Capítulo 10: Insano

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Tudo isso durou até perdemos o fôlego. Ele encostou a cabeça na parede, deitando no meu ombro. Eu não sabia o que pensar e muito menos o que dizer. Ele respirou fundo e se afastou.

- Charlie... - falei porque ele estava de cabeça baixa e pensativo a um tempo. Não tinha ideia do que se passava naquela cabeça e talvez fosse melhor nem saber.

- Cala a boca! - ele gritou e eu tremi de susto. - Nunca mais chega perto de mim.

Falou sem nem olhar nos meus olhos e saiu do quarto completamente perdido.

Eu estava boquiaberto. Sentei-me na cama. Estava arrepiado e notei que estava tremendo. Aquilo foi tão forte. Aquilo bagunçou tudo que eu achava que sabia sobre Charlie Jones Miller. Aquilo que eu achava que sabia sobre mim mesmo.

O que diabos havia acontecido? Talvez eu estivesse delirando... Será que tinha ecstasy na minha bebida? Talvez.

Eu precisava sumir dali, agora.

Foi o que fiz. Fui para casa completamente desnorteado. Não tenho ideia do que aconteceu. Charlie era... Gay? Não.

Não podia ser. Se isso fosse verdade então a vida dele era uma mentira. Mas não, eu não tenho a mínima ideia do que foi aquele beijo e nem do que significou para Charlie.

Acordei com uma dor de cabeça terrível, nada comparado à ressaca moral que sentia. Pressionei os olhos, forcei o cérebro, não, não foi um sonho ou um pesadelo. Aquilo realmente aconteceu. Charlie me beijar foi a coisa mais insana que já havia acontecido na minha vida.

Talvez as coisas na minha vida e na de Leah acontecessem em paralelo. No meu celular uma mensagem. Apenas uma.

''Fudeu''

Isso era como um chamado para eu ir em sua casa mas era o último lugar que eu gostaria de estar. Afinal, um ser alguém que eu não queria ver, estaria lá.

Não é preciso ser nenhum gênio para saber que Charlie é um completo desequilibrado que seria capaz de até me agredir quando me ver. Ele é louco. Beija bem. Mas é louco.

''Leah, o que aconteceu? Vem para cá''

Respondi e fui tomar um banho. Quando saí do banho, vi que ela já tinha respondido.

''Por favor, vem aqui. Dessa vez eu perdi a cabeça. Tipo.Perdi mesmo.''

Ai meu Deus, o que a gente não faz pelos amigos? Coloquei uma malha cinza quentinha e uma calça de moleton, meus óculos e fui até a casa dos Jones-Miller. Era difícil até tocar a campanhia, estava apreensivo, vai que ele atendesse.

Por Deus. Não foi.

- Oi Sam, Bom dia garoto - Harry me cumprimentou sorridente, ele segurava uma xícara de café. - Vamos tomar café da manhã?

- Na verdade, Leah me chamou, então eu... - olhei para cima.

- Ah sim, você veio acordar a bela adormecida? Okay. Sobe lá. Depois venham comer.

Desci as escadas de uma forma tão nervosa que até tropecei. Não queria mesmo ver Charlie. Quando entrei finalmente no quarto de Leah, senti-me seguro. Ou quase, afinal, tudo indicava que ele estava no quarto ao lado.

- Sam, que bom que está aqui. - Leah abraçou-me quando me viu passar pela porta. Pelo que parecia ela estava andando em círculos no quarto.

- Leah, você me mata de susto, o que houve dessa vez? Viu tio Ben pelado de novo? - sussurrei rindo.

- Sam, olha para mim, não é óbvio que não é hora para brincar? E por favor, tio não. Tio não. Ah droga. - ela levou as mãos no rosto.

- Fala logo...- pedi.

Entre VírgulasWhere stories live. Discover now