristes estas frases do que os lamentos sobre ataúde em lutuoso peito. Oh!, implacável punhal do destino.

Eia! Inúteis são os prantos – nós sabemos. Alma saudosa na feia solidão. Pensando bem, isso tudo é uma bobagem. Eu não lembro, eu rearranjo memórias com o que hoje sei. Eu ressignifico minha própria vida. Parece que foi ontem, mas faz muito tempo, correndo contra o vento...

Eu gostaria de ter de novo 22 anos, com apenas minhas mazelas dramáticas e febrilmente vivenciadas. É tempo de abafar o ardor que me devora. Cesso de importunar um coração, fechado ao meu.

Outrossim, qual a lividez medonha de voltar a se ter meus 21 anos mais 12 meses e conchegar meus lábios num beijo teu, Oh! Augusta, pela ofegante primeira vez, se ao cabo do estrepitoso encontro de sabores e odores eu, já saudoso soubesse, dos rugidos de tormenta que abrasariam nossas almas por conseguinte?

Prefiro aquela sensação que me consumia a vida, de não saber o que vem depois. Se realmente existiria algo mais depois. Cumpre atentar para o que não se conhece. Isso dá viço aos dias. Tire vantagem dos pequenos mistérios. O reinado da poesia começa quando o resultado surge diferente do esperado. O equilíbrio é vertiginoso demais pra mim.

''Não há mesmo chance de começarmos tudo outra vez'', dizem os criadores alemães de escorpiões... Oh, grande escorpião, não, mil vezes eu proclamo não, não, não! Rearranje suas lembranças. Você as viveu daquela maneira, por isso elas ainda estão lá. E lá dentro, – o mancebo de que falo – triste o coração se confrangia.

Estou velho mas continuo correndo. Contra o vento.

L.B.

Byron StalkerWhere stories live. Discover now