2 - Quem vai ao ar perde o lugar, quem vai ao vento perde o assento

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- Quem é você?

Trauuu.

Eu sei bem quem ele é. É o salafrário do Marcos Albuquerque, aquele que me beijou e pediu em namoro no dia antes de partir sem dizer mais nada. É esse sem vergonha.

Pensei muitas vezes neste dia. Eu tinha que dar a moeda de troca, por o que ele me fez.

Vejo a decepção em seu lindo rosto. Poderei ser catalogada de cruel por isso, mas deu-me prazer ver que as minhas palavras surtiram o efeito desejado. Agora eu posso virar as costas, mas a minha sede de curiosidade quer ver o que se vai passar a seguir.

- Eu podia jurar que você me conheceu quando olhou para mim - constata.

E não está errado. Ainda assim eu não quero que ele saiba isso e me agarro ao dom que tenho para a improvisação.

- Estava a pensar que as meloas - olho instintivamente para o conteúdo do seu carrinho - parecem ter bom aspecto.

Ele acredita. A decepção se abate novamente em seu rosto.

- Àh - deixa escapar - isso.

- Quer um autógrafo para a sua mãe?

Trauuuu.

Que tipo de ser é que eu estou-me a tornar? Nunca me comportei assim.

Ele fica embasbacado, como se sem mais nem menos, eu o tivesse esbafutiado. No entanto, ele não desiste de lançar todo aquele encanto para cima de mim.

- Phoebe, pimpolha?

O quê? Ele não fez isso? Ele não me chamou por esse apelido que me acompanhou durante toda a adolescência até sair do ensino secundário. Por aquele apelido que ele mesmo me deu.

Sem que eu tenha qualquer controlo sobre o meu corpo, sinto de repente as minhas bochechas arderem. Isso não acontecia há muito tempo. Neste momento estou no meu estado mais vulnerável. Detesto que as pessoas me vejam enrubescer.

Não tenho mais condições de fingir que não o conheço, então finjo que acabei de o reconhecer.

De repente mudo a minha expressão. Levo as mãos à boca que abro exageradamente e arregalo os meus olhos.

Phoebe chama a recepção ao corredor das frutas, para a entrega do prêmio Nobel de melhor actriz em improviso. Agora mesmo, produção!

- Não acredito! Marcos... Almeida?

Eu sei, o prêmio Nobel que não aparece, n'é mesmo?

- Albuquerque - ele corrige. Não parece mais decepcionado e sim intrigado - Nunca pensei que você esqueceria o sobrenome do seu melhor amigo de infância... do seu primeiro beijo.

Cara de pau!

- Eu também nunca pensei que o meu primeiro beijo ficasse oito anos sem dar sinais de vida.

E xeque-mate.

Phoebe 3, Marcos 0

Marcos fica desolado. Parece lamentar o sucedido. Já eu, não lamento nem um pouco que ele se sinta culpado. Ele merece isso, porque nessa história, na nossa história, quem falhou foi ele. Espero que ele tenha perfeita noção disso. Espero que ele perceba que virou uma folha rasgada na minha vida e que segui em frente, mesmo que isso não seja verdade. O medo de ser magoada e deixada para trás nunca me largou. É por isso que não aproveitei os melhores anos da minha vida.

Cheguei a acreditar que não fui feita para ter um lance romântico com ninguém. O primeiro amor foi o que foi, o segundo, enfim, o segundo...

***

Era um garoto propaganda, legal, hálito fresco, perfumado. Aquele estilo boa onda que sabe o que quer e está numa boa com a vida. Eu não era a única a babar por ele. Pretendentes não lhe faltavam, mas curiosamente ele não se parecia interessar por ninguém.

Um dia decidi que ía ter com ele e assim fui.

Apresentei-me, ele também e eu percebi que ele era aquilo tudo que parecia e muito mais. Ele era mesmo o homem que toda a mulher deseja. A sua beleza interior era ainda maior que a exterior e ele era mesmo o maior gato da zona.

Fizemos uma linda amizade.

E quando se começou a especular que eu e Álvaro Taveira eramos namorados, eis que o meu melhor amigo por quem eu era apaixonada, se assume perante toda a gente como homossexual.

Eu e todas as suas pretendentes caímos de cu ao saber isso. Aquilo era tão evidente. Como é que ninguém se apercebeu?

Mas hoje eis que ele era o meu melhor amigo e eis que o meu melhor amigo surge vindo de trás de Marcos e vem até mim. O seu mais recente namorado, Luís, estava a escolher fruta do lado de onde Marcos surgira.

Quando Álvaro me diz um "oi" bastante jovial e se aproxima de mim para me cumprimentar com dois beijos no rosto, eu lembro-me do impensável e zás...

Dou-lhe um beijo na boca.

~~~

Oi, gente! Nem eu esperava por esse final de capítulo. Juro!

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As críticas construtivas também são bem vindas.

Beijinhos e até o próximo capítulo...

O pretendente perfeito Where stories live. Discover now