Eterno Natal

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    Difícil não notar a beleza daquelas crianças,surgidas do nada, com roupas humildes e com semblante tão iluminado. Pareciam saber exatamente onde iam, enquanto subiam o morro tão determinadas. Quem seriam elas? Em dado momento, se deram as mãos, sorriram e cada qual tomou seu caminho.    

    

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A primeira menina subiu a escadaria a sua esquerda, até chegar a uma casinha bem humilde, onde um gorducho e simpático senhor cantarolava seu samba preferido. Ela parou em sua porta e pediu-lhe água. Sorrindo afavelmente, ele a mandou entrar, deu-lhe água e perguntou o que fazia ali: "Busco ajuda para o meu irmão. Ele não está muito bem e preciso levar alguém para ajudá-lo a se reanimar. E o senhor, o que está fazendo?" Com um grande sorriso nos lábios, o suor escorrendo pela sua negra pele e um olhar de pura satisfação, o velho senhor aposentado respondeu-lhe: "Conserto brinquedos para a garotada do morro. Eu ganho pouco e não tenho filhos. Minha família são esses meninos e meninas. Então, eu junto um pouco de material aqui, um pouco ali, um brinquedo velho acolá, arrumo tudo e dou a eles. É tudo muito humilde, mas nessa época eles fazem a alegria da meninada." "Então o senhor é Papai Noel?" – indagou a menina. Ele sorriu mais ainda e explicou que não, que ela havia se enganado, o Papai Noel era alourado e tinha presentes mais luxuosos. "Não, o senhor é que se enganou" – argumentou a menina – "Papai Noel não tem cor, sexo, raça, nem dinheiro. Para ele bastam amor e boa-vontade." Aquela resposta deixou-o sem ação. Com um olhar carinhoso, a menina segurou firmemente sua mão e pediu: "O senhor pode ajudar meu irmão. Por favor, venha comigo até ele!" Sem saber bem porquê, ele sentiu que deveria acompanhá-la, e seguiram em uma direção que só ela conhecia.

A segunda menina, que havia descido a ribanceira a sua direita, estava agora na porta de um barraco afastado, onde um rapaz se esforçava para consertar os buracos e goteiras, antes que chovesse outra vez

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A segunda menina, que havia descido a ribanceira a sua direita, estava agora na porta de um barraco afastado, onde um rapaz se esforçava para consertar os buracos e goteiras, antes que chovesse outra vez.Lá dentro, sua esposa, já prestes a dar a luz, chorava e gemia baixinho. Como sua irmã, a menina pediu água e o rapaz veio lhe atender. Mandou que entrasse e, enquanto ele pegava a água, ela sentou-se com a jovem esposa e perguntou-lhe o nome. "Meu nome é Maria." – disse a jovem – "Como tantas Marias de tantas misérias. Sou Maria de nome e de sina.". "Que palavras tão amargas. Você não é feliz?" – perguntou a menina. "Oh, meu anjinho não se assuste! São as dores do parto que se inicia que me fazem falar assim. Sim, eu sou feliz! Vivo como pobre, tenho dificuldades, mas tenho meu esposo e essa amada criança em meu ventre. Tenho confiança no Criador que, cedo ou tarde, com perseverança conseguiremos construir uma vida melhor. Mas, e você, onde está sua família? Não deveria estar com ela?" "Meu irmão não está nada bem" – respondeu a menina– " procuro quem possa me ajudar a socorrê-lo!" O rapaz explicou que bem que gostaria de ajudar, mas com a esposa naquelas condições, não havia meio de fazê-lo. "Não confia no Criador? Porque ele deixaria desamparado quem só deseja ajudar?" – perguntou-lhe a menina. O jovem casal se entreolhou, e num mudo entendimento tomaram uma decisão. Deram as mãos à menina e foram ver o que poderiam fazer por seu irmão. 

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